MERCADO AGORA: Veja um sumário dos negócios até o momento

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São Paqulo – Após abrir em alta seguindo Bolsas no exterior, o Ibovespa caiu reagindo a declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o programa Renda Brasil, que substituiria o Bolsa Família. No entanto, o índice já voltou a ensaiar uma alta e mostra volatilidade com investidores ainda digerindo a notícia de que o programa não deve mais ser lançado pelo governo pelo menos até 2022.

Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava ligeira alta de 0,06%, aos 100.341,19 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 13,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em outubro de 2020 apresentava avanço de 0,26%, aos 100.420 pontos.

Por meio de vídeo, Bolsonaro desmentiu notícias divulgadas na imprensa de que o governo considerava o congelamento nominal do salário mínimo e dos benefícios previdenciários por dois anos para bancar o programa e não furar o teto de gastos. Segundo ele, agora, não se fala mais em Renda Brasil e o Bolsa Família deve continuar. Com isso, o ministro da Economia, Paulo Guedes, foi chamado ao Planalto.

Para o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, as declarações geraram “novos ruídos”, o que afeta os mercados, já que o presidente contraria propostas da equipe de Guedes e uma medida como congelamento de aposentadorias seria de fato muito impopular.

Segundo o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter, está “mais do que claro que Guedes realmente perdeu força no governo”. Por outro lado, destacou em seu perfil no Twitter, que há um aspecto positivo na decisão do presidente, já que “o Renda Brasil custaria mais ou menos R$ 40 bilhões a mais que o Bolsa Família, o que levaria a um risco iminente de rompimento do teto”.

Dessa forma, a Bolsa brasileira descola do cenário externo, onde Bolsas operam em alta após dados melhores do que o esperado pelo mercado de vendas no varejo, produção industrial e investimentos na China, além de digerirem dados da indústria norte-americana enquanto esperam pela decisão de política monetária do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Entre as ações, as maiores quedas são da Cogna (COGN3 -2,00%), da Eletrobras (ELET6 -1,80%) e da Hering (HGTX3 -1,93%).

Na contramão, as maiores altas são da Minerva (BEEF3 4,81%), da Gerdau Metalúrgica (GOAU4 4,48%) e da Gerdau (GGBR4 5,47%). Os papéis de mineradoras e siderúrgicas avançam em meio a dados melhores da China, a maior consumidora de minério de ferro e aço do mundo. Já a Minerva reflete a informação de que a companhia pode vender uma fatia de 25% da Athena, sua subsidiária, por pelo pelo menos US$ 200 milhões.

O dólar comercial oscila forte, mas com viés de alta após renovar máximas sucessivas a R$ 5,30, reagindo à fala do presidente Jair Bolsonaro sobre o programa Renda Brasil. O exterior positivo após os dados de atividade melhores do que o esperado na China e nos Estados Unidos até tentou sustentar a queda da moeda, que chegou às mínimas de R$ 5,22 – no menor valor intraday desde 3 de agosto.

Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,17%, sendo negociado a R$ 5,2850 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2020 apresentava avanço de 0,25%, cotado a R$ 5,286.

“É mais uma ação que mostra o desencontro na política econômica, o que é ruim para o mercado. São novos ruídos criados pelo governo federal”, comenta o economista-chefe da Nova Futura Investimentos, Pedro Paulo Silveira.

Bolsonaro negou que o governo esteja avaliando congelar o valor das aposentadorias para desviar recursos para outras despesas e descartou mudanças nos programas sociais existentes.

“Eu já disse há poucas semanas que jamais vou tirar dinheiro dos pobres para dar para os paupérrimos. Quem porventura vier propor para mim uma medida como essa eu só posso dar um cartão vermelho para essa pessoa”, disse o presidente em um vídeo publicado em sua conta no Twitter. Para Silveira, a citação do “cartão vermelho” deixa o mercado “perdido”.

O diretor de uma corretora nacional acrescenta que o “mercado entendeu” que, com o vídeo, o presidente Bolsonaro “estaria fritando ainda mais o ministro [da Economia] Paulo Guedes”.

Já o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, avalia que a declaração de Bolsonaro sobre “não se voltar a falar no Renda Brasil e afirmando a continuidade do programa Bolsa Família, apazigua as incertezas em torno de um programa que custaria bilhões aos cofres públicos.

“E que, até o momento, não tinha seu financiamento desenhado. Naturalmente, sem o programa, as contas públicas ficam com pressão potencial menos aguda. Era uma grande incógnita como fazer o Renda Brasil caber dentro do teto de gastos”, pondera.

Às 11h45 (de Brasília), o dólar à vista operava em leve alta de 0,09%, negociado a R$ 5,2810 para venda, após oscilar na mínima de R$ 5,2210 (-1,04%) e máxima de R$ 5,30 (+0,45%), enquanto o contrato para outubro tinha ganhos de 0,18%, a R$ 5,2830. Lá fora, o Dollar Index virou o sinal e tinha leve alta de 0,06%, aos 93,100 pontos. As moedas de países emergentes operavam mistas, com o peso mexicano oscilando em queda ante o dólar.

As taxas dos contratos de juros futuros seguem em alta, após inverterem a direção negativa vista na abertura do pregão, em reação às declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o Renda Social. A fala dele sobre dar “cartão vermelho” para quem sugere compensar os gastos do programa social com o congelamento e a desindexação da aposentadoria pressiona os negócios com dólar e DIs. Ainda assim, a recomposição de prêmios é limitada pela expectativa com as decisões de juros dos bancos centrais do Brasil (Copom) e dos Estados Unidos (Fed), amanhã.

Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 2,84%, de 2,81% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,12%, de 4,06% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,00%, de 5,93%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,00%, de 6,92%, na mesma comparação.