Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – O Ibovespa mostra a terceira manhã seguida de alta expressiva acompanhando os principais mercados acionários no exterior, que reagem à possível criação de remédios e vacinas contra o coronavírus. Além disso, balanços positivos, como os do Bradesco, estão impulsionando o índice nesta quarta-feira, que ainda conta com a reunião do Comitê de Política Monetária (Copom).
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,12% aos 116.857,13 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava avanço de 1,13% aos 117.010 pontos.
“O noticiário sobre o coronavírus deu uma acalmada e o Ibovespa abriu forte em linha com o cenário internacional. Mas também temos notícias positivas no cenário doméstico, o resultado do Bradesco veio bem positivo, fazendo com que os grandes bancos voltem a subir”, disse o analista da Guide Investimentos, Henrique Esteter.
No exterior, a rede “China Global Television” disse que pesquisadores no país estão avançando em testes para dois remédios para combater o coronavírus, que deixou 490 mortos no país e mais de 24 mil infectados. A TV britânica “Sky News” também reportou progressos em uma vacina desenvolvida no Reino Unido. Além disso, investidores seguem confiantes que o governo chinês continuará a estimular a economia e tomar medidas que tranquilizem os mercados.
Já na cena doméstica, os balanços voltam ao foco, com destaque para o do Bradesco, cujas ações reagiram positivamente aos resultados do quarto trimestre, com o papel ficando entre as maiores altas do Ibovespa. O balanço do Bradesco traz esperanças de que demais bancos também mostram dados melhores, o que estimula os papéis do setor. Segundo o analista da Guide, o Banco do Brasil, maior alta do Ibovespa no momento, também sobe após ser incluído na carteira “Top 5” do Itaú BBA.
O dia ainda conta com a reunião do Copom, com a maioria do mercado esperando uma queda da Selic. Segundo o Termômetro CMA, das 30 casas ouvidas, 23 preveem um corte de 0,25 ponto percentual da Selic hoje, o que seria a quinta queda seguida da taxa. Porém, sete instituições esperaram manutenção dos juros. Uma taxa de juros mais baixa é positiva para a Bolsa, já que atrai mais investidores para a renda variável.
Após queda firme frente ao real, o dólar comercial oscila sem rumo único frente e opera acima de R$ 4,25 acompanhando o exterior onde o dólar passou a ganhar terreno após os dados do mercado de trabalho mais fortes nos Estados Unidos.
Por volta das 13h30, o dólar comercial operava com ligeira queda de 0,02%, sendo negociado a R$ 4,2580 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava ligeiro avanço de 0,02%, cotado a R$ 4,262.
No mês passado, o setor privado dos Estados Unidos (ADP) criou 291 mil vagas de trabalho, enquanto a previsão era de 150 mil vagas. Por outro lado, o número de vagas criadas em dezembro foi revisado para baixo, de 202 mil para 199 mil vagas. O indicador é uma prévia do relatório de emprego, o payroll, que será divulgado na sexta-feira.
“O mercado de trabalho segue aquecido nos Estados Unidos, sugerindo manutenção de um crescimento econômico moderado por lá”, comenta a economista-chefe da Veedha Investimentos, Camila Abdelmalack.
A economista ressalta o viés um pouco mais positivo com “um pouco de alívio” em relação ao noticiário do coronavírus, mesmo com as quase 500 mortes confirmadas e os mais de 24,3 mil casos confirmados. “Começa um período do câmbio experimentar uma recuperação”, diz.
Ela não descarta, porém, um movimento de cautela na segunda parte dos negócios antes do comunicado do Copom com a decisão sobre o patamar da taxa básica de juros (Selic).
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem oscilando entre margens estreitas, sem uma direção definida, com os investidores à espera da decisão do Copom, no fim do dia. A expectativa está no comunicado que acompanhará o anúncio da decisão, diante do consenso de que haverá mais um corte, de 0,25 ponto percentual (pp), na Selic.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,295%, de 4,295% ao final do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,89%, de 4,91% na mesma comparação; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,44%, de 5,45% do ajuste da véspera; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,09%, de 6,11% no ajuste anterior.