São Paulo – O Ibovespa segue em queda de cerca de 1% seguindo Bolsas no exterior, com temores sobre o aumento de medidas de restrição social em meio ao recrudescimento da segunda onda de coronavírus na Europa. Além disso, o pacote de ajuda fiscal nos Estados Unidos pode ficar para depois das eleições e indicadores norte-americanos, como os pedidos de seguro-desemprego vieram piores do que o esperado pelo mercado.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,62%, aos 98.718,41 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 10,9 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em dezembro de 2020 apresentava recuo de 0,33%, aos 98.900 pontos.
“Há um receio de a segunda onda na Europa ser mais forte e a ausência de estímulos nos Estados Unidos também incomoda, além disso, saíram dados de seguro-desemprego um pouco piores, isso deu uma desanimada no mercado”, disse o operador de renda variável da Commcor Corretora, Ari Santos.
Na Europa, países como a França reativaram o estado de emergência, tomando medidas mais duras em algumas cidades, já a Alemanha atingiu o maior nível de contaminações desde o começo da pandemia e Portugal voltou a decretar estado de calamidade.
Soma-se às preocupações com novos “lockdowns”, as declarações do secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, ontem que disse que é improvável que o pacote de ajuda fiscal seja aprovado antes das eleições presidenciais, em 3 de novembro. No entanto, Mnuchin disse hoje que o governo não desistiu de um pacote.
Mais cedo, ainda foram divulgados os pedidos de seguro-desemprego dos Estados Unidos, que subiram para 898 mil na última semana, acima do esperado pelo mercado, que previa 830 mil pedidos.
Já no Brasil, investidores esperam balanços corporativos, com muitos papéis já refletindo expectativa positivas sobre seus balanços. É o caso da JBS (JBSS3 4,05%), Eztec (EZTC3 2,26%) e da CSN (CSNA3 1,63%). “A expectativa é que a CSN possa reverter prejuízo no balanço que vai divulgar hoje”, citou Santos.
Na contramão, os papéis da Petrobras (PETR3 -2,24%; PETR4 -2,20%) recuam refletindo as perdas dos preços do petróleo em meio à aversão ao risco global e estão entre as maiores perdas do índice ao lado da Petro Rio (PRIO3 -5,81%), Braskem (BRKM5 -2,56%) e Grupo NotreDame Intermédica (GNDI3 -2,37%).
O dólar comercial reduziu os ganhos frente ao real, mas tem alta firme desde a abertura dos negócios, em sessão de forte aversão ao risco no exterior influenciado pelo avanço do novo coronavírus na Europa, o que leva países a decretarem emergência sanitária e endurecer as medidas de isolamento social, enquanto um acordo para a aprovação de um novo pacote de estímulo fiscal nos Estados Unidos antes das eleições presidenciais vai ficando distante.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,21%, sendo negociado a R$ 5,6150 na venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em novembro de 2020 apresentava avanço de 0,38%, cotado a R$ 5,617.
Para o trader de mesa de câmbio da Travelex Bank, Pedro Molizani, a demasiada aversão ao risco vem da falta de um acordo entre republicanos e democratas para desenvolver um novo pacote fiscal nos Estados Unidos.
Há pouco, o secretário do Tesouro norte-americano, Steven Mnuchin, afirmou que o governo de Donald Trump “não irá desistir de tentar alcançar” um acordo com os democratas do Congresso para um novo pacote de auxílios. “A Casa Branca não permitirá que diferenças sobre as metas de financiamento para os testes da covid-19 interrompam as negociações de estímulo”, disse Mnuchin durante entrevista ao canal de televisão “CNBC”.
Na Europa, países como França e Portugal anunciaram novas medidas de restrição a fim de conter os avanços da covid-19 na região. Anteriormente, Reino Unidos e Espanha haviam adotado novas medidas de isolamento social. “O que propulsiona o mau humor nos ativos ao redor do mundo”, acrescenta Molizani, afirmando que a tendência é de dólar acima de R$ 5,60 em meio ao ambiente mais negativo.
Na abertura dos negócios, a moeda estrangeira se aproximou de R$ 5,65, o que levou exportadores a venderem dólar em meio à alta da moeda, diz o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik. “Porém, investidores desmontaram posições com receio de intervenção do Banco Central, como foi na terça-feira, quando a moeda estava aos níveis de R$ 5,62. Por isso, vemos o dólar sambar entre R$ 5,61 e R$ 5,62 nesta manhã”, pondera.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) aceleram o ritmo de colocação de prêmios, com a oferta de títulos públicos pelo Tesouro Nacional intensificando a pressão nos negócios. A curva a termo já abriu pressionada, diante do ambiente externo mais avesso ao risco, com uma segunda onda de contágio de covid-19 voltando a fechar a Europa e em meio à falta de estímulo fiscal nos Estados Unidos antes das eleições.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2022 tinha taxa de 3,30%, de 3,19% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 4,71%, de 4,55% após o ajuste ontem; o DI para janeiro de 2025 estava em 6,61%, de 6,42%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 7,55%, de 7,36%, na mesma comparação.