São Paulo, 31 de janeiro de 2023 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) inicia hoje (31), em Brasília, a primeira reunião do ano para definir a taxa básica de juros, a Selic. Amanhã (1), ao fim do dia, o Copom anunciará a decisão. A maioria do mercado mantém aposta em manutenção da Selic em 13,75% ao ano. Mas as dúvidas em torno da questão fiscal e os sinais de inflação em alta sugerem cautela, que deverá ser mantida no comunicado.
De acordo com o boletim Focus, a Selic deverá fechar o ano em 12,50% ao ano, acima do projetado pelo mercado quando da última reunião do colegiado, quando a previsão era de 11,75%. Com isso, a possibilidade do comitê iniciar os cortes esperados nos juros no primeiro trimestre é cada vez menor.
O Morgan Stanley disse acreditar que o Banco Central (BC) mantenha a Selic em 13,75%. A avaliação se baseia na permanente inflação e a perspectiva dela para o próximo triênio.
“Continuamos a ver uma alta estrutural do DI como improvável por enquanto e continuamos muito focados nas expectativas de Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2024 a 2026, pois uma maior desancoragem pode levar os mercados a precificar uma retomada do ciclo de alta em 2023”, aponta a instituição.
Os itens a serem observados, para o Morgan Stanley, são as condições fiscais, os comentários do BC sobre a disseminação da inflação em 2023 – e nos três anos posteriores -, e as projeções do BC para a inflação no biênio 2023-24.
Em relatório, a Goldman Sachs também vê a Selic inalterada. “Dados os recentes desenvolvimentos macrofinanceiros e a orientação dada na reunião de 7 de dezembro, esperamos que o Copom siga inalterada em 13,75%”, afirmou a casa.
Por outro lado, o banco espera que a orientação seja hawkish, indicando que o Copom permanecerá vigilante e não hesitará em retomar o ciclo de caminhada caso a desinflação não evolua como esperado.
Além disso, o Copom pode concomitantemente endurecer a linguagem para dar mais ênfase aos riscos ascendentes para a inflação decorrentes do quadro fiscal e da recente incerteza criada por funcionários do governo em relação ao quadro monetário.
A XP disse que desde a última reunião do Comitê, as projeções para a economia se deterioram. Neste cenário, a empresa reviu o Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 5,0% para 5,5% em 2023 e manteve a alta de 3,0% em 2024, além de manutenção da Selic em 13,75% na próxima reunião do Copom.
“A alta nas expectativas contribuiu para uma maior projeção de IPCA, ainda que a apreciação do câmbio, a menor inércia e preços de commodities elevados tenham agido na outra direção. O efeito sobre a inflação de preços livres em 2023 (75% do IPCA) corresponde a +0,38 ponto percentual (pp), segundo nossos cálculos. A previsão para a inflação de preços administrados (25% do IPCA), por sua vez, deve subir de 9,1% para 9,7%”, analisou a XP.
A companhia continuou: “Para 2024, estimamos que a projeção fique estável em 3,0%. A elevação da taxa Selic compensa a contribuição altista das expectativas e da inércia. A inflação de bens administrados deve ter leve aumento, de 4,2% para 4,5%”.
O Copom reúne-se a cada 45 dias. No primeiro dia do encontro, são feitas apresentações técnicas sobre a evolução e as perspectivas das economias brasileira e mundial e o comportamento do mercado financeiro. No segundo dia, os membros do Copom, formado pela diretoria do BC, analisam as possibilidades e definem a Selic.
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