São Paulo – Em evento realizado pelo Santander, nesta manhã em São Paulo, o presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, disse entender que o mercado fica volátil quando não existe um guidance, mas que o Comitê de Política Monetária (Copom) está dependendo de dados para suas próximas decisões e que a comunicação do comitê é pautada tecnicidade.
“As pessoas tentam tirar guidance pelo que é dito por cada diretor do BC”, e isso gera ruídos, opinou Neto.
O mandatário entende que não existe um “ciclo de credibilidade versus um ciclo de hiato” nas decisões do Copom, e que ter um guidance faz com que o comitê tenha maior flexibilidade.
Neto voltou a mostrar incômodo com a desancoragem da inflação, e repetiu que o BC “fará o que for preciso para levar a inflação para a meta”.
Embora reconheça que os juros praticados no Brasil são elevados, Campos Neto acredita que taxa de juros neutra brasileira está na média dos países latino-americanos.
Questionado sobre a recente valorização do câmbio, o presidente do BC disse que a instituição quase interveio:
“Você atua quando tem um problema funcional no câmbio. Estamos sempre com o dedo no gatilho”.
“Quando você faz intervenção no câmbio, você transborda para outros mercados. No histórico brasileiro isso faz com que os juros longos comecem a subir. Isso afeta a obtenção de crédito e as emissões internacionais”, ponderou.
Neto reconheceu os esforços do governo para atingir o equilíbrio fiscal, mas que a economia brasileira aquecida, em especial o baixo nível de desemprego, faz com que o BC siga vigilante.
Sem mencionar o nome do diretor de política monetária do BC, Gabriel Galípolo, Campos Neto disse que “talvez antecipar a indicação para o próximo presidente do BC fosse bom”, mas que independente de quem seja indicado por Lula, é importante manter a continuidade da gestão atual.
China
Campos Neto explicou que a baixa taxa de menor na China obriga o governo do país asiático a mudar o modelo econômico, com incentivos à exportação: “A pergunta é se o mundo impuser tarifas nas importações da China. Isso implicaria no mundo emergente e nas commodities”, avaliou.