As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) dispararam após fala do diretor de Política Monetária do Banco Central Bruno Serra.
Em evento do Bradesco nesta manhã, Serra afirmou que o cenário global segue desafiador, com EUA em “necessária desaceleração”, Europa com “grave problema de energia” e China com “pior cenário em anos”.
“A gente vai passar por um processo de recessão global e teremos sustos pelo caminho”, afirmou o economista. Segundo ele, o cenário futuro “é um filme de suspense”.
“Temos que manter a guarda alta”, disse.
Quantos aos riscos, Serra teme um fortalecimento do dólar no curto e médio prazo e as consequências que uma eventual desaceleração da China possa trazer ao Brasil, mas o pior, segundo ele, é o FED (o banco central norte-americano) e outros “tirarem o pé” mais cedo do que o necessário.
“Seria repetir a década de 1970, mas não acho que isso vá acontecer”, disse. “Todos os outros problemas a gente resolve em 6 meses”, completou.
Quanto ao contexto interno, Serra alerta para os desafios inflacionários, apesar de boas notícias nos últimos meses. “Não sei se dá para dizer que a coisa está revertendo. Vimos um mês com deflação, sinais de descompressão lá fora, mas eu diria que o processo está bem incipiente”, afirmou. “Acabamos de subir juros e discutimos algum ajuste residual na próxima reunião. Temos que ter cautela. Inflação ainda está próxima de dois dígitos”, disse.
Quanto o que o mercado pode esperar, apesar das incertezas, a política econômica deve seguir em campo restritivo por um período mais longo. “Durante um tempo a gente vai seguir em campo restritivo, antes de afrouxar. Me parece inconsistente projetar inflação acima do centro da meta e discutir queda de juros”, completou.