Mercado se divide entre elevação na Selic de 0,75 ponto ou 1 ponto; decisão sai quarta

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São Paulo, 10 de dezembro de 2024 – O Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central (BC) se reúne hoje e amanhã para discutir o futuro da taxa básica de juros da economia brasileira, a Selic, para os próximos 45 dias. A decisão será anunciado no final da quarta, a partir das 18h30.

 

O mercado se divide entre um aumento de 0,75 ponto ou 1,00 ponto percentual, com a Selic fechando o ano entre 12% e 12,25% ao ano. Até o início da semana, era quase unânime entre os participantes do mercado um aumento de 0,75 ponto. Mas a possibilidade de uma alta mais incisiva, de 1 ponto percentual, ganhou força recentemente.

 

Levantamento feito pelo BTG Pactual com 67 profissionais do mercado financeiro entre 2 e 5 de dezembro apontava que a maioria  dos entrevistados (78%) acreditava que o Copom elevará a taxa Selic em 75 pontos-base, com 61% esperando outro aumento na mesma magnitude em janeiro de 2025. Para o ano de 2025, os participantes veem a Selic encerrando entre 14% e 14,75%, com baixa probabilidade de cortes no segundo semestre.

 

A comunicação do Copom também foi tema de análise. Cerca de 54% dos participantes projetam que o comunicado virá sem sinalizações claras sobre próximos passos, enquanto 24% esperam uma indicação de continuidade nos aumentos. Curiosamente, ao avaliar o que ‘deveria’ ser comunicado, houve maior apoio a sinalizações de aumentos futuros.

 

Em relatório de seus economistas, o BTG acredita que o Banco Central acelerará o ritmo de aumento na reunião de dezembro para definir a taxa Selic, com um aumento de 100bps. “Portanto, nosso cenário básico antecipa a taxa Selic em 12,25% ao ano no final de 2024”, indica o banco, que vinha trabalhando com um aumento de 0,75 ponto.

 

Os economistas do BTG veem uma potencial aceleração do ritmo nesta reunião como um reflexo da visão do comitê de que um orçamento total maior é necessário para alcançar a convergência da inflação para a meta. “Assim, se uma aceleração de 100bps em dezembro se concretizar, antecipamos um novo aumento de 100bps na reunião de janeiro, seguido de aumentos adicionais nas reuniões de março, maio e junho”.

 

Na linha do BTG, o Itaú espera que o comitê opte por acelerar o ritmo de ajuste para 100 p.b. Para a próxima reunião, o Copom deve afirmar que antevê um ajuste de mesma magnitude (leia-se, 100 p.b.) e indicar que, diante da piora das projeções e do balanço de riscos, além da possibilidade de desancoragem adicional das expectativas, a taxa de juros deverá se manter em patamar contracionista pelo tempo necessário, diante do firme compromisso do comitê no processo de convergência da inflação à meta. “Com esse contexto, acreditamos que a taxa terminal deve ser maior que nossa atual projeção de 13,50% a.a”.

 

Diante do cenário desafiador, a XP acredita que um ajuste mais “tempestivo” ajudaria o comitê a retomar as rédeas das expectativas. “A conjuntura parece suficientemente aguda para que o Copom opte por elevar a taxa Selic em 1,00 p.p. O movimento pode contribuir para estabilizar os preços dos ativos financeiros – especialmente a taxa de câmbio – e reforçar o compromisso do Copom com inflação baixa”, aponta.

 

Em sua comunicação, a corretora acredita que o Copom continuará ressaltando a importância de uma “política fiscal crível”. Sobre os próximos passos, o comitê deve manter as opções abertas. “Porém, se estivermos certos em relação à alta de 1,00 p.p., desta vez a autoridade monetária poderia optar por deixar claro que este ritmo já é suficientemente elevado, com o objetivo de evitar especulações em relação a movimentos ainda mais intensos em janeiro”, acrescenta.

 

A XP projeta duas altas de 1,00 p.p. em dezembro e janeiro, seguidas por duas de 0,50 p.p. em março e maio, levando a taxa Selic para 14,25% no pico do atual ciclo de ajuste monetário.

 

Corte de 0,75 ponto

 

O Indice Equus de Precificação da Selic (IEPS), produzido pela Equus Capital, estima 60,2% de chances de que a Selic (taxa básica de juros) suba 0,75 ponto percentual (pp) na reunião desta semana, indo a 12,0%. Na última semana, o IEPS apontava 52,5% de chances.

 

A Goldman Sachs informa que diante do cenário macroeconômico doméstico e internacional, analistas esperam que o o Comitê de Política Monetária (Copom) acelere o ritmo de alta dos juros, promovendo um aumento de 0,75 ponto percentual (pp), levando a Selic para 12,00% ao ano. Existe, porém, uma probabilidade de 40% de um ajuste mais agressivo, de 1 ponto percentual, caso o real sofra novas pressões de desvalorização.

 “Diante desse cenário, o Copom deve adotar um tom mais rígido para conter os riscos inflacionários, consolidar a credibilidade da política monetária e ancorar as expectativas de longo prazo.”

 A Warren espera elevação da meta Selic em 75 bps para 12,00%, por decisão unânime, na reunião de 11/12, mas considera que é um “close call” com relação a uma alta de 100 bps. “A aceleração do ritmo de aperto monetário se justifica pela forte piora do balanço de riscos no período recente”, amplia Sergio Goldenstein, estrategista-chefe da corretora.

 

Dylan Della Pasqua / Safras News

 

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