São Paulo – O Ibovespa caminhava para sua quinta alta consecutiva e quase zerou as perdas no ano, mas faltando uma hora para o encerramento da sessão o mercado virou e passou a cair. O motivo: fonte ouvida pela “Agência Estado” teria dito que o governo iria propor a flexibilização do teto de gastos.
O assunto foi desmentido pelo ministro da Economia, Paulo Guedes, logo em seguida, porém, não evitou que o Ibovespa terminasse o dia com retração de 0,14%, aos 113.589,77 pontos. O volume financeiro foi de R$ 28,8 bilhões. O índice futuro do Ibovespa, com vencimento em dezembro de 2020, ainda encontrou tempo para virar, e fechou em alta de 0,13% aos 116.685 pontos.
Segundo a “Agência Estado”, fontes afirmaram que o relatório da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) emergencial prevê que as despesas financiadas com receitas desvinculadas ficarão fora do teto por um ano. O ministério da Economia desmentiu que haja intenção de flexibilizar o teto. “Ministério da Economia esclarece que é contra qualquer proposta que trate da flexibilização do teto de gastos, mesmo que temporária”.
“É difícil num momento como esse saber quem está falando a verdade. Vimos muitas vezes isso acontecer e depois acabar se concretizando pelo governo. Certamente o investidor ficou com receio e deve seguir assim pelos próximos dias, precisando de algo muito positivo pra subir”, explicou um analista de renda variável de uma grande corretora.
Os investidores vinham animados com a declaração do governados do estado de São Paulo, João Doria, de que iniciaria a vacinação contra a covid-19 em 25 de janeiro de 2021. “O assunto do início da vacinação vinha trazendo uma alta até que boa para o Ibovespa, mas isso foi derrubado pelo rumor sobre o teto da dívida”, acrescentou o analista.
O dólar comercial fechou com ligeira queda de 0,03% no mercado à vista, cotado a R$ 5,1240, após perder força no fim dos negócios e praticamente devolver as perdas da sessão após rumores de que o governo poderia romper o teto de gastos. Ao longo do pregão, a moeda chegou ao menor valor intraday desde junho após o governo de São Paulo anunciar que pretende iniciar a vacinação contra a covid-19 a partir de janeiro.
Em sessão volátil, o dólar chegou ao menor valor desde 15 de junho (quando operou na mínima de R$ 5,0810), descolado do exterior, reagindo ao novo fluxo de entrada de recursos estrangeiros e ao anúncio do governador de São Paulo, João Doria, de que o estado poderá iniciar a vacinação contra o novo coronavírus a partir de 25 de janeiro. Com a notícia, a moeda recuou mais de 1%.
“Um forte fluxo, vindo novamente de recursos de exportadores e de investidores estrangeiros, derrubou a moeda que chegou nos níveis de R$ 5,05. Mas perto do encerramento, o dólar se afastou das mínimas, devolvendo todo o ganho do dia”, comenta o gerente da mesa de câmbio da Correparti, Guilherme Esquelbek.
Na reta final dos negócios, uma notícia publicada pela “Agência Estado”, ouvindo fontes, diz que a despesa financeira com receita desvinculada ficou fora do teto de gastos do governo por um ano, fazendo com que investidores devolvessem praticamente todo o ganho da sessão. Porém, o Ministério da Economia desmentiu o “rumor” de que poderia propor uma flexibilização do teto de gastos, alegando ser contra qualquer proposta que trate da flexibilização do teto, mesmo que temporária.
Amanhã, com a agenda de indicadores esvaziada, tendo como destaque a inflação do país em novembro, o economista da Guide Investimentos, Alejandro Ortiz, diz que a moeda pode “continuar caindo”. Porém, mesmo com o “derretimento” da cotação nas últimas sessões, o cenário fiscal ainda é o pano de fundo para uma nova deterioração da moeda.
“Na minha opinião, [a queda recente] é uma questão pontual, com o fluxo de capital destravado pelas eleições nos Estados Unidos e que está indo para os países emergentes, incluindo o Brasil. Só que esse fluxo não é infinito. Uma hora, ele tende a arrefecer. Até não termos uma sinalização positiva do [cenário] fiscal, essa valorização do real não vejo como uma coisa consistente”, avalia.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) encerraram a sessão com leves oscilações, mas exibindo um ligeiro viés negativo, sob impacto da queda do dólar, que é cotado abaixo de R$ 5,10. Os investidores monitoraram o cenário externo e o noticiário político em Brasília, enquanto aguardam a carregada agenda doméstica de indicadores e eventos econômicos nos próximos dias.
Ao final da sessão regular, o DI para janeiro de 2022 ficou com taxa de 3,06%, de 3,09% no ajuste anterior, na última sexta-feira; o DI para janeiro de 2023 terminou projetando taxa de 4,42%, de 4,50% após o ajuste ao final da semana passada; o DI para janeiro de 2025 encerrou em 6,08%, de 6,13%; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 6,91%, de 6,94%, na mesma comparação.
O aumento de casos de covid-19 nos Estados Unidos e a falta de progresso claro nas negociações sobre uma nova rodada de estímulos drenaram a energia dos investidores em Wall Street, fazendo com que o Dow Jones e o S&P 500 terminassem o dia em queda depois de alcançarem máximas na sessão anterior. A exceção foi o Nasdaq, que renovou recorde em meio a apostas em grandes nomes da tecnologia.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,49%, 30.069,79 pontos
Nasdaq Composto: +0,45%, 12.519,9 pontos
S&P 500: -0,19%, 3.691,96 pontos