São Paulo – O Ibovespa teve mais um dia volátil, iniciou os negócios entre perdas e ganhos e depois engatou alta com notícias positivas, chegando a atingir a máxima de 117.090,07 pontos. AO final da sessão, o principal índice da B3 fechou em alta de 1,23%, 116.849,67 pontos.
Os fatores que impulsionaram a alta foram os dados favoráveis sobre abertura de novos postos de trabalho em fevereiro, a fala do presidente do Banco Central, Campos Neto, em um evento do banco Daycoval, o resultado do déficit primário do governo e bom desempenho das ações ligadas ao turismo.
Para o analista Rodrigo Friedrich, sócio da Renova Investimentos, o déficit primário do governo central que somou R$21,217 bilhões em fevereiro ficou menor que a projeção do mercado- R$ 24 bilhões. “Estamos devendo um pouco menos”, afirma
Ele comentou que a fala do presidente do Banco Central, Roberto Campos Netto, também foi um fator favorável. O presidente do BC disse que a Selic vai subir, mas não de forma agressiva como da ultima vez e a inflação alta foi temporária. “Eu concordo com Campos Netto porque a inflação subiu com o auxílio emergencial e fez as pessoas consumiram mais, agora virá outra ajuda do governo”. O presidente do BC também disse que “sem equilíbrio fiscal, lado monetário perde eficiência”.
Os dados do Caged (Cadastro Geral dos Empregados e Desempregados) divulgados, nesta manhã, pelo ministério da Economia mostrou que o Brasil criou 401.639 postos de trabalho com carteira assinada em fevereiro. A informação contribuiu para o Ibovespa operar em território positivo. Esses números fazem parte de 1.694.604 contratações e 1.292.965 demissões. O ministro da Economia, Paulo Guedes, disse que a economia está se recuperando mais rápido em relação ao mercado formal de trabalho.
Outro ponto favorável foi a performance das ações da CVC, Gol e Azul que subiram por conta da aceleração da vacinação no País na expectativa de que o turismo nacional possa se beneficiar. Os papéis da Gol (GOLL4), CVC (CVCB3) e Azul (AZUL4), avançavam 8,55%; 5,57% e 7,07% respectivamente
Os investidores ficaram atentos à instabilidade política no País. Após a saída de seis ministros do governo Jair Bolsonaro no dia de ontem, o Ministério da Defesa comunicou a substituição no comando das três esferas das Forças Armadas- Edson Pujol do Exército; Ilques Barbosa da Marinha e Antônio Carlos Moretti Bermudez, da Aeronáutica. O ministério não informou os novos ocupantes dos cargos.
Para o analista João Vitor Freitas, da Toro Investimentos, o mercado sinalizou que gostou da reforma ministerial. “A proximidade do governo com o Congresso acabou agradando e agora a gente começa a pensar na correção do orçamento fiscal, que alivia um pouco a questão fiscal”. O quadro fiscal do Brasil ainda é complicado, para o analista “qualquer fator negativo em relação a isso pesa bastante, principalmente o câmbio.”
O dólar comercial fechou em queda de 0,15% no mercado à vista, cotado a R$ 5,7580 para venda, em sessão de forte volatilidade, com o mercado doméstico digerindo a reforma ministerial feita ontem pelo presidente Jair Bolsonaro, além do exterior, em meio ao fortalecimento da divisa norte-americana ante boa parte das moedas pares e de países emergentes com o avanço dos rendimentos das taxas de juros futuros dos títulos do governo norte-americano, as treasuries.Aqui, investidores começaram a tradicional disputa pela formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo Banco Central (BC) – de fim de mês.
Ao longo da sessão, o mercado doméstico reagiu à “troca de cadeiras” feita pelo presidente Bolsonaro ontem em seis ministérios, o que para a equipe econômica do banco Fator “roubou a cena”, mantendo a decepção dos investidores com a situação do Orçamento deste ano em segundo plano.
“A alta do dólar contra as moedas fortes não foi replicada aqui. Embora o risco dos [mercados] emergentes tenha crescido, suas moedas tiveram ganhos contra o dólar”, comenta. Apesar da moeda operar fortalecida por toda a sessão frente à boa parte das moedas pares e emergentes na esteira do avanço das treasuries. O vencimento de 10 anos operou acima dos 1,72% na sessão, em meio à expectativa de pressão inflacionária nos Estados Unidos.
Para o cientista político da Tendências Consultoria, Rafael Cortez, a reforma ministerial não reduz o cenário pessimista. “A reforma ministerial mostra mais o grau de fragilidade do governo e menos uma disposição para mudança no ‘modus operandi’ governista. O objetivo é chegar a 2022, o que aumenta os riscos de ações voluntaristas, inclusive na seara econômica, mantendo o ambiente pautado por risco e volatilidade elevados”, reforça.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, acrescenta que, ao longo da tarde, investidores locais deram início à tradicional “briga” pela formação da Ptax de fim de mês. “Com vendidos já tentando mostrar força”, diz.
Amanhã, a previsão é de volatilidade na primeira parte dos negócios em meio à disputa da Ptax, entre comprados e vendidos no mercado doméstico. A agenda de indicadores chama a atenção com números sobre a criação de emprego no setor privado (ADP) norte-americano, em março, no qual a previsão é de abertura de 525 mil vagas. O indicador é uma prévia do relatório de empregos, o payroll, que será divulgado na sexta-feira.
O mercado ainda poderá reagir aos índices dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial e de serviços da China, neste mês, além da leitura preliminar da inflação na zona do euro, em março. Dado que vem sendo monitorado pelo mercado.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) fecharam em queda diante da dança das cadeiras promovida ontem pelo presidente Jair Bolsonaro e por dados positivos sobre o mercado de trabalho, relegando a segundo plano o cenário de pressão inflacionária e crise sanitária fora de controle.
Com isso, o DI para janeiro de 2022 encerrou o dia com taxa de 4,655%, de 4,705% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,42%, de 6,56%; o DI para janeiro de 2025 ia a 8,07%, de 8,17% antes; e o DI para janeiro de 2027 tinha taxa de 8,69%, de 8,77%, na mesma comparação.
Os principais índices do mercado norte-americano de ações terminaram em queda uma sessão que foi marcada pela venda de títulos do governo junto com papéis de empresas de tecnologia de alto valor.
Confira a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos no fechamento:
Dow Jones: -0,31%, 33.066,96 pontos
Nasdaq Composto: -0,11%, 13.045,40 pontos
S&P 500: -0,31%, 3.958,55 pontos