São Paulo – As fortes chuvas na região Sudeste do País paralisam temporariamente as atividades de mineração, principalmente no estado de Minas Gerais. Nesta manhã, as empresas Vale, CSN e Usiminas informaram paralisações de operações e a Agência Nacional de Mineração (ANM) atualizou a situação da mina de Pau Branco, situada no município de Nova Lima, da Vallourec, que foi colocada em nível de emergência 3, que significa situação de “ruptura iminente ou em curso”.
Com a medida, Minas Gerais tem agora quatro barragens na classificação máxima de risco. As outras três são da Vale: B3/B4, em Nova Lima; Forquilha III, em Ouro Preto; e Sul Superior, em Barão de Cocais, segundo boletim mensal de barragens da ANM.
VALE
A Vale paralisou parcialmente a produção e sua logística em Minas Gerais devido às fortes chuvas no estado. A companhia paralisou parcialmente a circulação de trens na Estrada de Ferro Vitória a Minas (EFVM) e produção dos Sistemas Sudeste e Sul visando garantir a segurança dos seus empregados e comunidades e em razão do nível elevado de chuvas que atingem Minas Gerais, informou, em comunicado.
No Sistema Sudeste, a EFVM foi paralisada no trecho Rio Piracicaba – João Monlevade impedindo o escoamento do material em Brucutu e no complexo de Mariana, que estão com a produção suspensa. O trecho Desembargador Drummond – Nova Era também está paralisado, mas em fase de liberação e não afetou a produção do Complexo de Itabira.
No Sistema Sul, em função da interdição de trechos das rodovias BR-040 e MG-030, da segurança de circulação de empregados e terceiros e da infraestrutura da frente de lavra das minas, a produção de todos os complexos está temporariamente paralisada.
“A Vale está tomando todas as medidas necessárias para a retomada das atividades, mantendo o foco nos cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades localizadas no entorno de suas estruturas”, disse a companhia.
O Sistema Norte segue operando conforme o plano de produção, que considera o impacto sazonal do período chuvoso em todas as operações e, portanto, a Vale reitera seu guidance de produção de 320-335 Mt para 2022.
Em relação ao monitoramento de barragens, a mineradora disse que segue acompanhando o cenário de chuvas em Minas Gerais e monitorando suas barragens, 24 horas por dia, em tempo real, por meio dos Centros de Monitoramento Geotécnicos. Ressalta-se que não houve alteração do nível de emergência em nenhuma de suas estruturas, que são acompanhadas permanentemente por inspeções, manutenções, radares, estações robóticas, câmeras de vídeo e instrumentos, como piezômetros manuais e automáticos.
CSN
A Companhia Siderúrgica Nacional (CSN) informou que devido às intensas chuvas registradas na região Sudeste do Brasil nos últimos dias, suspendeu as operações de extração e movimentação na mina Casa de Pedra, da CSN Mineração, em Congonhas (MG), e de carregamento de minério no Terminal de Carvão (Tecar), no porto de Itaguaí (RJ), com expectativa de retorno das atividades nesses próximos dias.
“As companhias tomarão todas as medidas necessárias para a manutenção de sua operação, respeitando os cuidados necessários para garantir a segurança dos empregados e das comunidades, e espera retomada gradual das atividades assim que as condições climáticas permitirem”, informou a CSN, em comunicado.
USIMINAS
A Usiminas informou que paralisou temporariamente as operações de sua controlada Mineração Usiminas (MUSA), em função das intensas chuvas na região de Itatiaiuçu (MG), em níveis expressivamente superiores à média histórica, que serão retomadas quando as
condições climáticas melhorarem e permitirem o acesso seguro às minas, o funcionamento adequado de equipamentos e após uma revisão das condições das instalações em geral.
“Esclarecemos que, por ora, a paralisação da MUSA não deverá afetar o fornecimento de matéria prima para a Usiminas, e que serão utilizados estoques da própria MUSA para o fornecimento”, acrescentou a companhia, em fato relevante enviado à Comissão de Valores Mobiliários (CVM).
Adicionalmente, e também em razão das fortes chuvas na região, a controlada acionou neste sábado (8) o nível 1 do Plano de Ação de Emergência de Barragens da Mineração (PAEBM) para sua barragem central, desativada desde 2014, que “significa um estado inicial de alerta e não representa comprometimento dos fatores de segurança da barragem, não requer a retirada de moradores das áreas de risco e nem o toque de sirenes”, disse a
empresa.
VALLOUREC
A Mina de Pau Branco, da Vallourec, transbordou na manhã de sábado (8), e o dique de contenção não suportou o volume de água, que invadiu a BR-040, deixando uma pessoa ferida e interditando a rodovia.
Ontem, a ANM informou a definição de reabrir a rodovia BR-040, que estava paralisada devido ao transbordamento de um dique da multinacional francesa Vallourec (responsável pela Mina de Pau Branco) e disse que as questões de ordem burocrática estavam sendo documentadas entre a agência e a empresa.
“Ressaltamos que devido a melhoria das condições da estrutura e não iminência atual de ruptura, a barragem será classificada como em nível de emergência 2”, disse a ANM, em nota divulgada ontem.
O Ministério Público pediu o bloqueio de R$ 1 bilhão da Vallourec pela lama que atingiu a BR-040 e disse que a empresa receberia multas de R$ 1 milhão por dia em caso de descumprimento do plano de ações emergenciais.
A Via 040 (empresa responsável pela concessão), a Polícia Rodoviária Federal (PRF), a Defesa Civil do estado de Minas Gerais e a Vallourec ficaram responsáveis pela implementação da liberação da rodovia.
Segundo a agência, ao tomar conhecimento do incidente na barragem da Mina do Pau Branco, iniciou os procedimentos para mitigar e controlar o ocorrido, em parceria com os demais órgãos do Estado de Minas Gerais, e visita dos seus executivos ao local do incidente, que “exigiram da empresa o monitoramento e a execução de medidas para garantir a estabilidade da pilha de rejeitos e estéreis, localizada a montante da barragem de mineração”, disse a ANM.
O órgão reportou a ausência de vítimas fatais e, que um usuário da BR-040 impactado pelo incidente encontrava-se no hospital e fora de risco. Seis moradores da localidade foram removidos.
BARRAGENS NO BRASIL
Atualmente, existem 446 barragens cadastradas no sistema da ANM, sendo 65 (14%) como alteadas pelo método construtivo a montante, que no qual se constroem degraus com o próprio material de rejeito, e é considerado o mais simples e menos seguro – foi utilizado nas estruturas da Vale e da Samarco que romperam em 2019 e 2015, em Brumadinho e Mariana (MG).
Dentre os estados brasileiros, Minas Gerais engloba o maior quantitativo de barragens a montante, totalizando 46 estruturas. Em seguida está o Pará, com quatro; Bahia, São Paulo e Goiás, cada um com três barragens; Rondônia e Rio Grande do Sul com duas cada e, por fim, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul com uma barragem cada, segundo dados do relatório mensal da ANM atualizado até 30 de novembro.