São Paulo – Em teleconferência na manhã de hoje, o presidente da Minerva, Fernando Queiroz, e o diretor de Finanças e de Relações com Investidores, Edison Ticle, disseram que a previsão para a conclusão da operação de compra dos ativos da Marfrig é de 12 meses, incluindo os processos antitruste e a aprovação no Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade).
Os executivos ressaltaram que as plantas adquiridas da Marfrig operam atualmente em níveis similares aos ativos da Minerva, e que as novas plantas entram no portfólio da companhia gerando um caixa livre de R$ 400 milhões. A companhia estima que a receita líquida com os novos ativos deve chegar a R$ 18 bilhões, e o Ebitda terá uma alta de R$ 1,5 bilhão
“Além de complementar de forma singular as operações na América do Sul, maximizando as oportunidades comerciais e sinergias operacionais, reduzindo riscos e ampliando assim a nossa capacidade de competir no mercado internacional de proteína animal, a operação também mantém nossa estrutura de capital saudável, onerando o mínimo possível a companhia”, destacou Ticle.
O presidente da companhia ressaltou que a compra dos ativos da Marfrig trará, entre outros benefícios, sinergias comerciais (especialmente exportações) e na estrutura de G&A, com potencial expansão de 150-200bps na margem Ebitda nos próximos 18 meses.
“Teremos maior eficiência na aquisição de matéria-prima e na operação logística, conseguiremos expandir nossa capilaridade de distribuição e ampliaremos consideravelmente nossos mercados internacionais. Nossa produção atual de 1,2 milhão de toneladas deve chegar a 2,6 milhões de toneladas, com impacto similar no nível de receita”, explicou Queiroz.
O diretor de Finanças e de Relações com Investidores explicou que a companhia está muito tranquila em relação ao endividamento e à alavancagem. Segundo Edison Ticle, a previsão é que a alavancagem volte para os patamares atuais, que está entre 2,5x e 2,7x, entre 12 e 18 meses.
ANÁLISES
A Guide Investimentos lembrou que a transação aumenta a capacidade de produção da Minerva em 40%, em locais onde a empresa já atua (Brasil, Argentina, Uruguai e Chile) e onde a captura de sinergias pode ser mais rápida. Do lado negativo, o valor da transação foi um pouco maior que os múltiplos de negociação da Minerva, o que pode ser mal-recebido. Além disso, o endividamento da empresa deve aumentar sensivelmente: de R$ 7,7 bi para R$ 15,2 bi, em um momento em que as margens estão comprimidas.
Para a Marfirg, a Guide afirmou que a transação é positiva, já que algumas plantas vendidas estavam sem utilização (paralisadas). Além disso, a Marfrig está tentando fortalecer sua marca e focar em produtos de maior valor agregado. A transação contribui para a redução do endividamento da empresa, atualmente em cerca de R$ 40 bilhões (4x o Ebitda dos últimos 12 meses).
A Ativa Investimentos considera a notícia “marginalmente positiva”, visto que a Minerva se consolida como a líder em exportação de bovinos na América do Sul, fortalecendo seu foco na produção de bovinos e ovinos, ampliando também sua diversificação geográfica. Porém, avalia que é preciso acompanhar com cautela a situação de crédito da Minerva após a transação, bem como acompanhar o processo de desalavancagem e ganhos de rentabilidade com os novos ativos.
Segundo a companhia, a alavancagem passará de 2,6 vezes para 3,3 vezes após a transação. Além disso, a companhia espera voltar aos níveis atuais de alavancagem em um ano, dado os ganhos estimados de rentabilidade. Hoje a Minerva também conta com um caixa de R$ 6,2 bilhões, aproximadamente.
“Seguimos com recomendação de Compra para as ações da Minerva”, comentou a Ativa.
Ontem (28) à noite, a Minerva Foods anunciou, via Fato Relevante, a aquisição de ativos da Marfrig no Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, através de sua controlada Athn Foods. O valor total da transação será de R$ 7,5 bilhões, sendo R$ 1,5 bilhões já pagos na data de hoje, 28 de agosto, como um sinal, e o restante será pago no fechamento da operação, através de uma linha crédito em parceria com o banco JP Morgan.
Os ativos em questão são plantas de abate, sendo 11 no Brasil, 3 no Uruguai, 1 na Argentina e 1 no Chile, sendo este último um novo mercado de atuação para a companhia, ampliando sua diversificação geográfica.
Ao final da operação, a Minerva passará a ter uma capacidade de abate de bovinos de 42.439 cabeças/dia, aumentando em 43,7% sua capacidade total, totalizando 40 plantas distribuídas no Brasil, Argentina, Uruguai, Paraguai e Colômbia. Em relação ao abate de ovinos, a capacidade da companhia passará a ser de 25.716 cabeças/dia, distribuídas em 5 plantas na Austrália e no Chile. Com isso, a Minerva passará a ser líder de exportação de bovinos na América do Sul.
Com Cynara Escobar / Agência CMA.