Ministério Público investiga falhas frequentes em linhas operadas pela CCR em São Paulo

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São Paulo – O Ministério Público (MP) está investigando ocorrências de falhas frequentes nas linhas 8 e 9 operadas pela CCR, informou o Sindicato dos Metroviários e Metroviárias de São Paulo, que afirma que as ocorrências tornaram-se corriqueiras após a privatização das linhas pelo governo estadual, há um ano.

As linhas eram administradas pela Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), uma sociedade de economia mista operadora de transporte ferroviário vinculada à Secretaria dos Transportes Metropolitanos do Estado de São Paulo.

Nesta segunda-feira (30/1), a entidade e diversos usuários relataram por meio de postagens nas redes sociais “um dia de caos no transporte”.

“Na manhã de 30/1 (segunda-feira) os passageiros das Linhas 8 e 9 mais uma vez sofreram transtornos com falhas. Com a privatização, a vida dos passageiros transformou-se num inferno nas mãos da ViaMobilidade. Anteriormente, as linhas pertenciam à CPTM”, aponta o sindicato em nota em seu site.

Na Linha 8-Diamante, um transformador pegou fogo na estação Imperatriz Leopoldina, provocando velocidade reduzida e maior tempo de parada, por via única, entre as estações do bairro da Lapa e de Osasco (município vizinho à capital paulista).

Antes disso, ocorreram duas falhas na Linha 9-Esmeralda. Uma na estação Cidade Universitária e outra entre as estações Pinheiros e Ceasa. Na Linha 5-Lilás, privatizada e também administrada pela ViaMobilidade, um trem apresentou falhas no sistema de abertura de portas na plataforma da estação Giovani Gronchi, afirma o sindicato.

“As falhas tornaram-se frequentes após a privatização das Linhas 8 e 9. O Ministério Público (MP) está investigando o caso e vai pedir à Justiça que promova a quebra de contrato da ViaMobilidade com o governo estadual, que estabeleceu a concessão (privatização). O governador, no entanto, descarta essa hipóteses e reafirmou que pretende privatizar todas as linhas do Metrô e da CPTM”, diz o sindicato.

O sindicato avalia que as falhas são “efeitos da privatização no transporte” e reivindica a reestatização das Linhas 8 e 9.

Procurada pela reportagem da Agência CMA, a CCR disse que não houve explosão, mas sim um curto-circuito e enviou a seguinte nota, divulgada ontem: “A operação da linha 8-Diamante foi normalizada às 15h57. Por volta de 6h30, uma oscilação de energia ocasionou falha elétrica nas linhas 8 e 9 e, às 8h30, provocou um curto-circuito em uma das subestações que alimenta a Linha 8. A ViaMobilidade lamenta o ocorrido e pede desculpas aos passageiros pelos transtornos.”

Em 16 de janeiro, o promotor Sílvio Antonio Marques, titular da Promotoria de Justiça do Patrimônio Público, disse pediria na Justiça o fim da concessão das linhas 8-diamante e 9-esmeralda, de trens metropolitanos, se o governo paulista não rescindir o contrato com a ViaMobilidade. As declarações foram dadas ao jornal “Folha de S. Paulo”, após um trem da linha 8 ter descarrilado, próximo à estação Lapa.

Passageiros publicaram nas redes sociais imagens de usuários andando pela linha após o trem sair dos trilhos. Não houve vítimas.

O promotor é responsável por uma das duas investigações abertas no órgão para apurar a sequência de problemas, quebras e atrasos de trens nas duas linhas a outra é a de Justiça do Consumidor, segundo a reportagem.

INVESTIMENTOS

Em 27 de janeiro, a CCR ViaMobilidade divulgou nota informando que investiu 1 bilhão em um ano de concessão das linhas 8 e 9. Segue texto na íntegra abaixo:

“Há exatos 12 meses, desde que assumiu a operação e manutenção das Linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda de trens metropolitanos em São Paulo, a ViaMobilidade investe fortemente na melhoria da prestação dos serviços aos passageiros Em um contrato de concessão válido por 30 anos, que prevê investimentos de R$ 3,8 bilhões somente nos três primeiros anos de operação, mais de R$ 1 bilhão já foi aportado nas duas linhas, que, juntas, contam com 42 estações e transportam, diariamente, cerca de 1 milhão de pessoas.

O resultado das melhorias implementadas desde o dia 27 fevereiro de 2022, que envolvem trens, trilhos, rede aérea, pátios e estações, já é percebido nos indicadores internos da concessionária. Em dezembro, por exemplo, as reclamações registradas na ouvidoria apresentaram redução de 78% em relação ao mês de março.No mesmo período, somadas as duas linhas, houve também redução de 76% no número de falhas operacionais.

Como parte dos investimentos nas linhas 8 e 9, a ViaMobilidade já adquiriu 36 novos trens da empresa Alstom, compondo uma frota de 288 carros (vagões), que começam a chegar no primeiro trimestre de 2023.

“Desde o início da nossa operação, mesmo diante do enorme desafio que assumimos, estamos empenhados no sentido de prestar o melhor serviço aos passageiros. Ao investir continuamente na modernização das linhas 8-Diamante e 9-Esmeralda, entendemos que estamos contribuindo de forma consistente com os esforços do Governo de São Paulo para melhorar o sistema de transporte público como um todo. Essa curva de evolução será reforçada em 2023 com a chegada dos novos trens, explica Marcio Hannas, Presidente da CCR Mobilidade.

Outra etapa importante de 2022, que prepara o terreno para a chegada dos novos trens, foi a aquisição de veículos auxiliares, fundamentais para a eficiência da manutenção de vias e rede aérea. Atualmente, estão em operação 22 novos veículos e outros 11 serão adquiridos. Só no primeiro semestre de 2023 chegam mais 17.

Abaixo, um resumo das intervenções em melhorias realizadas ao longo de 2022:

-18,48 km de ação corretiva nos trilhos -Inspeção em 100% das catenárias nas duas linhas (172 km)
-Inspeção em 100% das redes aéreas nas duas linhas, pátios e vias auxiliares (197 km)
-100% de manutenção preventiva nas caixas redutoras, que transmitem a energia dos motores para girar os rodeiros dos trens
-28 estações com banheiros reformados, totalizando 130 boxes -18 estações receberam nova pintura interna e externa -848 aparelhos de ar-condicionado passaram por limpeza e manutenção preventiva de toda a frota, além de 365 equipamentos que passaram por manutenção corretiva, garantindo o perfeito funcionamento do ar-condicionado nos trens
-100% de troca de rolamentos ponta de eixo de ataque dos truques (conjunto de rodas de cada carro/vagão do trem)
-Reforço nas vedações de faixa de domínio, construindo muros para que o acesso às áreas de operação seja contido, evitando furtos de cabos entre outras ocorrências -Revitalização dos reservatórios de água, trocando as caixas que fornecem água para os passageiros -Manutenção preventiva de um total de 68 elevadores disponíveis nas 41 estações -660 discos de freio substituídos nos trens -Instalação do SIAP (Sistema auxiliar de portas) em 100% dos trens.”