MME pede novos estudos sobre horário de verão à ONS em meio à crise hídrica

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São Paulo – O Ministério de Minas e Energia (MME) pediu novos estudos ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) sobre uma possível volta do horário de verão e iniciativas que evitem picos de consumo, apesar de considerar que a medida tem contribuição limitada no atual contexto de escassez hídrica que o País enfrenta.
Em nota, o MME explica que tem estudado iniciativas que visam o deslocamento do consumo de energia elétrica dos horários de maior consumo para os de menor, de forma a otimizar o uso dos recursos energéticos disponíveis no Sistema Interligado Nacional (SIN).
“Neste sentido, a contribuição do horário de verão é limitada, tendo em vista que, nos últimos anos, houve mudanças no hábito de consumo de energia da população, deslocando o maior consumo diário de energia para o período diurno. Assim, no momento, o MME não identificou que a aplicação do horário de verão traga benefícios para redução da demanda”, afirmou.
Por último, o MME afirmou que solicitou ao Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS) que reexaminasse a questão à luz da atual conjuntura de escassez hídrica, considerando os estudos já realizados.
O Brasil vive a maior seca em mais de 91 anos, o que afeta o abastecimento por meio de usinas hidrelétricas e levou a necessidade de se ativar usinas termelétricas e importar energia de outros países, o que encarece a conta de luz para consumidores. O governo também anunciou novas medidas de como operar reservatórios e lançou programas de incentivo de redução do consumo para enfrentar a crise hídrica.
ENTIDADES DEFENDEM HORÁRIO DE VERÃO
Nesta semana, mais entidade do setor passaram a defender a volta do horário de verão, extinto pelo governo do presidente Jair Bolsonaro em abril de 2019. O Instituto Clima e Sociedade (ICS) confirmou ontem à Agência CMA o apoio ao movimento que defende o retorno do horário de verão como medida emergencial para enfrentar a crise energética.
A iniciativa levaria à redução de até 5% do consumo de eletricidade no início da noite, aponta relatório chancelado pela entidade, junto com Instituto de Defesa do Consumidor (Idec), International Energy Intiative (IEI), Mitsidi Projetos, Projeto Hospitais Saudáveis e Fórum de Energias Renováveis.
A medida também reduziria o acionamento das usinas termelétricas, mais caras que as hidrelétricas e eólicas e que têm provocado os sucessivos aumentos nas contas de luz. As associações pregam ainda que, no longo prazo, o governo deve priorizar o incentivo à eficiência energética para reduzir o risco de novas crises.
O relatório engrossa o coro de outras entidades, como a Federação de Turismo (Feturismo) e a União Nacional de Entidades do Comércio e Serviços (Unecs), que enviaram ofício ao presidente Jair Bolsonaro com o mesmo pedido em 1 de setembro.
O documento assinado pelos presidentes das duas entidades e contou com o apoio de 16 entidades entidades ligadas ao comércio, serviços e turismo, como a Associação Brasileira de Bares e Restaurantes (Abrasel), Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce) e Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção (Anamaco). Parte delas já havia se manifestado em junho.
Edição: Danielle Fonseca (daniele.fonseca@cma.com.br)