Modelo econômico é de juros baixos e dólar alto, diz Guedes

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São Paulo – O modelo econômico que foi implementado pelo governo federal prevê taxas de juros baixas e uma taxa de câmbio mais alta, o que é “bom para todo mundo”, afirmou o ministro da Economia, Paulo Guedes, durante um evento promovido pela Revista Voto ontem. “Perguntam se o [dólar] está nervoso. Não, não está nervoso. Mudou”, disse ele.

“Mudou o modelo. O modelo não é juro na Lua e câmbio baixo, desindustrializando o Brasil. É o contrário. O Brasil estava num processo de desindustrialização acelerada, porque com o câmbio sobrevalorizado. Japão, China, todo mundo manipulando o câmbio por anos, décadas, para tentar exportar mais e o Brasil pendurado no modelo rentista: bota o juro na Lua, deixa o câmbio cair”, disse ele.

De acordo com o ministro, este tipo de política atrapalhava as exportações brasileiras e prejudicava principalmente os empresários. “Os empresários brasileiros eram trouxas. Só que o número de trouxas vai diminuindo. O cara prefere emprestar dinheiro para o governo do que ser trouxa”, afirmou.

Guedes disse também que um dos sinais de que o real estava supervalorizado era a facilidade dos brasileiros em viajar para o exterior. “[Estava] todo mundo indo para a Disneilândia, empregada doméstica indo para Disneilândia, uma festa danada”.

“Antes que falem: ministro diz que empregada doméstica estava indo para Disneilândia. O ministro está dizendo que câmbio estava tão barato que todo mundo estava indo para a Disneilândia – até as classes sociais… Todo mundo tem que ir para a Disneilândia, mas não três, quatro vezes por ano”, acrescentou.

Guedes acrescentou que a política atual beneficia a todos. “O juro é um pouco mais baixo, o que é bom para todo mundo – vamos investir e consumir mais – e ao mesmo tempo o câmbio é um pouquinho mais alto, o que é bom para todo mundo – mais exportações, mais substituição de importações, inclusive em setores muito intensivos de mão de obra como o turismo.”

Ontem, o dólar comercial fechou em alta de 0,57% no mercado à vista, cotado a R$ 4,3520 para venda, em patamar inédito pela quarta vez seguida. A alta, quinta consecutiva, foi sustentada pela continuidade de um dólar mais forte no exterior.