Momentos que tivemos juros baixos no Brasil estão associadas à percepção positiva no fiscal, diz Campos Neto

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São Paulo – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje que nos momentos da História Brasileira que o País conseguiu trabalhar com os juros mais baixos, são períodos associados uma perspectiva positiva do mercado sobre a questão fiscal.

“A verdade verdadeira no Brasil é que todas as vezes que nós conseguimos cair o juros e trabalhar com juros mais baixo por mais tempo, estava associada a um choque fiscal positivo.”

“A gente pode olhar lá no comecinho do governo Lula quando teve superávit na época do Palocci [Antônio Palocci, Ministro da Fazenda de 2003 a 2006], depois a gente pode olhar aprovação do teto de gastos na Câmara que fez com que a curva de juros caísse e depois iniciar um processo de corte que foi bastante sustentável. Depois a gente teve algumas reformas também que fizeram com que isso acontecesse, como a reforma da Previdência que também foi entrando no preço fez com que os juros caísse. Mais recentemente a gente teve o arcabouço fiscal que também proporcionou esse cenário… É muito claro quando a gente olha a história do Brasil em um prazo mais longo, que os momentos onde o Brasil conseguiu cair os juros e tem os juros mais estável mais tempo são momentos associados com uma percepção positiva no fiscal.”

Em palestra durante evento para investidores na capital paulista, a autoridade monetária disse que o mercado tem se questionado sobre a trajetória da dívida publica e dívida global. de grande parte do mundo desenvolvido e principalmente do mundo emergente, que aumentaram muito durante a pandemia.

” Todos nós precisamos produzir primários positivos para pagar o gasto da pandemia, a dívida global muito alta – e quase nenhum país consegue.”

Copom

O presidente do BC falou ainda, sobre a decisão de não informar um guidance no comunicado depois da última reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), porque era sabido que alguns vetores ainda teriam de ser considerados, como a situação nos Estados Unidos, por exemplo.

“Decidimos não dar guidance nesse comunicado porque entendíamos que existe uma incerteza muito grande na frente, em relação ao que aconteceu nos Estados Unidos. Qual seria a reação do mercado uma incerteza em relação a dinâmica de inflação de curto prazo, o quanto a mão de obra apertada estava influenciando a inflação de serviço no Brasil?” questiona.

“Acho que tem alguns questionamentos no mercado que vão um pouco mais para o lado mais estrutural. Um deles é o quanto do crescimento que a gente tá vendo no Brasil que é impulso fiscal, ou seja: se eu puder olhar tudo que tá sendo gasto tanto das estatais quanto dos Fundos que foram criados…. todas as medidas o quanto disso que tá de fato impulsionando o Brasil e o quanto que é um crescimento estrutural”, pondera.

“Existe uma preocupação porque se eu digo que o crescimento está acima do potencial, com crescimento forte, crédito forte mão de obra apertada, é um trabalho do Banco Central sempre tentar se antecipar um pouco – e gente olha em termos de que o mercado acha do que tá acontecendo. Passa uma mensagem também que a inflação vai ser mais alta na frente, a gente tem inflação desancorada tanto na parte de preço de mercado, quanto na parte de expectativa de analista em período relativamente mais longo”, explica.