Moody’s afirma ratings da JBS em Baa3 e rebaixa perspectiva para negativa

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São Paulo – A agência de classificação de riscos Moody’s afirmou em Baa3 o rating de emissor da JBS e seus ratings seniores sem garantia e as notas seniores globais garantidas de suas subsidiárias integrais JBS USA e JBS JBS Finance, e rebaixou a perspectiva para todos os ratings para negativa, de estável. A mudança da perspectiva reflete o desempenho financeiro mais fraco do que o esperado da JBS USA nos últimos três trimestres, mas também em outros segmentos relevantes, como Pilgrim’s Pride e Seara.

Segundo a Moody’s, estes segmentos representaram, juntos, cerca de 65% do ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) total da companhia no primeiro semestre de 2023.

O enfraquecimento do fluxo de caixa operacional elevou a alavancagem bruta, medida pela dívida total em relação ao ebitda, para 4,8 vezes no período de doze meses encerrado em junho de 2023, de níveis em torno de 2,5 vezes em 2021-2022.

A agência aponta que, embora já existam indicações de uma recuperação nos negócios de aves e suínos dos Estados Unidos, provavelmente levará mais tempo para a JBS atingir métricas proporcionais a uma classificação ‘Baa3’. A classificação ‘Baa3’, embora fracamente posicionada dada a pressão sobre as métricas de crédito, continua a incorporar o tamanho da empresa (receitas superiores a US$ 73 bilhões), a força de suas operações globais como o maior produtor mundial de proteínas; e a sua diversificação substancial entre segmentos, geografias e mercados de proteínas, disse a Moody’s, em nota.

A Moody’s destaca que a JBS tem boa liquidez para cumprir suas obrigações financeiras, com cerca de US$ 2,8 bilhões em caixa no final de junho. A liquidez é ainda apoiada por US$ 2,9 bilhões em linhas de crédito comprometidas para a JBS USA, bem como US$ 450 milhões no Brasil. Do total da dívida consolidada reportada pela JBS, de US$ 19,5 bilhões, no final do segundo trimestre, cerca de US$ 14,5 bilhões correspondem a títulos internacionais com vencimentos de longo prazo, com amortizações começando apenas em 2027 (cerca de US$ 2 bilhões). Além disso, a empresa está reduzindo o consumo de capital de giro em 2023, enquanto menores gastos de capital após a conclusão da expansão na Seara ajudarão a apoiar o fluxo de caixa livre positivo em 2024 e margens mais altas no mercado interno.

“Embora haja uma série de ações que a administração da JBS está tomando para melhorar a lucratividade em 2024 e que não dependem necessariamente de uma melhoria nos fundamentos do mercado, serão necessários ajustes na estrutura de capital para que a empresa atinja métricas de crédito que apoiem totalmente o rating até 2024”, avalia a agência.

O perfil de crédito da JBS continua limitado pela volatilidade do setor de proteínas, que está sujeito a fatores de risco como condições climáticas, doenças, desequilíbrios de oferta e variáveis do comércio global.

“Quanto aos fatores ambientais, sociais e de governança (ESG, na sigla em inglês) incorporados aos ratings da JBS, consideramos os riscos ambientais relacionados principalmente à exposição da empresa às tendências de transição de carbono, capital natural e gestão hídrica. As supostas ligações entre a pecuária no Brasil e o desmatamento da Amazônia e de outros biomas aumentam os riscos sociais relacionados à exposição à produção responsável, enquanto as preocupações com a governança corporativa devido à sua estrutura acionária concentrada continuam a pesar no perfil de crédito da empresa”, acrescenta.

A perspectiva negativa reflete a expectativa da Moody’s de que os fracos fundamentos do mercado de carne bovina dos Estados Unidos, junto com um ambiente de mercado muito competitivo na indústria de proteínas dos EUA e do Brasil, continuarão a pesar sobre os lucros da JBS até 2024, resultando em alavancagem permanecendo cerca de 5 vezes em 2023, diminuindo para 3,5-4 vezes em 2024, mais próximo da meta indicado nas políticas financeiras da empresa (2-3 vezes a dívida sobre o ebitda).