São Paulo – A Moodys rebaixou o rating corporativo da Americanas S.A. de Ba2 para Caa3 por causa do anúncio da Americanas, na sexta-feira, 13, de que recebera uma liminar para suspender os efeitos de toda imposição contratual de vencimento antecipado ou obrigações relativas aos instrumentos financeiros do grupo. Segundo a Moody’s, o fato de não terem negociado com os credores para salvaguardar a liquidez da empresa provavelmente fará o grupo entrar em recuperação judicial antes de completar 30 dias do anúncio.
Durante o período de liminar, a Moody’s acredita que a empresa também apresenta alternativas para melhorar sua estrutura de capital, incluindo a negociação de uma possível injeção de capital por parte dos seus accionistas.
“A classificação também reflete o aumento riscos de governança, em particular a falta de controles e transparência adequados, que substancialmente mina a credibilidade da administração”, diz análise.
A imposição do statu quo aos credores surge na sequência de uma forte deterioração da confiança e do risco de crédito elevado, com incertezas relacionadas ao nível de endividamento da empresa e sua capacidade de servir esta dívida – além do risco elevado de quebra de convênios e aceleração sem a suspensão automática concedida em 13 de janeiro.
Em 11 de janeiro, a Americanas divulgou inconsistências contábeis detectadas em lançamentos contábeis que reduziram o saldo da conta de fornecedores referente ao exercício fiscal de anos anteriores, incluindo o exercício social de 2022 que, em análise preliminar, é estimada pela área de contabilidade da Companhia em cerca de R$ 20 bilhões ao final do 3T22.
Como parte das inconsistências, a administração indicou um valor estimado de R$ 20 bilhões em linhas de financiamento a fornecedores nas quais a Americanas é devedora.
A empresa indicou que ainda não é possível determinar todos os impactos de tais inconsistências em suas demonstrações financeiras. O Conselho e os diretores decidiram criar um comitê independente para investigar as circunstâncias que levaram às inconsistências contábeis. Como resultado dessas descobertas, o CEO e o CFO, que têm que tomaram posse em 2 de janeiro de 2023, decidiram renunciar aos cargos.