São Paulo – O crescimento G-20 (grupo que reúne economias mais industrializadas e países emergentes) este ano foi revisado em baixa pela agência de classificação de risco Moody’s, que projeta agora uma expansão de 2,1% ante os 2,4% diante dos reflexos do curto do novo coronavírus sobre a atividade econômica.
Para a China, a previsão baixou de 5,2% para 4,8%, enquanto para os Estados Unidos passou de 1,7% para 1,5%.
Segundo a Moody’s, o surto do novo coronavírus se espalhou rapidamente fora da China para várias economias importantes e parece certo que, mesmo que a doença seja contida, o surto afetará a atividade econômica global até o segundo trimestre deste ano.
“Vários desenvolvimentos plausíveis podem levar a um cenário muito mais negativo do que a nossa previsão inicial”, diz o vice-presidente da Moody’s, Madhavi Bokil.
“Uma retração sustentada no consumo, juntamente com o fechamento prolongado de negócios, prejudicaria os lucros, levaria a demissões e pesaria no sentimento. Tais condições poderiam, no final das contas, alimentar uma dinâmica recessiva autossustentável”, acrescentou.
Além disso, Bokil diz que um agravamento da situação resultaria em maior volatilidade dos preços dos ativos, servindo para ampliar e transmitir o choque via fronteiras, inclusive para os países emergentes. “Atualmente, a incerteza permanece incomumente alta”, afirmou.
RESPOSTA AO SURTO
Os anúncios de políticas das autoridades fiscais, bancos centrais e instituições internacionais até o momento sugerem que a resposta provavelmente será forte e direcionada nos países afetados, segundo a Moody’s.
“As medidas de política fiscal direcionadas provavelmente ajudarão a limitar os danos nas economias individuais”, afirma a agência no relatório.
A Moody’s também espera que os bancos centrais adotem uma postura mais fácil, reforçando as medidas fiscais.
“A decisão do Federal Reserve de cortar a taxa de juros e os anúncios do Banco Central Europeu e do Banco do Japão assegurando apoio limitarão parcialmente a volatilidade do mercado financeiro global e parcialmente compensarão o aperto das condições financeiras”, acrescentou a Moody’s.
Na terça-feira, o banco central norte-americano cortou a taxa básica em 0,50 ponto percentual (pp), para a faixa de 1,00% a 1,25% ao ano em uma ação emergencial e fora da reunião marcada para os dias 17 e 18 deste mês.
Um movimento como esse não era visto desde a crise financeira de 2008 e está sendo justificado pelas autoridades do Fed como uma precaução aos possíveis efeitos do novo coronavírus sobre a economia dos Estados Unidos.