São Paulo, SP – O Goldman Sachs divulgou um relatório com as perspectivas para o setor de combustíveis e distribuição para os próximos trimestres, apontando que a avaliação no setor é de aproximadamente 9x P/L de 2025E, em média, e que a previsão de uma agenda
regulatória positiva poderia funcionar como um catalisador para o setor.
A análise destacou que está em estudo a possibilidade de revisão do atual regime fiscal até ao fim deste ano, com impostos federais (que, para referência, respondem por cerca de 35% do etanol total de impostos no estado de São Paulo, o principal mercado no Brasil) sendo potencialmente cobrado apenas do produtor, em uma nova estrutura fiscal simplificada. O Sachs lembrou ainda que reforma tributária mais ampla recentemente aprovada no Brasil já inclui a implementação de um nova estrutura tributária simplificada para o mercado de etanol, no entanto, isso ocorrerá a no longo prazo, provavelmente em 2030.
“Nós acreditamos que isso poderia ser um bom presságio para as margens da Vibra e da Ipiranga (Ultrapar), pois poderia reduzir impostos, evasão por parte dos intervenientes informais (e, portanto, limitar a concorrência desleal na indústria). Nossa análise de sensibilidade sobre espaço para aumento de margem implica vantagem de 11% para a Vibra e o EBITDA consolidado de 2025 do Grupo Ultra, em média”, explicou o Sachs, que apontou ainda que a Ipiranga se beneficiaria mais do que a Vibra com a medida potencial, dada a sua maior exposição ao etanol.
Com a implementação de uma nova estrutura tributária simplificada, as margens do etanol
convergiriam para o patamar de R$ 176/m3 para Vibra e R$ 161/m3 para Ipiranga, o que representaria um aumento potencial de R$ 19/m3 e R$ 26/m3 nas margens de distribuição de combustível para cada um, respectivamente.
Outro ponto ressaltado no relatório é o equilíbrio oferta/demanda do setor no último trimestre deste ano. A Petrobras cobrou preços locais acima da paridade internacional no final do terceiro trimestre, o que poderia ter incentivado os importadores privados a tirar partido de uma arbitragem e trazer mais volumes para o Brasil. Como aconteceu em episódios anteriores, isso poderia, por sua vez, criar uma pressão de excesso de oferta e um vento contrário para margens das distribuidoras de combustíveis.
“Hoje, vemos a gasolina local da Petrobras e os preços do gasóleo ligeiramente abaixo da paridade internacional. Em suma, esperamos essencialmente que as margens de distribuição de combustíveis fiquem estáveis na comparação trimestral, mas há riscos de potencial aumento da oferta proveniente de importações no curto prazo”, apontou o Sachs.
Por fim, o Sachs recomendou compra para as ações da Vibra Energia, com preço-alvo R$ 31,50, com base em um múltiplo P/E de 10,5x. Para a Ultrapar, a recomendação é neutra, com preço-alvo de R$ 27,90, baseado em uma meta de P/L de 11,6x, mais o valor de mercado de sua participação na Hidrovias do Brasil.