São Paulo – O mundo está em estágios iniciais de outra onda de infecções e mortes provocadas novo coronavírus, em meio a falhas no compartilhamento de vacinas, alertou o diretor-geral da Organização Mundial da Saúde (OMS), Tedros Adhanom Ghebreyesus.
“19 meses após o início da pandemia e sete meses desde que as primeiras vacinas foram aprovadas, estamos agora nos estágios iniciais de outra onda de infecções e mortes. Isso é trágico”, disse ele, em sessão do Comitê Olímpico Internacional, destacando as diferenças de acesso a vacinação entre países no mundo.
“A falha global em compartilhar vacinas, testes e tratamentos – incluindo oxigênio – está alimentando uma pandemia de duas vias: os que têm estão se abrindo, enquanto os que não têm estão se fechando”, afirmou.
Para ele, isso não é apenas um ultraje moral, mas também é epidemiológica e economicamente autodestrutivo. “Quanto mais tempo essa discrepância persistir, mais a pandemia se arrastará, assim como a turbulência social e econômica que ela traz”.
Segundo Ghebreyesus, mais de três bilhões e meio de doses de vacina já foram administradas globalmente, e mais de uma em cada quatro pessoas recebeu pelo menos uma dose de vacina, o que superficialmente são boas notícias, “mas mascara uma injustiça horrível”.
Os dados da OMS mostram que 75% das vacinas foram administradas em apenas 10 países, e em países de baixa renda, apenas 1% das pessoas receberam pelo menos uma dose, em comparação com mais da metade das pessoas em países de alta renda. “A ameaça não termina em qualquer lugar até que esteja em todo lugar”.
Além disso, Ghebreyesus alertou para o risco do surgimento de novas cepas do vírus. “Quanto mais transmissão, mais variantes surgirão com o potencial de serem ainda mais perigosas do que a variante delta que está causando tanta devastação agora”. Para ele, “a pandemia é um teste. E o mundo está falhando”.
Por fim, ele disse que embora a covid-19 possa ter adiado os jogos olímpicos, “não os derrotou”. A abertura das Olímpiadas de Tóquio ocorre nesta sexta-feira, depois de ter sido adiada no ano passado devido à pandemia. Os jogos “são uma celebração de algo ainda mais importante; de algo que nosso mundo precisa agora, mais do que nunca> uma celebração de esperança”, concluiu o diretor-geral da OMS.