Na cúpula do Brics, presidente Lula cobra ação climática de países ricos e critica guerra em Gaza

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Presidente Luiz Inácio Lula da Silva | Foto: Ricardo Stuckert/PR

São Paulo – O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) declarou nesta quarta-feira, durante discurso na 16 cúpula de líderes do Brics (grupo composto por Brasil, Rússia, India, China e África do Sul), que o bloco é um “ator indispensável” no combate à crise climática, cuja responsabilidade principal atribuiu aos países ricos. A reunião ocorre em Kazan, na Rússia, com participação virtual do presidente brasileiro.

“O Brics é um ator incontornável no enfrentamento da mudança climática. Não há dúvidas de que a maior responsabilidade recai sobre os países ricos, cujo histórico de emissões culminou na crise que enfrentamos hoje”, afirmou Lula. Ele também destacou a necessidade de ampliar o financiamento prometido pelas nações desenvolvidas. “É preciso ir além dos US$ 100 bilhões anuais, que foram prometidos e não cumpridos, e fortalecer as medidas de monitoramento dos compromissos assumidos. Os dados científicos apontam para um senso de urgência sem precedentes”, acrescentou.

Apesar da crítica aos países ricos, Lula reconheceu o papel dos emergentes na luta climática. “Cabe aos países emergentes fazer sua parte para limitar o aumento da temperatura global a 1,5ºC em relação aos níveis pré-industriais”, afirmou. “Na COP30, em Belém, vamos mostrar que é possível conciliar maior ambição em nossas contribuições com o princípio de responsabilidades comuns, mas diferenciadas”, destacou.

O presidente brasileiro também abordou o conflito na Faixa de Gaza, classificando-o como uma “insensatez” e afirmando que o território se tornou “o maior cemitério de crianças e mulheres do mundo”. “Muitos insistem em dividir o mundo entre amigos e inimigos, mas os mais vulneráveis não estão interessados em dicotomias simplistas”, declarou. Segundo ele, o que as populações mais necessitadas realmente buscam é acesso a alimentos, trabalho digno, serviços de saúde e educação de qualidade, além de um meio ambiente saudável e uma vida em paz, sem a ameaça de conflitos armados. Lula alertou ainda para a expansão da violência para a Cisjordânia e o Líbano.

Por fim, Lula enfatizou os objetivos do Brasil ao assumir a presidência do Brics no próximo ano, destacando a luta por um mundo multipolar e relações internacionais menos desiguais. “Na presidência brasileira do Brics, queremos reafirmar a vocação do bloco na luta por um mundo multipolar e contra a imposição de ‘apartheids’ no acesso a vacinas e medicamentos, como vimos na pandemia, e no desenvolvimento da Inteligência Artificial, que corre o risco de se tornar um privilégio de poucos”, concluiu.

Lula estava programado para viajar à Rússia para a cúpula. No entanto, devido a uma queda sofrida no sábado (19), que resultou em uma pancada na cabeça, a viagem foi cancelada por orientação médica. O acidente doméstico causou um pequeno sangramento no cérebro, exigindo monitoramento contínuo dos médicos.