Na primeira sessão de setembro, Bolsa fecha em alta com ajuda da Petrobras e dólar avança

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta na primeira sessão de setembro puxada pela Petrobras (PETR3 e PETR4), apesar da queda da ação de maior peso no índice, a Vale (VALE3).

Mas em boa parte do pregão, o Ibovespa operou no negativo com o temor de um aumento mais agressivo dos juros nos Estados Unidos e Europa e com os sinais de uma possível recessão.

Ademais do lockdown na China e os índices de gerentes de compras mais fracos no país asiático e zona do euro. Os investidores ficam à espera amanhã (02) do relatório de empregos (payroll, sigla em inglês) -considerado um dos dados mais importantes para entender a economia norte-americana.

Por aqui, o ponto favorável foi o Produto Interno Bruto (PIB) que avançou 1,2% no 2T22 e a balança comercial também registrou superávit de US$ 4,16 bilhões em agosto.

O destaque de baixa ficou para as ações de IRBBrasil (IRBR3), que perderam 14,63%, com a precificação da oferta pública primária de ações, que se dá após o fechamento do mercado. A movimentação é de R$1,2 bilhão. O papel chegou a cair 26% no mês.

E as ações da MRV (MRVE) ficaram entre as maiores alta do índice, avançaram 7,59%.

O principal índice da B3 subiu 0,80%, aos 110.405,30 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em outubro registrou ganho de 0,23%, aos 111.960 pontos. O giro financeiro era de R$ 27,4 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam mistas.

Virgilio Lage, especialista da Valor Investimentos, disse que o Ibovespa chegou a cair mais de 1% na primeira parte do pregão e acabou recuperando bem, passando a subir “tendo em vista a melhora em Nova York e a valorização da Petrobras, apesar da queda de Vale”.

Lage também citou a balança comercial que teve saldo positivo em agosto, de US$ 4,16 bilhões, e “aumenta a confiança no investidor”.

Leandro Petrokas, diretor de research e sócio da Quantzed, comentou que apesar de os juros estarem em forte queda “não vemos uma reação nas ações do varejo; o setor mais expressivo é o setor imobiliário”.

Um analista do mercado financeiro que não quis se identificar disse que a preocupação com os juros nos Estados Unidos e Europa e problemas na China com lockdown e seca pressionam o mercado global e “contamina a Bolsa, apesar do PIB ter vindo muito bom, superando o nível pré-pandemia”.

O analista acrescentou que a queda das mineradoras em Londres “estão impactando a Vale”.

Nicolas Farto, especialista em renda variável da Renova Invest, disse que o índice futuro dava sinais de abertura negativa, mas acabou arrefecendo com o PIB positivo, que veio muito bom, mas continua pesando as dúvidas em relação ao mercado americano com juros mais altos e amanhã tem o relatório de empregos (payroll, sigla em inglês).

“Hoje a fotografia é ruim com os PMIs para baixo, lockdown na China e está todo mundo bastante receoso e com a expectativa de payroll pra amanhã. Hoje é um dia desafiador para o Ibovespa, apesar da nossa Bolsa estar caindo menos que lá fora. Falas de candidatos [que concorrem à presidência da República] também podem gerar ruídos”.

O especialista em renda variável da Renova Invest disse que “duvida que os investidores vão tomar grandes risco até sair o payroll. A princípio é de um payroll mais fraco e se vier forte tender a reforçar a tese de uma alta mais agressiva de juros nos Estados Unidos”.

O dólar comercial fechou a R$ 5,238 para venda, com valorização de 0,71%. O risco de recessão global e a expectativa de políticas restritivas monetárias continuaram sendo o principal fator de impulsão da moeda americana sobre o real.

“Os mercados devem permanecer ecoando incertezas tanto sobre o crescimento chinês, em especial após novas restrições à mobilidade e sondagens de atividade, quanto política monetária nos EUA, em compasso de espera pelo payroll amanhã”, afirmou a Levante em relatório.

O número de empregos criados ou perdidos pela economia (payroll) e a taxa de desemprego referentes a agosto serão publicados às 9h30 pelo Departamento do Trabalho. A previsão é abertura de 309 mil vagas e 3,5% na taxa de desemprego.

A Mirae Asset, em relatório, destacou ainda o discurso de Jerome Powell, presidente do FED, na semana passada. “Ele aproveitou o tradicional discurso de abertura do encontro de banqueiros centrais em Jackson Hole para dar um recado mais duro para o mercado: o principal foco da instituição hoje é trazer a inflação para a meta de 2% e isso poderá trazer alguma dor, ou seja, retração da economia”, disse a casa.

Rafaela Vitória, economista-chefe do banco Inter, por sua vez, destacou o resultado do PIB “com nova surpresa positiva”: +1,2%, que teria amenizado o impacto negativo externo. “Na comparação anual, o crescimento foi de 3,2%. Deixa carrego de 2,4% para o ano. Destaque para a indústria, especificamente a construção, e do lado da demanda os investimentos crescendo mais forte”, afirmou.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda neste início de mês após anúncio de corte nos preços de combustíveis. O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,720% de 13,735% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 12,875%, de 12,985%, o DI para janeiro de 2025 ia a 11,760%, de 11,970% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 11,545% de 11,755%, na mesma comparação.

Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em campo misto, após quarto sessões consecutivas de perdas, dando início ao mês de setembro com os investidores de olho na divulgação dos dados do mercado de trabalho amanhã para avaliarem os próximos passos do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: +0,46%, 31.656,42 pontos
Nasdaq 100: -0,26%, 11.785,1 pontos
S&P 500: +0,29%, 3.966,85 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Pedro de Carvalho e Darlan de Azevedo / Agência CMA