Não dá pra dizer que vai influenciar no ritmo de cortes a partir de maio, diz Campos Neto sobre a inflação dos EUA

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São Paulo, 10 de abril de 2024 – O presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, disse hoje em entrevista à GloboNews, que ainda não dá pra dizer que o ritmo de cortes de juros vai ser influenciado pelos dados de inflação dos Estados Unidos divulgados hoje, que vieram acima do esperado.

“Não há uma relação mecânica entre o que acontece nos Estados Unidos e no Brasil, muitos outros fatores devem ser analisados.”

O mandatário explicou que as comunicações do Comitê de Política Monetária (Copom) deram conta de que as incertezas haviam aumentado especialmente no exterior e, por isso, o comitê só conseguia enxergar mais um corte de 0,50 p.p. à frente.

“Tivemos uma notícia boa local e uma ruim no cenário externo, mas as coisas não estão mecanicamente relacionadas”, disse ele, se referindo ao Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de março, que veio abaixo do esperado – +0,16% ante expectativa de +0,25% – e do índice de preços ao consumidor (CPI, na sigla em inglês), que em março subiu 0,4% ante projeção de +0,3%.

Durante a conversa, Neto disse ainda que com os juros norte-americanos mais altos associados a uma dívida também mais alta gera um custo maior de rolagem dessa dívida.

Com relação ao seu mandato, que acaba no dia 31 de dezembro de 2024, o atual presidente do BC explicou que não declarara que anteciparia sua saída do cargo. O que ele disse é que havia sugerido que seria bom que o governo tivesse um nome antes do recesso de fim de ano do Congresso Nacional, uma vez que o próximo presidente da entidade deve ser sabatinado pelos parlamentares ante de assumir a função.

Disse, ainda, que não acredita em um “perfil ideal” para o presidente do BC, mas que é importante a pessoa no cargo saiba dizer ‘não’ em prol da sua missão, que é perseguir a meta de inflação decidida pelo Governo Federal.

Questionado sobre o Conselho de Controle de Atividades Financeiras, o Coaf, e o nível de ‘dor de cabeça’ que o órgão de inteligência traz aos técnicos do Banco Central, disse “que o Coaf não dá dor de cabeça já há algum tempo” e que o conselho foi levado para dentro do BC na tentativa de blindá-lo.

Quanto à possibilidade de vir a concorrer a algum cargo político, Neto foi enfático: “Essa é a pergunta mais fácil de ser respondida: não tenho nenhuma ambição política. Zero.”

A próxima decisão sobre manutenção ou corte da Selic (taxa básica de juros) deve ser anunciada pelo Comitê de Política Monetária (Copom) no dia 1o de maio de 2024.