Não honrar dívidas seria uma catástrofe econômica e financeira nos EUA, diz Yellen no G7

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São Paulo – A secretária do Tesouro dos Estados Unidos, Janet Yellen, alertou que o país enfrentará uma “catástrofe econômica e financeira” se não cumprir suas obrigações financeiras, o que ela acredita ser possível já a partir do dia 1º de junho. A autoridade tem defendido veementemente que o Congresso norte-americano eleve ou suspenda o teto da dívida para evitar uma crise iminente.

Yellen fez a mais recente advertência em declarações preparadas para uma entrevista coletiva antes de uma reunião no Japão com seus pares do Grupo dos Sete (G7), além de India, Indonésia e Brasil.

Em sua fala, a secretária enfatizou as consequências graves que uma inadimplência traria para os Estados Unidos e para a economia global. “Milhões de americanos podem perder seus empregos, a renda familiar seria reduzida, as empresas americanas veriam os mercados de crédito se deteriorarem e milhões de famílias americanas que recebem pagamentos do governo provavelmente ficariam sem os recursos que lhes foram prometidos”, alertou Yellen.

Ela destacou que um calote do governo norte-americano “ameaçaria os ganhos que trabalhamos tanto para obter nos últimos anos em nossa recuperação pandêmica, e isso desencadearia uma recessão global que nos atrasaria muito mais”. Além disso, Yellen apontou que a liderança econômica global dos Estados Unidos seria prejudicada, levantando questões sobre a capacidade do país de defender seus interesses de segurança nacional.

Yellen ressaltou que não há motivo para gerar uma crise causada pelos próprios Estados Unidos, já que o Congresso tem histórico de elevar ou suspender o limite da dívida cerca de 80 vezes desde 1960. Ela fez um apelo para que o Parlamento aja rapidamente para evitar a situação de inadimplência.

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, também expressou ontem sua preocupação com a possibilidade de a economia do país entrar em recessão se o Congresso não agir a tempo de evitar que o Tesouro fique sem recursos para pagar as contas do governo, o que pode ocorrer já no próximo mês.

Yellen criticou a postura dos republicanos em relação à questão, afirmando que sua falta de ação equivale a uma “crise criada por nós mesmos”. Ela alertou que apenas a ameaça de um calote poderia levar a um rebaixamento da classificação de crédito do governo norte-americano como aconteceu durante uma disputa sobre o teto da dívida em 2011. Isso resultaria no aumento das taxas de juros em hipotecas, pagamentos de automóveis e cartões de crédito, que já estão subindo nas dívidas com vencimento por volta de 1º de junho.

Yellen enfatizou que a economia dos Estados Unidos sofreria um golpe “substancial” se o Tesouro não pudesse emitir dívida, além do impacto nos mercados financeiros, nas instituições e na confiança do consumidor. “Todas essas análises mostram que cairíamos – se isso durar por um período significativo de tempo – em uma desaceleração muito substancial”, concluiu.