Não temos confiança suficiente para reduzir os juros, diz Powell

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O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell / Foto: Fed

O presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em um evento no Economic Club de Washington, D.C, manteve o discurso de que ainda não é hora de reduzir os juros até que os membros do Comitê Federal de Mercado Aberto (Fomc, na sigla em inglês) tenham confiança de que a inflação está em ritmo sustentável aos 2%. “Não ganhamos confiança ainda”.

Ele também disse que o dia é ‘triste’, em alusão ao atentado ao candidato à presidência dos Estados Unidos, Donald Trump, no último sábado. “Violência política não tem lugar no nosso país”.

Powell fez uma retrospectiva de como estava a economia norte-americana antes da pandemia de Covid-19, e que, por conta dos fechamentos das indústrias, que a sua recuperação viria, e que, com o sobreaquecimento, os indicadores econômicos voltariam ao normal.

“Tínhamos previsto que a economia se resfriaria, e o mercado de trabalho iria se arrefecer. Hoje, ele não está mais sobreaquecido”.

Mas, ao falar de reduzir as taxas, embora ‘as últimas três leituras nos deram um pouco de confiança’, ainda não foi suficiente, e ele disse que ‘não vou enviar nenhum sinal sobre futuras decisões do Fed’. Ele reforçou que o Fed é independente e não usa filtros políticos para as decisões do banco. “Usamos os dados para nos basear. Queremos um banco central que não faça política monetária contra ou favor de algum partido”.

Ele disse que, a respeito de aguardar a inflação chegar a 2% para reduzir os juros, “se esperarmos para ver a inflação chegar exatamente a 2%, talvez vamos esperar muito tempo. Isso acontece porque o nível de aperto da economia ainda vai surgir algum efeito mesmo depois disso. O que nos dará mais confiança para reduzir os juros é termos mais dados melhores de inflação, e isso ainda não temos”.

Ao falar sobre a trajetória da inflação na época da Covid, Powell disse que a estimativa era de que a inflação que surgiu seria provisória. “Acho que sobrestimamos quão rápido a economia voltaria ao normal, e que a inflação cairia por si só”.

Ele continuou dizendo que os riscos para a economia seriam grandes na Covid e no pós-Covid. “A economia reabriu e a demanda foi muito grande”. Além disso, a taxa neutra de juros hoje provavelmente está mais alta do que antes.

Ao responder uma pergunta sobre a atitude do Banco Central Europeu (BCE) de reduzir os juros, o presidente do Fed disse que a economia norte-americana, diferente das de outros países avançados, é mais forte. “A economia está em um lugar diferente da zona do euro”.

A dívida pública norte-americana foi um dos assuntos discutidos na entrevista. Ele disse que se preocupa com o seu tamanho (tem mais de US$ 34 trilhões de débitos), mas que esse assunto não faz parte do mandato do Fed. “Quem quer que seja eleito, precisa se preocupar com a dívida do país”.