São Paulo – O presidente russo, Vladimir Putin, acaba de reconhecer a independência das regiões orientais de Donetsk e Luhansk da Ucrânia. Os locais estão sendo controlados por separatistas ucranianos apoiados por Moscou. Estados Unidos e União Europeia afirmaram que caso Putin fizesse esse reconhecimento, sanções seriam aplicadas ao país.
“Não tenho outra alternativa a não ser reconhecer a independência das regiões de Donetsk e Luhansk”, afirmou Putin em anúncio à nação.
Durante seus comentários, Putin expôs queixas históricas contra a Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e os Estados Unidos, acusando os governos ocidentais de atividades hostis que ameaçam a segurança russa. Putin também defendeu o envolvimento na região para o povo russo.
OTAN
“A Ucrânia nunca foi independente, e sim um Estado colonizado pelos Estados Unidos”, disse Putin. Segundo ele, há forte interferência do país de maneira indireta, como por meio da Convenção das Nações Unidas contra a Corrupção.
De acordo com ele, a Otan vem tentando expandir seu controle desde a Reunificação da Alemanha, em 1990. “A Otan havia prometido que não tentaria expandir-se para o Oriente, mas não cumpriu com sua palavra. Já ocorreram cinco ondas de expansão, com a Ucrânia na mais recente delas”, disse Putin. Segundo o presidente russo, o governo ucraniano já participa da organização militar mesmo sem afirmar oficialmente.
“Nossas condições eram de que as garantias de segurança de uma nação não poderiam ameaçar a de outra. Tentamos fazer parte da Otan e não fomos bem recebidos. Mas mesmo assim, a Otan quer se aliar à toda nossa vizinhança”, disse ele.
“Os Estados Unidos nunca gostaram que a Rússia defendesse a própria soberania. Sempre seremos vistos como inimigos por eles, assim como uma ameaça pela Otan”, afirmou Putin.
O presidente russo também acusou a Ucrânia de estar querendo desenvolver armas nucleares, aumentar a presença militar da Otan na região e “perseguir seus cidadãos praticantes do catolicismo ortodoxo e os indígenas russos da região’.
REUNIÃO DE SEGURANÇA
Antes do discurso de Putin, o Kremlin disse que o presidente russo discutiu sua decisão com o presidente francês Emmanuel Macron e o chanceler alemão Olaf Scholz. Ambos os líderes expressaram sua decepção com a decisão de Putin, mas indicaram sua prontidão para continuar as negociações diplomáticas, acrescentou o Kremlin.
O anúncio para reconhecer a chamada República Popular de Donetsk e a República Popular de Luhansk, áreas separatistas no Donbas, ocorre horas depois de Putin convocar uma reunião de segurança nacional.
Durante a reunião, altos funcionários russos discutiram publicamente o reconhecimento da independência dos dois enclaves onde as forças ucranianas e os rebeldes apoiados pela Rússia estão envolvidos em um longo impasse armado. O conflito nas regiões separatistas começou em 2014, logo após a anexação ilegal da Crimeia pela Rússia, uma península no Mar Negro.
SANÇÕES
Aliados dos Estados Unidos e da Europa alertaram que o reconhecimento de Putin das regiões separatistas da Ucrânia pode servir como um possível prelúdio para uma invasão russa.
Mais cedo, o ministro das Relações Exteriores da Ucrânia, Dmytro Kuleba, disse que solicitou uma reunião urgente do Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas (ONU). Não ficou imediatamente claro quando ou se o pedido da Ucrânia seria aceito pelo Conselho de Segurança de 15 membros, do qual a Rússia é membro.
Na semana passada, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, alertou que o reconhecimento de Donetsk e Luhansk desencadearia uma “resposta rápida e firme dos Estados Unidos em plena coordenação com nossos aliados e parceiros”.
Mais cedo, o chefe de diplomacia da União Europeia, Josep Borrell, disse que o bloco está disposto a aplicar sanções se a Rússia reconhecesse os Estados como independentes.