São Paulo – O Instituto Aço Brasil apresentou as estatísticas do primeiro trimestre de 2023, as previsões para o ano e a projeção preliminar de consumo aparente para 2024 das produtoras brasileiras de aço. Os dados foram apresentados pelo presidente do conselho diretor do Instituto Aço Brasil, Jefferson De Paula (ArcelorMittal Brasil), e o presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes em coletiva de imprensa realizada nesta tarde.
“Não temos nenhum indicador que mostre otimismo para 2023”, disse o presidente executivo do Aço Brasil, Marco Polo de Mello Lopes, na apresentação a jornalistas. “Com os dados do primeiro trimestre, não vemos perspectiva de que haverá crescimento, mas esse cenário pode ser revertido se as questões que consideramos prioritárias forem enfrentadas.”
De Paula disse que, mesmo com previsão de crescimento apresentada pela indústria automobilística, a tendência da economia brasileira e da siderurgia é de queda nos próximos meses, acompanhando expectativa de retração dos setores de construção civil e máquinas e equipamentos.
A entidade reduziu as projeções para vendas em 2023, para para queda de 0,7%, de alta 1,9% em novembro, para 20,082 milhões de toneladas e de expansão do consumo aparente, para alta de 1%, de expansão de 1,5% prevista no fim de 2022. A previsão de investimento, de R$ 40,6 bilhões de 2023 até 2026 – mantendo a média dos últimos anos e o aporte de R$ 11,9 bilhões em 2022, e de alta de 2% na produção, para 34,655 milhões de toneladas em 2023, foram mantidas, assim como de importações, +2,5%, para 3,432 milhões. A previsão de exportações subiu para aumento de 7,6%, ante 2,1% antes, para 12,845 milhões de toneladas.
No primeiro trimestre de 2023 (1T23), a produção caiu 6,8% na comparação com igual período de 2022, para 8 milhões de toneladas, 0,3% acima do 4T22. As vendas internas subiram 2% na base anual e 6% na trimestral, para 4,9 milhões de t no 1T23, as exportações recuaram 6,1% e cresceram 20,2% nas mesmas bases, para 3,2 milhões de t, as importações no 1T23 foram de 1 milhão de t, altas de 22,2% e 5,1% anual e trimestral, e o consumo aparente totalizou 5,9 milhões de t, um avanço de 3,4% e de 5,7% em relação ao 1T22 e 4T22.
Os dirigentes consideram que em março houve uma compra estratégica dos seus clientes, com aumento ante o primeiro bimestre de 2023 e elevação dos estoques.
Os previsões consideram elevações do PIB mundial, Brasil e China de de 2,8%, 0,9% e 5,2% para 2023.
Em 2022, a indústria siderúrgica tinha 31 usinas em operação, administradas por 11 grupos, com capacidade instalada de 51 milhões de toneladas por ano de aço bruto e produção anual de 34 milhões de toneladas, 127 mil empregos e R$ 35 milhões em impostos pagos.
Os dirigentes da indústria de aço citaram entre as prioridades da agenda econômico a retomada do crescimento com ajuste fiscal, reforma tributária, investimentos em infraestrutura, construção civil e exportações, recuperação da competitividade com redução do custo de investir no país, e transição energética. Eles avaliam que a reforma tributária dará competitividade à indústria e possibilitar o aumento da produção via redução do déficit comercial.
Eles criticaram revisões em curso na área de saneamento e citaram R$ 5,4 trilhões em contenciosos tributários.
Em relação às mudanças no Minha Casa, Minha Vida, os empresários disseram que é preciso resolver isonomias tributárias e homologação do sistema construtivo pela Caixa.
A entidade vê como riscos para o crescimento global a inflação persistente, estresse nos mercados financeiros, persistência da guerra entre Rússia e Ucrânia.
O instituto destacou que a produção anual de aço no Brasil equivale a 12 dias de produção na China, segundo o instituto. De 2000 a 2022, o país aumentou sua participação mundial de 1,4% para 53,4%, segundo dados da World Steel Association apresentados na coletiva. Em 2022, a produção mundial foi de 1,829 bilhão de toneladas, sendo 1 bilhão da China. O Brasil ficou em nono lugar, com 34 milhões de toneladas.
Na estatística mensal apresentada em 16 de março, a entidade mostrou que, em fevereiro, a produção de aço bruto atingiu 2,5 milhões de toneladas, um recuo de 6,7% frente ao apurado no mesmo mês de 2022 e baixa de 9,1% em comparação a janeiro. No primeiro bimestre de 2023, a produção de aço bruto atingiu 5,3 milhões de toneladas, com recuo de 5,8% frente a igual período do ano passado.
REVISÃO
Em comunicado, o Instituto Aço Brasil disse que a a desaceleração de setores consumidores e a perspectiva para próximos meses justificam revisões. “Diante da menor produção nos primeiros meses do ano, somada à expectativa de maiores incertezas em relação à atividade econômica para os próximos trimestres, o Instituto Aço Brasil decidiu rever as projeções para o setor em 2023.”
“A contração do crédito e a consequente redução no consumo de bens duráveis vêm afetando o desempenho de setores consumidores de aço, o que já trouxe impactos para a produção do setor no trimestre passado. O recuo do consumo desses setores lança incertezas sobre o desempenho da indústria do aço nos próximos meses, o que embasa a revisão das expectativas.
As preocupações se acentuam com o que ocorre no cenário externo, com previsão de desaceleração da economia global, por efeito da continuação do conflito entre Rússia e Ucrânia, inflação persistente e estresse nos mercados financeiros em um ambiente de continuação de elevação de juros em alguns países
Existe uma série de preocupações no cenário que impedem a manutenção de uma perspectiva predominantemente otimista para o ano neste momento. A reversão do quadro doméstico nos próximos meses depende fundamentalmente da melhora da perspectiva conjuntural e da sinalização de avanços na agenda de competitividade do país. Dentre esses avanços esperados e necessários, a reforma tributária é o principal. Se aprovada, trará um efeito positivo para toda a economia, no caminho da retomada do crescimento sustentado, diz Jefferson De Paula, presidente do Conselho Diretor do Instituto Aço Brasil, presidente da ArcelorMittal Brasil e CEO da ArcelorMittal Aços Longos e Mineração LATAM.
PROJEÇÕES 2024
Para 2024, projeta-se consumo aparente de 23,883 milhões de toneladas, o que representa uma alta de 3% sobre o consumo aparente estimado para 2023.
ICIA
Em abril, o Indice de Confiança da Indústria do Aço (ICIA) atingiu 41,7 pontos. Apesar do crescimento de 9 pontos entre março e abril, o indicador ainda se encontra 8,3 pontos abaixo da linha divisória de 50 pontos, o que caracteriza a persistência de baixa confiança dos CEOs da indústria do aço.