São Paulo – A Natura&Co, que reúne as marcas Natura, Avon, The Body Shop e Aesop, reportou prejuízo líquido consolidado de R$ 643,1 milhões no primeiro trimestre de 2022, alta de 314,4% ante o observado em igual período do ano anterior, de R$ 155,2 milhões.
A receita líquida da companhia foi de R$ 8,25 bilhões no trimestre, 12,7% menor que a vista no mesmo período de 2021, devido à valorização da moeda brasileira, e 4,6% menor em moeda constante (CC), sobre uma base de comparação muito forte no 1T21 (+25,8% em reais e +8,1% em CC vs. 1T20).
Por unidade de negócio, a receita foi de R$ 4,75 bilhões em Natura&Co Latam, queda de 8,4% em moeda reportada e 2,1% em CC; R$ 1,8 bilhão em Avon (-22,1% e -10,1%); R$ 1,1 bilhão em The Body Shop (-22,9% e -16%); e R$ 642,4 milhões em Aesop (+9,6% e +21,3%).
Segundo a companhia, como esperado, este trimestre também foi impactado pelo aumento da inflação que afetou os gastos discricionários nos principais mercados, pelas pressões de custos na cadeia de suprimentos e primeiros efeitos da guerra na Ucrânia. “Comparado ao 1T20, que exclui alguns dos efeitos não recorrentes da pandemia, o desempenho da Natura &Co está amplamente em linha com os pares globais de Cosméticos, Fragrâncias e
Higiene Pessoal (CFT) em +9,8% e, em relação ao 1T19, a Natura &Co superou os
pares de CFT em +11,9% em reais.”
Em relação ao desempenho do mercado de Cosméticos, Fragrâncias e Higiene Pessoal, a cia explica que sua estimativa tem base na receita líquida de pares globais versus anos anteriores de aproximadamente +5,6% no 1T22 versus 1T19 (em moeda reportada), conforme reportado pelas empresas ou estimativas publicadas na Bloomberg para aqueles que ainda não reportaram seus resultados.
O ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) do período caiu 37,8% no período, para R$ 515,7 milhões, de R$ 829,1 milhões, na mesma base de comparação. Em termos ajustados, o ebitda encolheu 38,1%, para R$ 595,9 milhões.
A companhia reafirmou o seu guidance de margem ebitda 2024 para atingimento do guidance de médio prazo de receita e de endividamento agora esperados para 2024 (vs. 2023 anteriormente), apesar da guerra na Ucrânia e da recente deterioração do cenário macroeconômico e geopolítico, que estão impactando os gastos e a demanda do consumidor. “No entanto, diante desses efeitos, a companhia agora espera atingir suas metas de receita líquida consolidada e alavancagem em 2024, contra 2023 anteriormente”, disse, no relatório de resultados do 1T22.
Segundo Roberto Marques, CEO do Grupo e Presidente Executivo de Natura &Co, conforme indicado nos resultados do 3T21 e 4T21, a Natura&Co continuou a enfrentar um ambiente desafiador no 1T22, além de uma base de comparação difícil e movimentos cambiais desfavoráveis.
“Nosso desempenho reflete mudanças intencionais em andamento na Avon, como a simplificação do portfólio e a implementação do novo modelo comercial, assim como os impactos da guerra na Ucrânia, que se somou às pressões inflacionárias e afetou a demanda do consumidor, além dos efeitos remanescentes da pandemia de Covid-19. Essa combinação resultou em menores vendas e lucratividade no trimestre em comparação ao 1T21, refletindo em parte nossa maior exposição à América Latina e Europa, enquanto o crescimento global do mercado de beleza atualmente é impulsionado principalmente pela Ásia e América do Norte.”
Entre os pontos positivos, o executivo destacou que no Brasil, a Natura registrou crescimento de receita mesmo com uma forte base de comparação, graças a uma oferta de produtos que atende melhor à demanda atual, enquanto a Avon viu uma melhora no desempenho dos seus fundamentos.
“Isso ficou evidenciado pelos ganhos de produtividade na categoria de beleza nesse trimestre, pela primeira vez desde a implementação do novo modelo comercial na Avon Brasil, cujo desempenho melhorou mês a mês durante o trimestre. O novo modelo comercial da Avon International está contribuindo para a melhora de alguns indicadores-chave de desempenho, como o crescimento de produtividade e índice de atividade estável, excluindo Rússia e Ucrânia, embora as operações em toda a Europa tenham sido impactadas pela guerra, levando à queda na confiança e no poder de compra do consumidor devido à pressão inflacionária. A The Body Shop enfrentou um trimestre particularmente difícil devido à fraca demanda do consumidor na Europa, assim como o efeito do mix de canais, enquanto a Aesop continuou crescendo, principalmente na Ásia e
na América do Norte, entregando mais um trimestre de crescimento de dois dígitos em moeda constante”, destacou.
A perspectiva da empresa é de que o cenário externo continue desafiador no segundo trimestre e seguirá adotando medidas tais como maior contenção de gastos e rígida disciplina financeira nos investimentos para proteger sua lucratividade e geração de caixa. “Esperamos também ganhos incrementais decorrentes da transformação da Avon no 2S22, com melhora contínua nos seus fundamentos e indicadores-chave, que já estão na direção correta, além de uma base de comparação mais favorável para o grupo”, comentou o
presidente da companhia.