Natura vai implementar digitalização da Avon no primeiro trimestre

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São Paulo – A Natura está implementando um novo modelo comercial da marca Avon, que foi testado no quarto trimestre do ano passado, baseado na digitalização da marca, com o uso de aplicativos e vendas via redes sociais e comércio eletrônico, atualmente na mídia com a campanha publicitária “Avon On”.

“Estamos recuperando a marca Avon, a utilização do aplicativo e tivemos uma crescimento muito forte. Esperamos que, ao longo de 2021, ter um crescimento expressivo, acompanhando o da Natura na região”, disse Roberto de Oliveira Marques, presidente da companhia, em teleconferência com investidores sobre os resultados do quarto trimestre.

Entre as funções já disponíveis do novo modelo comercial está o compartilhamento do catálogo digital, a denominada “social selling”, que possibilita a representante impulsionar as vendas via redes sociais e aplicativos de mensagem, como o Whatsapp.

Na segunda-feira, a companhia vai lançar um novo posicionamento de marca da Avon, que foi lançado primeiro na Europa, chamado “Watch me now”, que pretende passar mensagens ligadas a temas como “antirracismo”, por exemplo, e outros com os quais a companhia espera criar maior identificação da marca com os consumidores.

O executivo disse que a companhia também está começando um piloto de segmentação na Africa do Sul, baseado no modelo comercial implementado na América Latina.

Os executivos da companhia disseram que as restrições comerciais impostas durante a pandemia levaram à transição das lojas físicas para o comércio eletrônico, mas que isso pode mudar com a flexibilização das restrições. Eles esperam que a reabertura do mercado na Europa, com o relaxamento das medidas preventivas à transmissão da covid-19, irá impulsionar os resultados da empresa no segmento de maquiagem.

Em 2020, a companhia concluiu a compra da marca Avon, anunciada no quarto trimestre de 2019, e disse que sinergias geradas pela aquisição totalizaram US$ 25,5 milhões no quarto trimestre e US$ 73,3 milhões em todo o ano passado.

“Em 2021, vamos alcançar o nível de sinergias estimado anteriormente pela compra da Avon e estamos buscando reduzir os custos para atingir esse objetivo.”

Em relação aos resultados do ano passado, os executivos destacaram o crescimento da companhia em segmentos como maquiagens e casa, como marca presenteável e da maior contribuição dos resultados das operações em outras regiões, como alta de 3,0% das vendas no Reino Unido no quarto trimestre, ainda que afetadas negativamente pelas restrições da circulação e de abertura do comércio devido à pandemia.

“A marca Natura continua crescendo dois dígitos no Brasil e América Latina, se destacando no Reino Unido e Rússia e com bons resultados na Ásia e Oceania com The Body Shop e Aesop.”

A Natura encerrou 2020 com uma posição de caixa de R$ 8,3 bilhões, atribuído à disciplina de custos e priorização de investimentos em marca, pesquisa e desenvolvimento e tecnologia. A companhia disse que a contribuição de todas as unidades de negócio foi significativa e espera que a combinação de todos os negócio aumente a geração de caixa em 2021.

ELEVAÇÃO DO RATING

A agência de classificação de riscos Moody’s elevou o rating da Avon de ‘B1’ para ‘Ba3’ e sua recomendação de negativa para estável, devido ao suporte oferecido por sua controladora Natura&Co ao perfil de crédito da companhia, dada à sua relevância para o grupo. A mudança ocorreu em 3 de março.

“Os ratings Ba3 da Avon refletem principalmente os laços estreitos entre as duas empresas e o suporte esperado da Natura para a Avon, dada a relevância da empresa para o grupo. A Natura tem um perfil de crédito mais forte do que a Avon de forma autônoma e um histórico comprovado de disciplina financeira”, disse a agência, em nota.

A avaliação cita como exemplo os empréstimos fornecidos pela Natura para a Avon, incluindo US$ 960 milhões para pagar as notas em aberto com vencimento em 2022, o pedido de autorização para incluir a Natura como fiadora das notas em circulação da Avon com vencimento em 2023, concedida em janeiro deste ano e que se tornarão válidas no futuro e a gestão centralizada da dívida e do caixa dentro do grupo também.