Negociações entre Gol e Azul para futura fusão avançam, afirma Valor Econômico

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São Paulo, SP – A Abra (holding da Gol) e Azul devem assinar um memorando de entendimento nas próximas semanas para discutir condições para uma potencial combinação de negócios, apontou hoje o jornal Valor Econômico.

Segundo a matéria, o Capítulo 11 (Chapter 11) em andamento da Gol é que estaria atrasando o progresso do suposto acordo entre as duas companhia aéreas. A previsão é que o processo de reestruturação do Chapter 11 deve ser concluído em abril. Juntas, Gol e Azul representam cerca de 60% do mercado aéreo brasileiro.

O acionamento do Chapter 11 (Lei de Falências dos Estados Unidos) é um mecanismo efetivo e comumente usado por empresas do setor em dificuldades financeiras, uma vez que permite a continuidade das operações, facilita o acesso a novos financiamentos e as negociações de passivos com os detentores das aeronaves utilizadas pela empresa brasileira.

A reportagem afirmou também que as empresas estariam dispostas a construir uma nova sociedade anônima sem um grupo de controle definido. Até o momento, nenhuma das companhias confirmou a informação, mas a administração da Azul já se manifestou publicamente seu interesse em prosseguir com tal acordo. Para o banco de investimentos BTG Pactual, para garantir controle, os principais acionistas poderiam solicitar a retenção de pelo menos cerca de 30% de participação da nova companhia. A corretora ressaltou que a fusão também poderia atrair investidores, oferecendo uma estrutura de governança clara e potencial de criação de valor a longo prazo.

Segundo o BTG Pactual, um memorando de entendimento (MoU) seria uma declaração natural de vontade de ambas as partes para que isso aconteça, o que é sempre um importante ponto de partida. “Neste ponto, precisamos de mais informações para avaliar adequadamente o prós e contras de tal mudança. O acordo parece complexo, especialmente no que diz respeito a aprovações regulatórias, necessidades de capital e governança. No entanto, quedas acentuadas na avaliação pós-COVID e recente estresse cambial pode ter fornecido a força motriz para seguir em frente”, comentou o banco
de investimentos.

Por fim, o BTG lembrou que a administração da Azul já declarou que a combinação das operações das duas companhias aéreas resultaria em sinergias significativas, principalmente devido à pequena sobreposição entre elas hoje. A Gol se concentra mais em CGH, SDU e BRB (principal hubs corporativos do país), enquanto a Azul estende a maior parte de sua linha através do interior. Assim, a combinação das rotas poderia gerar ganhos de conectividade. Também, há valor em expandir o programa de milhagem e criar ofertas combinadas para passageiros frequentes, sem falar em melhores condições para negociar termos de leasing (Gol voa exclusivamente com aeronaves da Boeing, enquanto a Azul opera principalmente em Airbuses e ERJs).