No penúltimo pregão do ano, Bolsa fecha em alta com possibilidade de alívio no quadro fiscal; dólar cai

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São Paulo- A Bolsa fechou em alta no penúltimo pregão do ano, descolando dos índices em Nova York, com duas notícias que deram um tom positivo em relação ao cenário fiscal.

Mais cedo, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, confirmou a proposta de não estender a desoneração do imposto sobre os combustíveis, que vence no sábado 31, o que favorece as contas públicas.

Somado a isso, a medida do Centrão em utilizar a proposta ministro da Economia Paulo Guedes sobre o teto de gastos para pressionar o novo governo também animou o mercado.

As ações ligadas ao consumo voltaram a subir com a queda na curva de juros. Magazine Luiza (MGLU3) avançou 6;74% e Americanas SA (AMER3) aumentou 6,11%. Já os papéis da Petrobras (PETR3 e PETR4) caíram 0,55% e 1,23% impactadas pela desvalorização do petróleo.

O principal índice da B3 subiu 1,52%, 110.236,71 pontos. O Ibovespa futuro com vencimento em fevereiro avançou 1,91%, aos 112.220 pontos. O giro financeiro foi de R$ 18,6 bilhões. Em Nova York, as bolsas fecharam em queda.

Charo Alves, especialista da Valor Investimentos, disse que a proposta de não estender a isenção de imposto os combustíveis para 2023 foi uma influência positiva na Bolsa. ” A proposta favorece os cofres públicos e é bom para o equilíbrio fiscal; o diálogo entre o Paulo Guedes [ministro da Economia] e o Haddad [futuro ministro da Fazenda] é positivo para 2023″

Alves também ressaltou que o mercado também se animou com a atitude do Centrão em utilizar alguns pontos do texto do Paulo Guedes para o controle de gastos durante a nova gestão do governo petista.

Felipe Cima, operador de renda variável da Manchester Investimentos, disse que a notícia da não prorrogação de isenção de impostos aos combustíveis, o que permite uma maior arrecadação, e a PEC do Guedes favoreceram a Bolsa. “O mercado de certa forma gostou porque sinaliza que tem a intenção de se pagar os gastos a mais de uma maneira ou de outra; e a PEC que o Guedes vai deixar relacionada ao teto de gastos que o Centrão vai usar para frear o ímpeto fiscal do novo governo fez preço”.

Armstrong Hashimoto, sócio e operador de renda variável da Venice Investimentos, comentou que a Bolsa está com a liquidez abaixo da média histórica e hoje “teria espaço para mau humor com o pedido do Haddad para o Guedes de desoneração relação ao imposto do combustível, mas estava no radar do mercado, porém o que animou a Bolsa foi a notícia de que o Centrão quer usar a PEC do Guedes para uma discussão fiscal”. O dólar comercial fechou a R$ 5,252 para venda, com desvalorização de 0,64%. Às 17h05min, o dólar futuro para janeiro tinha baixa de 0,65% a R$ 5,256. A perspectiva positiva em relação à economia chinesa e informações menos preocupantes sobre o quadro fiscal pressionaram a moeda americana.

Para Nicolas Borsoi, economista-chefe da Nova Futura, foi um dia de dólar mais fraco globalmente. “A perspectiva de abertura da China favorece moedas emergentes produtoras de commodities, e o Brasil está nessa cesta”, disse.

Segundo Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset, com três pregões restantes no ano, os mercados globais sofreram um péssimo 2022, com governos e bancos centrais enfrentando uma inflação altíssima decorrente das consequências da guerra da Rússia na Ucrânia e dos constantes lockdowns na China.

“Isso tudo cria uma dependência acima do esperado do crescimento chinês, de forma a dirimir os efeitos da recessão global e puxar as economias emergentes, reduzindo a dependência das economias centrais”, disse.

Internamente, o mercado também monitorou a questão fiscal, em dia de notícias mais positivas. A informação da volta da cobrança do PIS/Cofins sobre os combustíveis sinalizou que pode melhorar as contas públicas.

Mais cedo, o futuro ministro da Fazenda, Fernando Haddad, ratificou o pedido para que o seu colega Paulo Guedes não prorrogue a isenção do imposto. Haddad também anunciou o nome Tatiana Rosito para secretaria de Assuntos Internacionais e Fernanda Santiago como assessoria jurídica do Ministério da Fazenda.

As taxas dos contratos futuros de Depósitos Interfinanceiros (DI) fecharam em queda em dia de pouco volume, com perspectiva de alívio doméstico.

O DI para janeiro de 2023 tinha taxa de 13,658% de 13,660% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2024 projetava taxa de 13,440%, de 13,550%, o DI para janeiro de 2025 ia a 12,715%, de 12,930% antes, e o DI para janeiro de 2027 com taxa de 12,690% de 12,935% na mesma comparação.

Os principais índices de ações dos Estados Unidos fecharam o pregão em queda, com os investidores prevendo um acúmulo de perdas nesse ano e se preparando para uma recessão em 2023.

Confira abaixo a variação e a pontuação dos índices de ações dos Estados Unidos após o fechamento:

Dow Jones: -1,10%, 32.875,71 pontos
Nasdaq Composto: -1,35%, 10.213,3 pontos
S&P 500:-1,20%, 3.783,22 pontos

 

Com Dylan Della Pasqua, Pedro do Val de Carvalho Gil e Julio Viana / Agência CMA