Nós somos dependentes dos dados, não dependentes do Fed, diz Lagarde

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A presidente do Banco Central Europeu (BCE), Christine Lagarde, na coletiva de imprensa que se sucede à divulgação da decisão de política monetária hoje (11), reiterou várias vezes que as decisões do banco europeu são diferentes da do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).

“As causas da inflação nos Estados Unidos são diferentes das da zona do euro. As economias são diferentes. Embora levemos em consideração o que acontece ao redor do mundo, como os Estados Unidos e a China, nosso foco é a economia da Europa”, afirmou.

Ela falou também que a inflação da zona do euro vem caindo, mas que essa queda não é linear. “Estamos determinados a abaixar a inflação para nossa meta de 2%. Nossas decisões futuras vão garantir que a política monetária se mantenha restritiva o tempo que for necessário”.

Os juros altos vêm reduzindo a quantidade de pedidos de financiamento para empresas e pessoas. Houve um aumento discreto nos pedidos de crédito por parte de empresas e ficou praticamente estável entre as famílias.

Outro efeito, segundo Lagarde, é que a economia da zona do euro enfraqueceu no primeiro trimestre deste ano. Por outro lado, a taxa de desemprego, segundo a presidente do BCE, está no seu menor nível desde a criação do euro, e os salários estão crescendo de forma mais moderada.

Sobre as políticas fiscais de subsídios à energia, Lagarde afirmou que elas devem ser reduzidas, para que a inflação também possa cair com mais força. “Políticas fiscais devem fazer a economia ser mais produtiva e competitiva”.

Outra afirmação que ela reiterou repetidas vezes é que a inflação não vai cair de forma contínua. Haverá solavancos em alguns meses, mas a tendência é de queda, e o banco projeta chegar à meta de 2% apenas na metade de 2025.

Ela citou como itens que podem fazer a inflação subir as tensões geopolíticas, como a guerra na Ucrânia e as tensões no Oriente Médio que podem interferir no preço dos alimentos e do petróleo.

Por várias vezes ela reforçou que não poderia fazer previsões de quando o BCE poderia começar a baixar os juros. “Somos dependentes de dados. Não podemos especular sobre políticas sem ter os dados em mãos. Não nos comprometemos com nenhum caminho de redução”.

Ela citou, no entanto, que a inflação dos setores tomadas de forma individual não precisa chegar ao patamar de 2% para que o banco possa começar a flexibilizar a política monetária. Um destes setores cuja inflação ainda está alta é o de serviços, que marcou alta de 4% em março. “É inevitável que alguns setores tenham uma inflação mais alta que os outros. Vamos monitorá-los para poder tomar a melhor decisão”, concluiu.