Mulheres ainda são minoria na Bolsa, mas contas saltam 4,5 vezes

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São Paulo – Apesar do números de contas atreladas a Cadastro de Pessoas Físicas (CPFs) de mulheres ainda ser baixo na Bolsa de valores (26% do total), este número vem crescendo fortemente nos últimos anos. De acordo com dados da B3, de 2018 a 2020, o números de contas de mulheres cresceu 4,5 vezes, passando de 179.392, para 809.533.

A B3 divulgou hoje um estudo sobre o perfil dos novos 2 milhões de investidores que ingressaram no mercado entre abril de 2019 e abril de 2020. Dentro do total, foi identificado que, em sua maioria, os novos participantes são jovens com idade média de 32 anos, sem filhos (60%), com renda mensal de até R$ 5 mil (56%) e com trabalho em tempo integral (62%).

Seguindo a tendência de pesquisas anteriores, o valor do primeiro investimento entre os investidores pessoa física tem caído. Nos últimos dois anos, caiu 58%, saindo de R$ 1.916,00, em outubro de 2018, para R$ 660,00, em outubro de 2020. Entre os investidores mais jovens, os valores são menores ainda. Em outubro de 2020, o valor médio do investimento inicial era de R$ 225,00 entre os investidores de 16 a 25 anos de idade.

O ticket menor não se traduz em menor diversificação dos investimentos. Quase metade dos investidores (46%) passou a ter posição em mais de um produto de renda variável logo após a sua chegada à B3. Em 2016, por exemplo, 78% das pessoas físicas detinham somente ações. Em 2020, esse número cai para 54%, e outros produtos passam a integrar as carteiras desses investidores.

O sobe e desce do mercado, que costuma ser associado à fuga de pequenos investidores na Bolsa de valores, tem impacto menor nessa nova safra. Dentre os investidores ouvidos para o estudo da B3, 64% afirmam que resgatariam os valores investidos na Bolsa apenas se precisassem do dinheiro. A queda na rentabilidade dos ativos seria o motivo para sacar o valor para apenas 28% dos entrevistados.

“Um legado importante para o investidor é que a volatilidade deixou de ser vista como algo ruim, que assusta, que bota medo. Na medida em que ele se educa e vivencia grandes oscilações, compreende que volatilidade faz parte da dinâmica do mercado e é também uma oportunidade, dependendo da estratégia de investimentos”, explicou, em nota, Felipe Paiva, diretor de Relacionamento com Clientes-Pessoa Física da B3.

“O pensamento de médio e longo prazo já faz parte da mentalidade de boa parte dessa nova safra que começa a investir. A decisão de resgatar os investimentos fica muito mais atrelada à liquidez do que à volatilidade”, acrescentou Paiva.

De acordo com os investidores ouvidos pela B3, 73% obtêm informações sobre investimentos na internet e 60% o fazem por meio de influenciadores digitais. Ainda que sejam uma das fontes prioritárias para informação, dentre os 60% que utilizam influenciadores como fonte de informação, somente metade (32%) afirma que toma decisões de investimento baseadas em recomendações de influenciadores.

A maioria dos investidores (73% do total ouvido pela pesquisa) afirma que toma decisões de investimento por conta própria, a partir de conclusões obtidas depois da análise de dados e informações de diversas fontes.

O estudo da B3 sobre perfil e comportamento dos investidores considera dados atualizados da central depositária de renda variável da B3 e de dados coletados por meio de entrevistas com 1.371 investidores de todo o Brasil, com idade entre 18 e 65 anos, das classes A, B e C, que investiram pela primeira vez na Bolsa de valores entre abril de 2019 e abril de 2020.