O Banco do Japão (BoJ) deve evitar uma reforma drástica em sua política monetária ultraflexível neste momento, segundo Yuichiro Tamaki, líder do Partido Democrático pelo Povo (DPP), oposição ao governo. Sua declaração destaca como a recente derrota da coalizão governamental na eleição no último fim de semana complicou os planos de aumento das taxas de juros, gerando incertezas políticas que podem levar o BoJ a postergar a alta das taxas até pelo menos o final de 2024.
Tamaki enfatizou a importância de observar os salários reais ao definir políticas fiscais e monetárias. Ele destacou que, desde agosto, os salários reais estão em território negativo e estagnados. A economia do Japão está em um momento crítico, então o BoJ deve evitar fazer grandes mudanças de política agora, afirmou durante uma coletiva de imprensa. Para ele, uma revisão da política monetária só será adequada se houver certeza de que os salários reais ultrapassarão 4% nas negociações salariais da primavera do próximo ano.
A ascensão do DPP como um partido influente na política japonesa se deve à sua campanha voltada para o aumento dos salários reais e da renda familiar, propondo cortes de impostos. Com a recente perda da maioria na câmara baixa, o partido do primeiro-ministro Shigeru Ishiba, o Partido Liberal Democrático (PLD), será forçado a buscar alianças com partidos menores, como o DPP, para manter o poder.
Analistas acreditam que a crescente influência de partidos da oposição que favorecem a manutenção de uma política monetária flexível pode aumentar as chances de um adiamento nas próximas altas das taxas pelo BoJ. Embora a expectativa seja de que o banco central japonês mantenha as taxas de juros em 0,25% na reunião de política monetária marcada para quinta-feira, a maioria dos economistas consultados pela agência Reuters não prevê um aumento ainda este ano, mas acredita que isso pode ocorrer até março.
A nova administração de Ishiba, que assumiu o cargo de primeiro-ministro em 1º de outubro, parece apoiar a normalização da política do BoJ. No entanto, a fraca performance eleitoral do PLD poderá torná-lo mais cauteloso em relação a um aumento antecipado das taxas de juros. Embora as projeções continuem a indicar um aumento das taxas pelo BoJ em dezembro, há um risco não desprezível de um atraso nesse cronograma, conforme apontou Shigeto Nagai, chefe de economia do Japão na Oxford Economics.