FDA dos EUA recomenda uso de vacinas mais eficazes contra a Ômicron

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São Paulo – O painel de especialistas em vacinas da Food and Drug Administration (FDA, equivalente à Anvisa norte-americana) votou por 19 a 2 para recomendar mudar as vacinas contra a covid-19 para os imunizantes mais eficazes contra a variante Ômicron. O órgão regulador espera que a mudança seja implementada até setembro, quando as autoridades de saúde pública estão esperando outra onda de infecções.

É a primeira vez que o painel propõe que os fabricantes de vacinas modifiquem os imunizantes para atingir uma variante diferente. Espera-se que o FDA aceite a recomendação do comitê e autorize a mudança da vacina nos próximos dias.

As farmacêuticas Pfizer, Moderna, Novavax e Johnson & Johnson desenvolveram suas vacinas contra a cepa original de Wuhan, na China, em 2019. Como o vírus evoluiu rapidamente ao longo da pandemia, as vacinas tornaram-se menos eficazes na proteção contra infecções e casos leves, embora ainda estejam protegendo contra sintomas graves.

As vacinas têm como alvo a proteína Spike, que o vírus usa para invadir células humanas. No entanto, as vacinas têm dificuldade em reconhecer e atacar essa proteína conforme ela se afasta da versão original do vírus. A variante Ômicron é o exemplo mais dramático dessas variações, com mais de 30 mutações.

Segundo o Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês), as atuais três doses das vacinas atuais são apenas 19% eficazes em adultos na prevenção da infecção pela variante Ômicron após 150 dias da data de vacinação.

O chefe da divisão de vacinas do FDA, Peter Marks, afirmou que os Estados Unidos devem enfrentar uma nova onda de casos no início do outono [no hemisfério norte-, em setembro], com o clima mais frio e as pessoas se aglomerando em locais fechados.

“Por essa razão, temos que considerar seriamente uma campanha de reforço neste outono para ajudar a nos proteger”, disse Marks ao Comitê do FDA.

Tanto a Pfizer quanto a Moderna mostraram, baseados em pequenos estudos clínicos, que seus imunizantes contra a Ômicron aumentaram significativamente a resposta imune contra a cepa BA.1. No entanto, as doses de reforço não funcionaram tão bem contra as subvariantes BA.4 e BA.5, embora a resposta imune ainda fosse forte.

Outro membro do Comitê, o infectologista Paul Offit disse que não está claro se os dados de resposta imune se traduzirão em proteção significativa.

“Acredito que precisamos de um padrão mais alto para proteção além do que nos foi apresentado – [o atual] é desconfortavelmente escasso”, disse Offit sobre os dados apresentados na reunião.