Oscilações do petróleo devem influenciar movimentos da Petrobras e demais petrolíferas

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São Paulo – As oscilações do petróleo no mercado internacional devem continuar e influenciar os movimentos das petrolíferas da Bolsa brasileira, apontam analistas. No entanto, até o segundo turno das eleições, em 30 de outubro, a Petrobras não deve anunciar reajustes no preço dos combustíveis, mesmo com a alta das cotações no exterior.

Às 13h49 (horário de Brasília), os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) e 3R Petroleum (RRRP3) avançavam 1,73%, 2% e 2,22%, respectivamente, enquanto PRIO (PRIO3) caía 1,01%.O Ibovespa subia 0,37% e os preços dos contratos futuros de petróleo operavam em alta no início da tarde, à medida que as autoridades chinesas debatem a flexibilização das regras contra a covid-19 que pesaram sobre a economia e impactaram a demanda por energia.

Nesta quarta-feira (19), o valor médio da gasolina nas refinarias brasileiras estava 5% abaixo da paridade de importação, segundo a Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis (Abicom). A defasagem em relação aos preços internacionais correspondia a R$ 0,18 por litro, ante R$ 0,43 na sexta (14). No diesel, a defasagem é está em 12% nesta quarta, ou R$ 0,70 abaixo da paridade, segundo a entidade.

A Petrobras disse que evita repassar as oscilações das cotações internacionais imediatamente ao mercado interno, mas anunciou 15 cortes quando a commodity desvalorizou, o que foi usado politicamente na campanha à reeleição do presidente Jair Bolsonaro.

Na semana passada, a Agência Nacional do Petróleo, Gás e Biocombustíveis (ANP) informou que a gasolina voltou a subir nos postos brasileiros, vendido a R$ 4,86 por litro.

Para a Ativa, mesmo com os preços de gasolina e diesel no país defasados desde o início de outubro e com a velocidade na queda dos preços aparentemente maior que em movimentos de alta, tal disparidade parece precificada nos papéis da Petrobras.

Na visão da Levante Ideias de Investimento, os preços deverão seguir imprevisíveis, com uma influência pesada sobre os mercados Ibovespa entre eles, considerando um cenário mais volátil e cominfluências de Estados Unidos, Opep+ e China.

“Há alguns anos, havia dois grandes vetores no mercado de petróleo, Opep+ e Estados Unidos. Em geral, eram poderes antagônicos, apesar de poderem alinhar interesses pontualmente. No entanto, havia a compreensão tácita de que, se o mercado apertasse demais, os Estados Unidos desovariam seus estoques e regulariam os preços. Agora, a percepção é que nem mesmo uma pressão de venda americana é capaz de se contrapor a um aumento da demanda na China e às restrições, somadas, da Opep+”, comenta a Levante, em nota.

A corretora destaca o movimento iniciado na quarta-feira (19) e que está prosseguindo nesta quinta-feira (20): os preços do petróleo iniciaram um movimento de alta que poderá ser intenso e duradouro caso as condições e as expectativas do mercado não mudem.

Na manhã desta quinta-feira em Londres, os contratos futuros do barril de petróleo do tipo Brent, referência para a Petrobras (PETR3/PETR4) estavam em alta de 1,33 por cento, para 93,74 dólares por barril. Os contratos do petróleo do tipo West Texas Intermediate (WTI), referência para o mercado americano, subiam 1,8 por cento no vencimento dezembro, para 86,03 dólares por barril.

Esse movimento de alta sustentada do petróleo ao longo dos últimos dias ocorreu devido à decisão da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e da Rússia, apelidada Opep+, de reduzir a produção global em 2 milhões de barris no início deste mês, para limitar as exportações e manter os preços elevados.

Depois, houve uma baixa de 1,6% na terça-feira (18), pela decisão da China de adiar a divulgação dos dados de importação de petróleo de setembro e pelo anúncio americano de que o governo seguiria vendendo suas reservas estratégicas, em uma tentativa de baixar os preços da gasolina às vésperas da eleição congressual americana, marcada para o início de novembro.

“No entanto, bastou a China informar planos de relaxar as restrições à mobilidade social aplicadas para impedir a volta da Covid-19 que os preços subiram na quarta, e seguem subindo nesta quinta-feira”, comenta a Levante.

Em outra análise, o BTG Pactual comenta que, enquanto as discussões sobre a Petrobras permanecem centradas na política do Brasil e impactos potenciais, os players independentes de óleo e gás estão super otimistas em relação às perspectivas futuras, após encontro com executivos das empresas em conferência do banco de investimentos realizada, a LatAm CEO Conference, realizada em Nova Iorque, na semana passada.

Após o encontro, o BTG concluiu que discutir o investimento na Petrobras se resume aos impactos políticos e eleitorais sobre o futuro da empresa e no evento da semana passada não foi diferente. “A Petrobras mostrou-se muito otimista em seus mecanismos de defesa: Lei das Empresas Estatais, Legislação Societária Brasileira, e seu próprio estatuto social. Mesmo assumindo uma mudança radical na estratégia, a empresa mostrou-se fortemente cética a quaisquer alterações ao seu Plano de Negócios”, comentou o BTG.

Na opinião dos executivos da estatal, os custos políticos para alterar ou eliminar as estruturas de governança corporativa no Brasil e na empresa são muito altos para qualquer governo.

Eles disseram que a política de preços de combustível da empresa continuará seguindo as leis de mercado no longo prazo desde que a posição líquida vendida em combustível do Brasil exija isso.

Em relação a possíveis as mudanças recentes no comando da empresa e sua diretoria, a maioria dos investidores concorda que o acionista controlador terá a palavra final sobre a matéria.

A política de dividendos também deve permanecer intacta e osdividendos antecipados continuarão a depender da avaliação da administração sobre a disponibilidade mínima de caixa futura e sua capacidade de pagar pelo menos a fórmula estabelecida em sua política de dividendos [60%*(FCF – capex)].

OIL JUNIORS

A PRIO reiterou ao BTG seu foco em revitalizar o campo de Frade e a incorporação de Albacora Leste (comprado da Petrobras em abril) o mais rápido possível. Além disso, a empresa analisa outras aquisições.

Já em relação à 3R Petroleum, o BTG disse que a gestão da cia continua sendo constantemente questionada sobre o financiamento do Polo Potiguar, comprado da Petrobras em fevereiro por US$ 1,3 bilhão, e reforçaram que o cenário-base para a incorporação é o 1T23.

“Nossa percepção é que, embora os custos financeiros sejam uma fonte de preocupação, os riscos da 3R não levantar dinheiro suficiente até o fechamento do negócio são mínimos ou zero”, comentou o BTG.