Otimismo do mercado com reunião entre EUA e China faz Bolsa subir

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa subiu pelo segundo dia seguido, com alta de 1,02%, aos 102.243,00 pontos, refletindo o maior otimismo no exterior depois que China e Estados Unidos marcaram um encontro em outubro para retomar negociações comerciais. Também ajudaram as declarações do presidente do Banco Central (BC), Roberto Campos Neto, que reiterou que os depósitos compulsórios devem ser reduzidos, o que impulsionou as ações de bancos.

Dessa forma, o índice encerrou no maior patamar de fechamento desde o dia 13 de agosto (103.299,47 pontos). Mais cedo, o Ibovespa chegou a subir ainda mais, atingindo a máxima de 103.258,48 pontos e avançando mais de 2%, no maior nível desde o dia 14 de agosto (103.270,08 pontos). O volume total negociado foi de R$ 17,5 bilhões.

Para o analista de investimentos do banco Daycoval, Enrico Cozzolino, o Ibovespa segue em um movimento de recuperação corrigindo o pessimismo anterior em meio as notícias de retomada de negociações entre China e Estados Unidos. A notícia animou os mercados depois da escalada da tensão comercial com retaliações e aplicações de sobretaxas, o que colocou em dúvida a reunião que estava prevista ainda para este mês. Com isso, as bolsas norte-americanas também subiram mais de 1% hoje.

Em relação aos bancos, o analista lembra que os papéis haviam caído bastante recentemente, com muitos investidores receosos, entre outros motivos, em função da concorrência com fintechs e bancos digitais, sendo que as declarações de Campos Neto acabaram voltando a estimular compras. “Essa redução de compulsório possibilita bancos emprestarem mais, a precificação dos bancos muda”, disse.

Segundo Campos Neto, o BC avalia projetos que podem levar a uma queda “estrutural” e “muito grande” de depósitos compulsórios.

Embora tenham desacelerado ganhos ao longo do dia, depois de alguns papéis chegarem a subir mais de 4%, os papéis do setor ainda fecharam com fortes altas, como Bradesco (BBDC4 2,12%), Itaú Unibanco (ITUB4 2,81%), Santander (SANB11 2,82%), Banco do Brasil (BBAS3 3,46%) e Itaúsa (ITSA4 3,45%). Ao lado dos bancos, fecharam entre as maiores altas as ações da Gol (GOLL4 6,28%) e da Azul (AZUL4 4,48%), refletindo dados positivos de demanda por voos. Também avançavam as ações da CCR (CCRO3 3,52%).

Na contramão, as maiores quedas foram da Cielo (CIEL3 -2,02%), do BTG Pactual (BPAC11 -1,98%) e Yduqs (YDUQ3 -1,93%).

Apesar de analistas verem possibilidade de o Ibovespa manter o tom positivo e de recuperação no curto prazo, os dados do mercado de trabalho norte-americano, conhecido como payroll, podem trazer volatilidade amanhã. Além do payroll, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, fará discursos às 13h30. Serão divulgados ainda os dados do Indice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA).  

“O mês de setembro pode ser positivo, mas ainda vamos ver alguma volatilidade”, disse o sócio da RJI Gestão e Investimentos, Rafael Weber.

O dólar comercial fechou em alta de 0,09% no mercado à vista, cotado a R$ 4,1100 para venda, na máxima do dia, invertendo o sinal no fim dos negócios após operar majoritariamente em queda ao longo da sessão. Apesar do ambiente interno e externo mais positivo, o fluxo interno fez a moeda no mercado futuro buscar o nível de R$ 4,12.

“Foi fluxo. A demanda interna por moeda levou o dólar a subir quase no fim das negociações [dólar à vista], enquanto o futuro disparou. Além disso, o dólar lá fora passou a subir”, comenta o diretor de uma corretora estrangeira.

A notícia de que representantes dos governos dos Estados Unidos e da China vão se reunir em outubro para uma nova rodada de negociações a respeito da guerra comercial levou investidores a “aumentar o apetite por risco”, comenta o diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik.

Amanhã, a agenda de indicadores traz o indicador mais importante da semana, o relatório de emprego nos Estados Unidos, o payroll. Os dados de agosto devem mostrar o cenário do mercado de trabalho e da renda do trabalhador norte-americano, o que pode ajudar na decisão de política monetária do país, no dia 18.

“O principal driver do dia é o payroll, que deve vir forte após a [pesquisa] ADP acima do esperado hoje”, diz o economista da Toro Investimentos, Rafael Winalda. Além do indicador, os investidores estarão atentos ao discurso do presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano), Jerome Powell, em evento na Suíça, no início da tarde. Winalda acrescenta que notícias sobre a reforma da Previdência podem trazer um “tom positivo” para os negócios locais.