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Olá ouvinte do Agência CMA Podcast. Eu sou Gustavo Nicoletta, editor-chefe da agência, e este é o resumo da semana.
Primeiro veio o anúncio dos Estados Unidos. O Federal Reserve, banco central do país, reduziu a taxa referencial de juros em 0,25 ponto porcentual, para a faixa de 1,75% a 2,00%, como era amplamente esperado.
Depois veio o anúncio do banco central brasileiro. O Comitê de Política Monetária, ou Copom, cortou a nossa taxa básica de juros, a Selic, em meio ponto porcentual, a 5,5% ao ano, também dentro do que estava previsto.
As duas instituições, no entanto, fizeram sinalizações diferentes sobre a trajetória das taxas nos próximos meses.
Os norte-americanos estão claramente divididos. Pode ser que os juros caiam, mas isso exigirá sinais mais negativos sobre a economia, disse Jerome Powell, o presidente do Fed.
No Brasil, o Copom indicou que há espaço para corte adicional na Selic e que a inflação deve continuar abaixo da meta em 2020 – um sinal forte de que os juros ficarão ainda menores este ano.
De uma forma ou de outra, a continuidade dos cortes de juros por aqui e no exterior segue dependendo da evolução das negociações de um acordo comercial entre Estados Unidos e China.
A disputa entre os dois países vem prejudicando as perspectivas de crescimento global e, caso se prolongue, pode exigir intervenção mais extensa de governos e bancos centrais para evitar uma nova recessão.
A próxima rodada de negociações entre os americanos e chineses está prevista para outubro, antes das próximas reuniões do Fed e do Copom. As apostas do mercado, por enquanto, são de que será difícil fechar um acordo – e, por isso, o mais provável é que mais cortes de juros venham por aí.
Na próxima semana, no Brasil, a política monetária continuará no centro das atenções.
Na terça-feira o Banco Central divulga a ata da reunião mais recente e na quinta-feira publicará o relatório trimestral de inflação. No mesmo dia, o presidente da instituição, Roberto Campos Neto, concederá entrevista coletiva.
A mensagem passada pelo Banco Central no comunicado foi bem clara, mas os investidores podem buscar mais informações a respeito da perspectiva da instituição para a trajetória dos preços nos próximos anos.
Entre os indicadores, está prevista a divulgação da prévia da inflação de setembro, na terça-feira, e da taxa de desemprego de agosto, na sexta-feira.
Em âmbito político, a expectativa é de que ocorra o primeiro turno de votação da reforma da Previdência no Senado. Na terça-feira, as emendas de plenário serão votadas pela Comissão de Constituição e Justiça e, concluído o processo, o texto estará à disposição do plenário.
Após a votação em primeiro turno, ainda haverá um intervalo de cinco dias corridos e um prazo para novas emendas à reforma da Previdência. A expectativa é de que a proposta seja aprovada e vire lei até 10 de outubro.
A PEC paralela, que contém alterações adicionais à reforma da Previdência, já passou pelo primeiro turno de discussão no Senado e retornará à Comissão de Constituição e Justiça para análise de emendas.
O texto prevê, entre outras coisas, uma permissão para estados e municípios incorporarem as regras federais a seus regimes previdenciários, e se for aprovado pelo Senado ainda precisará ser votado pela Câmara dos Deputados.
No exterior, a agenda estará movimentada, a começar por vários discursos de autoridades de bancos centrais.
Na segunda-feira o presidente do Banco Central Europeu, Mario Draghi, falará ao Parlamento Europeu. Será o primeiro pronunciamento dele após os anúncios feitos pelo Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos, e pelos bancos centrais do Japão e da Inglaterra.
Falando em Federal Reserve, vários membros da instituição devem discursar ao longo dos próximos dias, o que pode ajudar o mercado a entender melhor quais são as chances de um novo corte nas taxas de juros dos Estados Unidos.
Na segunda-feira, dois membros com direito a voto no comitê de política monetária devem falar: James Bullard e John Williams. Bullard foi quem defendeu um corte mais profundo nos juros na última reunião.
Na quarta-feira, será a vez de Charles Evans, que também tem direito a voto nas reuniões do Fed neste ano. Na quinta-feira, Bullard falará de novo e será acompanhado por Robert Kaplan e Neel Kashkari – o único deste grupo sem direito a voto neste ano.
Na sexta-feira, outro membro do Fed sem direito a voto sobre os juros, Patrick Harker, discursará.
Passando para os indicadores econômicos, as atenções estarão voltadas para os dados sobre a atividade dos setores industrial e de serviços, previstos para segunda-feira, e a respeito da inflação nos Estados Unidos, na sexta-feira.
Será importante também monitorar a participação dos chefes de Estado na Assembleia Geral da Organização das Nações Unidas.
O presidente Jair Bolsonaro deve fazer o primeiro discurso, na terça-feira, seguido pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Também estarão no evento a chanceler da Alemanha, Angela Merkel, e o primeiro-ministro do Reino Unido, Boris Johnson.
Durante a Assembleia Geral pode ocorrer um encontro entre Trump e representantes do governo do Irã.
A tensão entre os dois países vem crescendo nos últimos meses. No último fim de semana a situação piorou por causa de ataques a instalações petrolíferas sauditas. A Arábia Saudita, aliada dos Estados Unidos, culpou o Irã pelos ataques.
Com isso eu encerro o nosso boletim semanal. Boa semana, bons negócios.