São Paulo – Diferentemente dos pares internacionais, a Bolsa brasileira pode iniciar os negócios em leve alta dando continuidade ao visto ontem, ancorada pelo pedido de calamidade pública feita pelo presidente Jair Bolsonaro para facilitar desembolsos em meio ao surto do Covid-19, nome do novo coronavírus.
Porém, qualquer sinalização do exterior feita sobre o coronavírus e o aumento do número de casos por aqui, além da expectativa pela decisão de corte da taxa básica de juros pelo Comitê de Política Monetária (Copom), podem deixar os negócios em grande volatilidade.
O avanço do coronavírus pelo mundo tem gerado grande preocupação e levado os investidores a um sentimento de cautela que tem impactado fortemente os mercados.
Por aqui, o Ibovespa encerrou a sessão de ontem em alta de 4,84%, aos 74.617,24 pontos, acompanhando a alta das Bolsas norte-americanas depois que o governo dos Estados Unidos confirmou que está negociando um pacote de estímulos no valor US$ 1,2 trilhão para compensar os efeitos da pandemia do novo coronavírus na economia.
Nesta manhã, os contratos futuros dos principais índice do mercado de ações dos Estados Unidos atingiram seu limite de queda no pré-mercado de 5% diante do aumento do temor relacionado ao coronavírus.
Os mercados europeus, por sua vez, também operam em queda diante da preocupação dos investidores em comprarem ativos de risco, uma vez que a pandemia tem aumento em vários países ao redor do globo.
Na Ásia, os principais índices do mercado de ações fecharam em queda, ancorado nos temores sobre os impactos econômicos do surto de coronavírus que ofuscaram as medidas de estímulos divulgadas por vários governos para combater os efeitos da pandemia.
Para o conter o avanço do dólar, que ontem fechou em queda de 0,91%, cotado a R$ 5,0020, na segunda maior cotação da história, o Banco Central (BC) anunciou um leilão de linha no valor de até US$ 2 bilhões.
O governo brasileiro já anunciou um pacote de R$ 147 bilhões para agir contra o coronavírus, assim como o Conselho Monetário Nacional (CMN) que decidiu por afrouxar algumas exigências de capital para os bancos na tentativa de mitigar os efeitos negativos decorrentes do surto do novo coronavírus no Brasil.
A expectativa cresce agora por um possível pacote que o governo de Jair Bolsonaro deve anunciar para o setor aéreo. Ontem, entidades governamentais e representantes de empresas tiveram uma reunião em Brasília para tratar do tema. Tudo indica que pode sair alguma coisa ainda hoje.
Lá fora, a França anunciou que gastará 45 bilhões de euros para ajudar pequenas empresas e funcionários que lutam com o surto de coronavírus, enquanto Espanha e Itália restringiram a circulação de pessoas. Nos Estados Unidos, as companhias aéreas negociam um pacote de assistência do governo de US$ 50 bilhões.
No domingo, de forma inesperada, o Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) cortou a taxa básica de juros em um ponto percentual (pp), para a faixa entre zero e 0,25% ao ano e anunciou um programa de recompra que totaliza US$ 700 bilhões em Treasuries e hipotecas em uma resposta mais agressiva aos efeitos do novo coronavírus sobre a economia dos Estados Unidos.
Além disso, os investidores continuam de olho na crise do preço do petróleo, após a Arábia Saudita aumentar a produção e reduzir os preços praticados pela estatal Saudi Aramco depois do fracasso nas negociações entre a Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) e países aliados para uma redução coordenada da oferta da commodity. A iniciativa está relacionada ao impacto econômico do coronavírus.
No Brasil, temos 291 casos de coronavírus confirmados até o momento, sendo que foi registrada a primeira morte por um homem de 61 anos. A cidade de São Paulo é onde está o maior número de casos confirmados com 164, seguido por Rio de Janeiro com 33 e Distrito Federal com 21.
Na China, epicentro do surto, o número de mortes causadas por infecção pelo novo coronavírus subiu para 3,237 mil, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde do país. Ao todo, quase 81 mil casos foram confirmados em 31 províncias chinesas, sendo que há 119 casos suspeitos.
O governo italiano, país europeu onde a doença avançou rapidamente, anunciou medidas ainda mais restritivas com o intuito de conter a disseminação do surto do novo coronavírus no país. Até o momento, há quase 32 mil casos no país, dos quais 2,503 mil foram fatais.
CORPORATIVO
A Hypera celebrou um contrato com a Eurofarma para a venda de 12 produtos farmacêuticos isentos de prescrição na Argentina, Colômbia, Equador, México, Panamá e Peru pelo valor de US$ 161 milhões, sujeito a certas condições precedentes, entre elas o fechamento da operação com a Takeda e de autoridades antitruste.
A BR Malls informou que instalou um comitê de crise pluridisciplinar que tem o objetivo de monitorar e implementar uma série de iniciativas de conscientização e prevenção do Covid-19, nome do novo coronavírus, para preservar a saúde de colaboradores, lojistas e clientes.
O conselho de administração da Companhia Paranaense de Energia (Copel) aprovou a aquisição de participação de 49% no Complexo Bandeirantes, que compreende seis empreendimentos fotovoltaicos de geração distribuída, assim como o plano de negócios do complexo. O valor da compra não foi divulgado.
A agência de classificação de risco Moody’s colocou o rating ‘B1’ da Gol Linhas Aéreas em revisão para rebaixamento, assim como a nota ‘B2’ da taxa perpetua da Gol Finance e os US$ 350 milhões em notas com vencimento em 2024.
O banco Santander Brasil informou que aumentará em 10% o limite do cartão de crédito de seus clientes com as faturas em dia, e antecipará para abril o pagamento total do 13 salário de todos os seus 47 mil funcionários.
A agência de classificação de risco Moody’s rebaixou o rating da Azul de ‘Ba3’ para ‘B1’, assim como a emissão de US$ 400 milhões de ‘B1’ para ‘B2’, em função da rápida disseminação do Covid-19, nome do novo coronavírus, que tem deteriorado as éreas.
A administradora de shopping centers informou que adotará horário reduzido das 12h às 20h nos seus empreendimentos, em atendimento à solicitação feita pela Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce).
O conselho de administração da Sulamérica aprovou o pagamento de R$ 80 milhões aos acionistas a título de juros sobre capital próprio (JCP). A cifra equivale a R$ 0,0688949021048395 por ação ordinária ou preferencial da companhia e R$0,2066847063145190 por unit, e terá direito ao provento os acionistas registrados na base da empresa até 20 de março.
O conselho de administração da Weg aprovou a destinação de R$ 63,4 milhões para o pagamento de juros sobre capital próprio (JCP) aos acionistas. A cofra equivale a R$ 0,030235294 por ação, e será pago aos detentores de ações escriturais até 20 de março, sendo os ativos negociados após esta data considerados ex-jcp. O pagamento ocorrerá no dia 12 de agosto.