São Paulo – O Ibovespa encerrou em queda pelo segundo pregão seguido, com perdas de 0,78%, aos 113.681,42 pontos, pressionado pelo cenário externo mais cauteloso, diante de preocupações com o coronavírus e dados mais fracos nos Estados Unidos.
A busca por proteção antes do Carnaval e as ações da Vale e da Petrobras também pesaram sobre o índice, refletindo os resultados financeiros e o preço do petróleo, respectivamente.
Com isso, o Ibovespa também caiu na semana, com queda de 0,61%. O volume total negociado foi de R$ 21,7 bilhões.
No cenário externo, as Bolsas norte-americanas fecharam em baixa após o índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade do setor de serviços dos Estados Unidos ter caído mais do que o previsto. Além disso, investidores se preocuparam com o aumento de casos do coronavírus fora da China, como na Coréia do Sul.
“Certamente a questão do vírus ainda pode manter um nervosismo no curto prazo, além de ser véspera de Carnaval”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.
“Ninguém quer ficar exposto, correndo risco de segunda ou terça-feira sair algo muito grave e não ter nem como zerar posição”, disse ainda um operador de renda variável de uma corretora.
Entre as ações, as da Vale (VALE3 -3,96%) fecharam entre as maiores quedas do índice hoje depois que a mineradora reportou prejuízo líquido de US$ 1,562 bilhão no quarto trimestre de 2019, revertendo lucro de US$ 9,650 bilhões registrados um ano antes. O prejuízo foi provocado, principalmente, pelas provisões e despesas relacionadas ao rompimento da barragem de Brumadinho, o que não foi recebido pelo mercado.
Ainda entre as maiores quedas ficaram os papéis da IRB Brasil (IRBR3 -5,43%) e da Gerdau Metalúrgica (GOUA4 -3,96%). As ações da Petrobras (PETR3 -2,92%. PETR4 -2,60%) também ampliaram perdas na esteira da queda dos preços do petróleo e pesaram sobre o índice.
Na contramão, as maiores altas foram das ações das Lojas Americanas (LAME4 7,67%), que refletiram seu balanço, da WEG (WEGE3 4,86%) e da Via Varejo (VVAR3 4,32%).
Na semana que vem, a Bolsa voltará a funcionar apenas às 13h da quarta-feira, quando pode registrar um ajuste ao movimento dos mercados no cenário internacional. Dentre os indicadores da semana que vem, o destaque será o PIB dos Estados Unidos. A temporada de balanços também continua, com resultados como os da Ambev.
O dólar comercial fechou com ligeira alta de 0,04% no mercado à vista, cotada a R$ 4,3940 para venda, renovando a máxima histórica de fechamento pelo quarto pregão seguido, em sessão marcada pela volatilidade. Após abrir a sessão pressionado, na cotação recorde intraday de R$ 4,4090, a moeda caiu ao nível de R$ 4,37 em movimento global de desvalorização após dados mais fracos dos Estados Unidos.
“O dólar operou bastante volátil. Em meio à força da divisa no exterior na abertura dos negócios, a moeda mostrou uma forte pressão durante toda a manhã. Em um segundo momento, porém, a divulgação de indicadores norte-americanos piores que o esperado tirou a força da divisa perante seus principais pares fortes e emergentes”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.
O índice dos gerentes de compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial norte-americana caiu a 50,8 pontos neste mês, ante 51,9 em janeiro, enquanto analistas projetavam queda a 51,5 pontos. Já o PMI do setor de serviços caiu para 49,4 pontos, no pior nível em mais de seis anos, enquanto o esperado era 53,2 pontos. Em janeiro, o indicador atingiu 53,4 pontos. Segundo analistas, os dados foram impactados pelo coronavírus.
Na semana, marcada pela percepção de uma possível piora nos resultados das empresas no primeiro trimestre influenciado pelos efeitos do surto da doença, a moeda se desvalorizou 2,1% após acumular máximas histórias no período.
Na próxima semana, mais encurtada com o feriado prolongado de carnaval, o mercado – que voltará a operar às 13 horas, deverá reagir aos fatos ocorridos no exterior durante a ausência do mercado doméstico. “As incertezas sobre o coronavírus continuarão sendo o vetor mais importante para o mercado cambial”, comenta o analista da Mirae Asset, Pedro Galdi.
Na agenda econômica, o destaque fica para o Produto Interno Bruto (PIB) da Alemanha, que sairá na terça-feira e poderá repercutir nos ativos locais na volta do feriado, enquanto na quinta, tem a segunda leitura do PIB dos Estados Unidos. Os dados são do quarto trimestre de 2019.
Além dos indicadores de consumo e de inflação, em janeiro. “O consumo das famílias deve seguir robusto, fortalecido pelo bom desempenho do mercado de trabalho, sem pressões inflacionárias”, diz a equipe econômica do Bradesco.