São Paulo – Após virar para alta logo após a abertura, o Ibovespa acelerou ganhos acompanhando as Bolsas no exterior e amparado por balanços e notícias corporativas positivas.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 1,10% aos 116.252,22 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava avanço de 1,03% aos 116.895 pontos.
“Temos muitas notícias acontecendo e balanços positivos. Estamos vendo alguns dias mais negativos em função dos efeitos do coronavírus, mas outros melhores quando a agenda é mais positiva e temos balanços melhores”, disse o analista do banco Daycoval, Enrico Cozzolino.
No cenário externo, as principais Bolsas também sobem se recuperando da queda de ontem e com investidores esperançosos de que o banco central chinês irá continuar anunciando estímulos econômicos para minimizar os impactos negativos do surto de coronavírus.
Já na cena doméstica, vários papéis mostram recuperação e refletem balanços já divulgados ou que serão divulgados nas próximas semanas. Entre as maiores altas do Ibovespa estão as ações da WEG e do IRB Brasil, que refletem resultados financeiros melhores do que o esperado pelo mercado no quarto trimestre.
Também entre as maiores altas estão as ações da Marfrig e da JBS. A Marfrig divulgará seu resultado financeiro hoje após o fechamento do mercado e a expectativa de analistas é de dados positivos em meio a preços mais altos de proteínas após a gripe suína na China. Para Cozzolino, as ações também tinham um maior desconto em relação a seus pares e têm sido vistas como boa oportunidade de compra por investidores. Já a JBS reflete a compra pela JBS USA, subsidiária nos Estados Unidos, da marca Ledbetter por R$ 238 milhões, após acordo com a Empire Packing Company.
O dia ainda é de recuperação das ações de bancos, como do Bradesco, e dos papéis da Petrobras, que refletem a alta dos preços do petróleo e também deve divulgar um resultado positivo hoje à noite. Na contramão, as maiores quedas do índice são da Hering, do BTG Pactual e da Natura.
O dólar comercial tem alta firme frente ao real e oscila entre R$ 4,36 e R$ 4,37 acompanhando o exterior, onde a moeda norte-americana ganha terreno em meio às incertezas dos impactos do coronavírus na atividade econômica global. Aqui, prevalece o sentimento de cautela também refletindo as incertezas com a economia local, enquanto investidores se protegem às vésperas de um feriado prolongado.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,27%, sendo negociado a R$ 4,3720 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava avanço de 0,33%, cotado a R$ 4,372.
Ontem, a moeda fechou novamente na máxima histórica, a R$ 4,3600. O consultor de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, avalia que, com as novas altas da moeda, o mercado pode testar o Banco Central (BC) até o fim da semana, dada a “tranquilidade” da autoridade monetária diante da nova escalada do dólar às vésperas de um feriado prolongado no Brasil.
“O que naturalmente deixa o investidor cauteloso e os estrangeiros, normalmente, não costumam ficar expostos nesses períodos”, diz o consultor. Ele acrescenta que, como o presidente do BC, Roberto Campos Neto, salientou que poderá intervir em caso de problemas de liquidez ou distorção de preço, ou “movimento exagerado”, é uma possibilidade que o BC atue quando a moeda se aproximar novamente do nível de R$ 4,40.
Na semana passada, quando a moeda chegou à máxima histórica de R$ 4,3830, o Banco Central interveio com duas operações de swap cambial tradicional – equivalente à venda de dólares no mercado futuro, sendo uma delas de “surpresa” ao longo do pregão. Foram colocados US$ 2,0 bilhões no mercado.
“Como o cenário externo tem dado mostras de que as perspectivas do crescimento global serão menores, o que pode ser confirmado em breve, e a recuperação da economia brasileira ainda é lenta, basta que a percepção de risco ligue o sinal de alerta para que o BC cumpra seu papel de manter a funcionalidade dos mercados”, destaca Faganello.
A trajetória de alta levou a moeda local a se depreciar quase 9% até o momento no ano, a maior desvalorização entre todas as divisas globais. “O real virou patinho feio”, diz o operador da corretora Commcor, Cleber Alessie.
As taxas dos contratos de juros futuros (DIs) seguem em alta, influenciadas pelo avanço do dólar, que segue em patamar histórico, apesar da melhora ensaiada pelos ativos de risco, em especial nos negócios com ações. Ainda assim, o movimento da curva a termo local é limitado, diante da perspectiva de juros baixos no mundo e de mais estímulos na China para conter os impactos do coronavírus.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,220%, de 4,215% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,72%, de 4,71% após o ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,28%, de 5,27%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,02%, de 6,00%, na mesma comparação.