São Paulo – A Comissão Europeia, braço executivo da União Europeia (UE), manteve inalterada a projeção de crescimento da economia da zona do euro em 1,2% este ano e no próximo, em relação às projeções divulgadas em novembro, citando a demanda doméstica forte, apesar de novos riscos externos como o surto de coronavírus.
Para 2019, a projeção de crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) da eurozona subiu de 1,1% para 1,2%. Com relação à União Europeia, a previsão ficou inalterada em 1,4% tanto para 2020 quanto para 2021, e a expectativa para 2019 subiu de 1,4% para 1,5%.
“No geral, a economia europeia permanece em um caminho de crescimento constante e moderado”, diz a UE. “As perspectivas para 2020 e 2021 permanecem inalteradas, uma vez que acontecimentos mais positivos são contrabalançados por eventos negativos em outros lugares”.
Segundo o documento, a demanda doméstica na zona do euro permanece robusta e um dos motores do crescimento econômico da região, em particular o consumo privado. “A renda das famílias continua a se beneficiar de melhorias contínuas no mercado de trabalho”, diz a UE.
No cenário externo, alguns riscos diminuíram desde novembro, enquanto outros surgiram, “deixando o balanço de riscos inclinado para o lado negativo”. Segundo a UE, “a fase um acordo comercial entre os Estados Unidos e a China reduziu as tensões em certa medida”.
Por outro lado, as incertezas permanecem altas em torno das políticas comerciais dos Estados Unidos, dificultando a recuperação no sentimento de negócios. Além disso, o surto e a disseminação do coronavírus e seu impacto na atividade econômica global “tem sido uma fonte de crescente preocupação”.
A comissão destacou incertezas sobre os efeitos do surto na economia chinesa e na atividade industrial global. “A duração do surto e das medidas de contenção adotadas são um risco negativo importante. Quanto mais dura, maior a probabilidade de efeitos indiretos no sentimento econômico e nas condições globais de financiamento”.
A UE também citou o divórcio entre o Reino Unido e o bloco europeu, e disse que “ainda há considerável incerteza sobre o relacionamento de longo prazo e as possibilidades de uma mudança abrupta nas relações comerciais no final do ano”. Por fim, o documento falou de riscos com as agitações sociais na América Latina e tensões geopolíticas no Oriente Médio.
INFLAÇÃO
A projeção de inflação para a eurozona em 2020 e 2021 foi revisada para cima, ainda de acordo com o relatório trimestral de previsões econômicas da União Europeia. Segundo o documento, o índice inflacionário deve acelerar em 1,3% em 2020 e 1,4% em 2021. Na versão anterior, o bloco indicava uma inflação de 1,2% para 2020 e de 1,3% para 2021.
Já para a União Europeia como um todo, a projeção de inflação teve revisão apenas no índice de 2020. Antes, o bloco europeu esperava uma aceleração de 1,4%, mas, segundo o último relatório, o grupo deve ter uma inflação de 1,5% em 2020. Para 2021, a perspectiva permanece inalterada em 1,6%.
Segundo o documento, a economia europeia deve continuar crescendo em ritmo moderado, o que aumenta levemente a renda dos habitantes da região. No entanto, embora haja tentativas de passar para frente esse ganho, a maioria das empresas ainda suporta uma margem de lucro menor em favor de preços mais baixos e uma demanda maior.
No entanto, medidas de política monetária promovidas pelo Banco Central Europeu (BCE) e uma pressão nos valores do barril de petróleo ajudaram a inflação a acelerar um pouco, o que deve causar efeitos a longo prazo até 2021.
De acordo com o bloco europeu, a maior alta nos preços deve acontecer no setor de serviços, focando principalmente na área imobiliária. Por fim, um leve aumento nos preços de alimentos e energia que vem ocorrendo já há um ano ajudou a inflação a ser revisada para cima para os próximos anos.