São Paulo – Apesar já ter reduzido levemente as perdas em relação à abertura, o Ibovespa segue operando em queda no final da manhã em linha com as perdas dos principais mercados acionários no exterior, depois que a China anunciou um aumento de casos do coronavírus.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava queda de 0,98% aos 115.527,09 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,6 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em abril de 2020 apresentava recuo de 0,99% aos 116.195 pontos.
“Todas as Bolsas pelo mundo estão negativas depois que a China revisou o método de diagnosticar o coronavírus, o que fez aumentar o número de casos e voltar todo aquele receio, devolvendo o alívio dos últimos dias”, disse o analista da Toro Investimentos, João Freitas.
O número de casos confirmados de infecção causada por coronavírus na China subiu em 15.152, para 59.804, já número de mortes subiu para 1.367, acima de 1.113 relatadas ontem. O salto ocorreu devido a novos métodos de diagnósticos na província de Hubei, de acordo com a Comissão Nacional de Saúde do país, em comunicado.
Já na cena doméstica, embora o impacto seja maior no câmbio, as declarações do ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre o dólar causaram desconforto no mercado, que começa a se incomodar com elevado patamar da moeda norte-americana. Guedes afirmou ontem que o modelo econômico que foi implementado pelo governo federal prevê taxas de juros baixas e uma taxa de câmbio mais alta, o que é “bom para todo mundo”.
A fala fez o dólar já abrir em alta e o Banco Central (BC) voltou a atuar, fazendo um leilão de swap cambial tradicional, que equivale a venda de dólares no mercado futuro e ajudou a moeda voltar a cair.
Entre as ações, as quedas são generalizadas em vários setores em função do exterior, apesar de alguns balanços corporativos considerados positivos. As maiores quedas são da Azul, da CSN e da Qualicorp. As ações de siderúrgicas e mineradoras sofrem com possíveis impactos do surto na economia chinesa e preço do minério de ferro.
Na contramão, as maiores altas são da Suzano, da Marfrig e da Cogna. A Suzano reage a divulgação de seu balanço, sendo que registrou um lucro líquido de R$ 1,175 bilhão no quarto trimestre de 2019.
Após a intervenção do BC no mercado futuro de dólar, com a operação de swap cambial tradicional, a moeda estrangeira acelerou as perdas chegando ao nível de R$ 4,31 em meio ao alívio pontual com a operação que ofertou US$ 1,0 bilhão. A moeda abriu a sessão em forte alta renovando, mais uma vez, as máximas históricas.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava queda de 0,29%, sendo negociado a R$ 4,3390 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava retração de 0,45%, cotado a R$ 4,338.
O diretor superintendente de câmbio da Correparti, Jefferson Rugik, comenta que após a fala do ministro da Economia, Paulo Guedes, a respeito de um patamar alto da moeda estrangeira ser bom para a economia brasileira, o Banco Central se mostrou preocupado com a moeda atingindo níveis acima de R$ 4,38.
“O dólar caiu com o mercado respeitando o BC, daí, desmontou posições a partir disso. Os investidores locais queriam uma resposta do Banco Central há muito tempo”, diz.
Ele acrescenta que a operação com venda de dólares no mercado futuro, ofertando hoje US$ 1,0 bilhão, dá uma “acalmada” porque o mercado estava “ansioso” por operações desse tipo. “O mercado tem feito compras defensivas nessa posição com medo do dólar lá fora. O problema não é falta de liquidez aqui. Por isso, a operação não foi venda de dólares à vista”, explica.
Rugik, porém, critica a postura do Banco Central em interver no mercado “justamente” na hora de formação de preço da taxa Ptax – média das cotações apuradas pelo BC – às 10 horas. “Ele fez isso na hora de abrir a primeira janela da taxa. Foi um erro da autoridade monetária. Há muito tempo, eu não via eles fazerem isso”, diz. No horário, o preço ficou R$ 4,3810 para compra e R$ 4,3816 para venda.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) mantêm o viés positivo, mas reduziram boa parte da alta exibida logo após a abertura do pregão, na esteira da mudança de sinal do dólar, que passou a cair depois que o Banco Central anunciou o leilão de swap cambial tradicional. Ainda assim, a curva a termo segue corrigindo prêmios, em meio ao cenário externo mais negativo por causa do salto no número de casos de coronavírus na China.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,255%, de 4,225% ao final do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,83%, de 4,79% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,43%, de 5,37%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,09%, de 6,03% na mesma comparação.