Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – O Ibovespa opera em leve alta acompanhando a recuperação dos principais mercados acionários no exterior, que mostram menor preocupação em relação ao coronavírus, acreditando que o ritmo de casos está desacelerando. Na cena doméstica, a temporada de balanços também tem ajudado, ofuscando, em parte, dados mais fracos das vendas no varejo. O dia ainda é de vencimento de opções sobre o Ibovespa, o que pode trazer alguma volatilidade.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa registrava alta de 0,40% aos 115.841,15 pontos. O volume financeiro do mercado era de aproximadamente R$ 9,3 bilhões. No mercado futuro, o contrato de Ibovespa com vencimento em fevereiro de 2020 apresentava avanço de 0,28% aos 115.820 pontos.
“Hoje o noticiário indica declínio na curva de contaminação e move mercados novamente para o positivo”, disse o economista-chefe do banco digital Modalmais, Alvaro Bandeira.
O dia é de alta generalizada nas Bolsas no exterior, já que apesar do número de mortes na China ter subido para 1.113, com 44.653 casos foram confirmados, o ritmo de novos casos estaria diminuindo e há a crença de que as medidas tomadas por Pequim serão efetivas para conter o surto e impactos na economia.
No entanto, no Brasil, os dados domésticos não têm ajudado e as vendas no varejo decepcionaram ao caírem 0,1% em dezembro ante novembro, sendo que o mercado previa alta de 0,3% de acordo com o Termômetro CMA. A avaliação, porém, é que os dados fracos reacenderam a discussão de que a Selic pode ser reduzida mais uma vez. Embora o Banco Central tenha sinalizado que interrompeu o ciclo de queda, teria deixado a porta aberta para mudanças diante de riscos de desaceleração da economia.
A temporada de balanços também segue no radar de investidores e trazendo otimismo. Os papéis da Tim (TIMP3 3,68%) estão entre as maiores altas do Ibovespa refletindo um balanço mais forte do que o esperado pelo mercado.
Ainda entre as maiores altas do índice estão as ações da Cielo e da CSN. Os papéis da Cielo reagem a reportagem que afirma que o Banco do Brasil está reavaliando sua participação em ativos de cartões, o que poderia levar a venda de sua fatia na Cielo. Já a CSN sobe assim como seus pares, na esteira da alta dos preços do minério de ferro.
Na contramão, as maiores quedas do Ibovespa são das ações da CVC, que têm sido impactadas pela alta do dólar, da Ecorodovias e da Ambev, que reflete o avanço da Heineken no Brasil, o que foi mostrado no balanço da sua concorrente.
Após renovar máximas históricas no movimento intraday, acima de R$ 4,34, o dólar comercial oscila frente ao real e mantém o viés de alta que, segundo analistas, não há sinais de baixas da moeda. Enquanto no exterior, o alívio com as notícias do coronavírus reflete em alta das bolsas internacionais, no mercado local, o movimento especulativo “toma conta”.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de 0,46%, sendo negociado a R$ 4,3470 para venda. No mercado futuro, o contrato da moeda norte-americana com vencimento em março de 2020 apresentava avanço de 0,28%, cotado a R$ 4,347.
O operador de câmbio da corretora Advanced, Alessandro Faganello, ressalta que, apesar dos ativos ainda sentirem os efeitos do temor com o coronavírus, o movimento local é de especulação. “Especuladores fazem a festa enquanto o mercado busca um ponto de equilíbrio e o Banco Central [BC] monitora a alta da moeda sem esboçar reação mais contundente”, avalia.
O analista de uma corretora local acrescenta que investidores não querem operações como “rolagem de swap cambial [tradicional]” – venda de dólares no mercado futuro – e sim, venda de dólares no mercado à vista. A última operação desse tipo realizada pelo BC foi em dezembro do ano passado.
Faganello lembra que a postura da autoridade monetária, de não intervir no mercado de câmbio, dá a entender que enquanto a inflação não for “ameaçada” pela alta da moeda norte-americana e a liquidez estiver dando mostras de normalidade, a funcionalidade está garantida.
“Mas é importante lembrar que, há algum tempo, se observa a saída de recursos do país, além do investidor estrangeiro estar esperando por reformas que possam dar maior dinamismo à economia para se posicionar de forma mais segura e ingressar com o capital por aqui”, diz.
As taxas dos contratos futuros de juros seguem em queda, apesar do avanço do dólar, que é negociado em novas máximas históricas. Os investidores calibram as expectativas sobre cortes adicionais na Selic ainda neste ano, após a decepção com as vendas no varejo em dezembro e diante da percepção de que o Comitê de Política Monetária (Copom) deixou a porta aberta para a retomada do ciclo de queda do juro básico.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2021 tinha taxa de 4,22%, de 4,235% ao final do ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2022 estava em 4,81%, de 4,85% no ajuste anterior; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 5,39%, de 5,42%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa de 6,03%, de 6,07% na mesma comparação.