Por Danielle Fonseca e Flávya Pereira
São Paulo – O Ibovespa fechou em queda pelo terceiro dia seguido, com leve baixa de 0,18%, aos 116.661,94 pontos, com investidores continuando a embolsar lucros enquanto aguardam possíveis desdobramentos da tensão entre Estados Unidos, Irã e Iraque. O volume total negociado foi de R$ 20,169 bilhões.
“Acredito que ainda estamos tendo uma correção de toda a alta que tivemos em dezembro. A questão do Irã causou instabilidade e vejo espaço para uma correção até uns 115 mil pontos, embora o mercado ainda esteja comprador”, disse o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.
Hoje, o presidente norte-americano, Donald Trump, afirmou que os Estados Unidos estão preparados para qualquer resposta iraniana e que irão sair do Iraque, mas não agora, o que aumentaria a influência do Irã na região. Um ataque norte-americano matou o líder de uma ala da Guarda Revolucionária Islâmica do Irã, Qassem Soleimani, quando seu comboio estava nas proximidades do aeroporto de Bagdá, no Iraque, na semana passada.
Para o analista da Toro Investimentos, João Freitas, a Bolsa chegou a dar “uma acalmada” durante à tarde, reduzindo perdas e acompanhando o dólar, que enfraqueceu e fechou quase estável. No entanto, a cautela seguiu prevalecendo e favorecendo a continuidade de uma realização de lucros.
Já entre as ações, as que pesaram mais sobre o Ibovespa foram as de bancos, como as do o Bradesco (BBDC4 -1,73%) e do Itaú Unibanco (ITUB4 -2,31%). Os papéis da Petrobras (PETR4 -0,38%) também pesaram e refletiram a queda dos preços do petróleo depois de dois dias de alta.
As maiores perdas do Ibovespa, por sua vez, foram das ações da Hering (HGTX3 -3,88%), do Grupo NotreDame Intermédica (GNDI3 -3,33%) e da Hapvida (HAPV3 -2,61%). Na contramão, as maiores altas são da Cemig (CMIG4 3,66%), da Marfrig (MRFG3 2,97%) e da Azul (AZUL4 2,95%). A Cemig teria contratado o Bank of America para vender sua participação de 21,7% na Taesa, de acordo com notícia do jornal “Valor Econômico”, enquanto a Marfrig teve a sua recomendação elevada pelo Santander e a Azul divulgou números operacionais positivos.
Amanhã, investidores devem seguir acompanhando a situação geopolítica, além de acompanhar indicadores como a criação de vagas de trabalho no setor privados nos Estados Unidos.
Já o dólar comercial fechou praticamente estável (+0,02%) no mercado à vista, cotado a R$ 4,0660 para venda, em sessão de forte volatilidade e com a moeda em busca do nível de R$ 4,10. O cenário internacional mais negativo para ativos de risco, além de ajustes e ainda com a liquidez reduzida comum no primeiro mês do ano.
O diretor superintendente de câmbio, Jefferson Rugik, reforça que a moeda avançou sob a influência “majoritária” do cenário externo. “O dólar amanheceu perdendo para as divisas ligadas às commodities, inverteu sinal e passou para o ‘modo vencedor’, com a volta da cautela por parte dos investidores, em relação a tensão geopolítica entre os Estados Unidos e o Irã”, comenta Rugik.
O operador de mesa de uma corretora local salienta que o período de baixo volume de negócios interfere no movimento intraday. “Até a volta do Congresso, é importante ficar atento ao cenário geopolítico, bem como com a volta das decisões de política monetária a partir do fim do mês”, diz o operador.
Amanhã, o destaque na agenda de indicadores fica para a criação de emprego no setor privado nos Estados Unidos, divulgado pela ADP. Com estimativa de gerar 150 mil vagas, o indicador é uma prévia do relatório de empregos norte-americano que será divulgado na sexta-feira.
“É um dado que pode sim mexer com o mercado. O dólar tende a seguir volátil amanhã e até que saia alguma definição a respeito dos conflitos entre Estados Unidos e Irã”, ressalta o analista da Toro Investimentos, João Freitas.