São Paulo – O Ibovespa fechou o último dia de setembro e do terceiro trimestre em queda de 0,31%, aos 104.745,32 pontos, em um dia de baixa liquidez e sem notícias relevantes, além de refletir as perdas de ações ligadas a commodities e de bancos. Investidores também aguardam a votação da reforma da Previdência no Senado e mais novidades para realizar novas operações, o que acabou fazendo com que o índice não mostrasse alta hoje como costuma ocorrer nos fechamentos de mês. O volume total negociado foi de R$ 13,5 bilhões.
Apesar da queda de hoje, o índice subiu 3,57% no mês,
acumulando alta de 3,74% no terceiro trimestre e de 19,18% no ano, subindo em
seis dos nove meses de 2019. A pontuação do Ibovespa também é a maior já vista
em um encerramento de mês, embora abaixo da máxima histórica de 106.650,12
pontos atingida em 10 de julho.
“O mercado está parado, com volume financeiro baixo
e o cenário lá fora não ajuda. Estamos sem força, sem gatilho, mas se Brasília
aprovar as reformas, a Bolsa pode andar”, disse o analista da Mirae Asset
Corretora, Pedro Galdi.
No exterior, as bolsas norte-americanas fecharam em alta
e tiveram um tom mais positivo, embora permaneça alguma cautela em relação à
guerra comercial e ao pedido de impeachment do presidente Donald Trump. Já na
cena local, depois do atraso para a votação da reforma no Senado, a expectativa
é que ela possa ocorrer amanhã, em primeiro turno, com dúvidas ainda de quando
será votada em segundo turno, para enfim poder ser sancionada pelo presidente
Jair Bolsonaro.
Entre as ações, as de bancos, como do Bradesco (BBDC3
-1,82%; BBDC4 -1,56%), aceleraram perdas e pesaram sobre o Ibovespa. Os papéis
da Petrobras (PETR4 -0,50%) também fecharam em queda refletindo as perdas dos
preços do petróleo. Outro destaque negativo, foram as ações de siderúrgicas,
com destaque para Usiminas (USIM5 -2,38%), que ficaram entre as maiores perdas
do Ibovespa, ao lado das ordinárias do Bradesco e da Natura (NATU3 -2,84%).
Para o mês de outubro, o analista da Necton Corretora,
Glauco Legat, afirmou que mantém um tom otimista em relação ao Ibovespa, que
deve manter a tendência de alta no cenário de Selic mais baixa, mas afirma que
sua trajetória “não deve ser uma linha reta”. Nesta semana, um
feriado prolongado na China pode ajudar a manter a liquidez reduzida, enquanto investidores
seguirão acompanhando o noticiário em torno das reformas, esperando uma
definição também em relação à proposta da reforma tributária.
O dólar comercial fechou praticamente estável (-0,02%) no
mercado à vista, cotado a R$ 4,1560 para venda, em dia de forte volatilidade no
último pregão do mês, influenciado pela formação de preço da taxa Ptax – média
das cotações apurada pelo Banco Central (BC) – de fim de mês, além da liquidez
reduzida à véspera de um trimestre. Com isso, a moeda estrangeira encerra
setembro com valorização de 0,31%.
O diretor da Correparti, Ricardo Gomes, comenta que, na
“briga” pela formação de preço da Ptax também de fim de trimestre, a
percepção foi de pressão dos “comprados” sobre o preço da moeda. O
que ajudou a moeda a operar ao redor de R$ 4,15 e R$ 4,16 por boa parte da
sessão. “A Ptax e poucos negócios na sessão levaram a moeda para a zona de
neutralidade, tendo justificado o desmonte de posições defensivas de alguns
investidores”, reforça Gomes.
Influenciado por eventos adversos no exterior durante
agosto, o que levou a moeda a operar acima de R$ 4,00 – cotação que sustenta há
32 pregões – o dólar avançou 8,2% no terceiro trimestre. Mas o cenário
doméstico teve sua colaboração para a valorização da moeda. “Nossa cota de
geração de volatilidade continua vindo da coordenação política”, reforça a
equipe econômica da Rosenberg.
Os analistas da corretora avaliam que o adiamento da
votação da reforma da Previdência no Senado, mesmo não mostrando dificuldade do
Congresso em aprovar a pauta, é uma forma de demonstrar a insatisfação dos
parlamentares com o governo federal. “A demora na divulgação da reforma
tributária é também uma demonstração de quão lenta deve ser a evolução da
agenda de reformas”, ponderam.
Amanhã, o quarto trimestre do ano começa com as atenções
do mercado local voltadas à reforma da Previdência, que deverá ser votada na
Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) do Senado. O analista da Toro Investimentos,
Pedro Nieman, reforça que a tendência é de volatilidade com o investidor local
atento à Previdência, enquanto lá fora, começa o feriado na China, esvaziando a
agenda econômica e reduzindo a liquidez do mercado.