Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira
São Paulo – O Ibovespa fechou em queda de 0,17%, aos 104.637,82 pontos, refletindo a cautela dos principais mercados acionários no exterior depois de dados mais fracos de atividade na zona do euro. Além da cautela externa, a variação modesta do índice mostrou a falta de ímpeto de investidores diante de uma agenda esvaziada hoje, o que reduziu o volume negociado, que totalizou R$ 11,6 bilhões.
Segundo o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado,
o dia mais negativo no exterior, após indicadores piores do que o esperado na
Europa, deram o tom dos negócios hoje. Entre eles, o índice dos gerentes de
compras (PMI, na sigla em inglês) sobre a atividade industrial da Alemanha, que
caiu para 41,4 pontos em setembro, seu menor nível em mais de dez anos, o que
fez as bolsas europeias terem fortes quedas. Já os índices norte-americanos
fecharam quase estáveis, mostrando ainda cautela também com a questão da guerra
comercial.
Já na cena doméstica, investidores acompanharam o
cronograma da reforma da Previdência, sendo que presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP) afirmou há pouco que a votação em primeiro turno da reforma deve
acontecer na quarta-feira (26) a partir das 16h e não mais amanhã.
Entre as ações, as maiores quedas do Ibovespa foram da
CVC (CVCB3 -3,27%), que sentiu a alta do dólar, da Localiza (RENT3 -3,26%) e da
Cosan (CSAN3 -2,29%). Na contramão, as maiores altas foram da Suzano (SUZB3
3,48%), que se beneficia de um dólar mais forte por ser exportadora, além dos
papéis da Cielo (CIEL3 2,38%) e da Via Varejo (VVAR3 2,03%).
Os papéis da Petrobras (PETR4 1,77%) também subiram
acompanhando os preços do petróleo e ajudaram a reduzir a queda do Ibovespa ao
longo do pregão, já que têm grande peso no índice.
Amanhã, a agenda doméstica deve voltar a ficar mais
movimentada, com a divulgação da ata da última reunião do Comitê de Política
Monetária (Copom) e do IPCA-15. “A ata pode mexer um pouco com o mercado
apesar de ele já trabalhar com outros cortes juros”, disse o analista da
Necton, destacando que a expectativa de queda de juros tem mantido o dólar mais
forte, o que pode afetar papéis de algumas empresas. Já no exterior, a agenda
segue sem grandes divulgações, com destaque para o índice de confiança e preços
de imóveis nos Estados Unidos.
O dólar comercial fechou em alta de 0,45% no mercado à
vista, cotado a R$ 4,1720 para venda, refletindo a cautela de investidores no
exterior em meio ao receio de recessão da economia da zona do euro após dados
de atividade mais fracos, mostrando que a região não tem apresentado sinais de
recuperação da economia. A espera do mercado por novidades em relação a guerra
comercial entre Estados Unidos e China corroborou para uma cotação mais
pressionada ao longo do pregão.
“Prevaleceu a cautela dos investidores depois dos
dados mais fracos na zona do euro, além de aguardarem os novos desdobramentos
em relação a guerra comercial”, comenta o gerente de mesa de câmbio da
Correparti, Guilherme Esquelbek.
O PMI da atividade industrial na zona do euro registrou
queda a 45,6 pontos, ante 47,0 pontos em agosto, enquanto o de serviços recuou
a 52,0 pontos, de 53,5 pontos registrados no mês passado. “A forte deterioração
dos PMIs sustenta a opção do Banco Central Europeu [BCE] de promover mais
medidas de flexibilização monetária”, acrescenta a equipe econômica da
corretora Renascença.
Esquelbek reforça que, além do exterior, a contínua saída
de recursos estrangeiros do País em busca de rentabilidade maior em outros
países, principalmente, com os recentes cortes da taxa básica de juros (Selic)
e com a indicação de mais afrouxamento, impactou a moeda local.
Amanhã, com a agenda mais esvaziada de indicadores, o
investidor doméstico se volta à ata da reunião do Copom do Banco Central (BC)
da semana passada.
Para o economista da Guide Investimentos, Victor Beyruti,
há uma “certa” expectativa do mercado em relação ao documento, porém,
tende a vir “em linha” com o comunicado na semana passada quando
sinalizou que o ciclo de corte da Selic deverá continuar na próxima reunião do
Copom, em outubro. Na semana passada a taxa caiu de 6,0% para 5,5% ao ano, no
menor pico histórico.