Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Olívia Bulla
São Paulo – Embora tenha tentado reduzir perdas, o Ibovespa segue operando no campo negativo acompanhando os principais mercados acionários no exterior, que também recuam depois de dados mais fracos da Alemanha e da zona do euro.
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa
registrava queda de 0,39% aos 104.398,89 pontos. O volume financeiro do mercado
era de aproximadamente R$ 5,8 bilhões. No mercado futuro, o contrato de
Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava recuo de 0,17% aos
104.735 pontos.
“O exterior não está ajudando e o dia tende a ser
negativo, dados da Europa vieram bem negativos e estão subindo mais apenas as
ações de empresas ligadas a commodities e ao dólar, que está subindo”,
afirmou o analista da Necton Corretora, Gabriel Machado.
Entre os dados que vieram abaixo do previsto está o
índice dos gerentes de compras (PMI,na sigla em inglês) sobre a atividade
industrial da Alemanha, que caiu para 41,4 pontos em setembro, seu menor nível
em mais de dez anos, ante 43,5 pontos em agosto, o que faz as bolsas europeias
terem quedas mais fortes, enquanto índices norte-americanos têm leve baixa.
A questão da guerra comercial também segue no radar
depois que chineses voltaram mais cedo de visita que faziam à uma fazenda nos
Estados Unidos na semana passada. Os analistas da XP Investimentos ainda
destacam que o mercado pode ficar de olho no discurso de membros do Federal
Reserve (Fed, o banco central norte-americano) hoje.
Entre as ações, as maiores quedas são da CVC, que sente a
alta do dólar, da Hypera e da Localiza. Na contramão, as maiores altas são da
Marfrig, da Kroton e da Suzano. Os papéis da Petrobras também sobem em dia de
leve alta de preços do petróleo.
O dólar comercial sustenta alta frente ao real
acompanhando o cenário de cautela global com investidores à espera de novidades
a respeito da guerra comercial entre os Estados Unidos e China, além de
reagirem aos números mais fracos da economia na zona do euro, o que reforça o
temor de uma recessão global. Aqui, a atuação do Banco Central (BC) não conteve
o avanço da moeda.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava alta de
0,60%, sendo negociado a R$ 4,1780 para venda. No mercado futuro, o contrato da
moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de
0,66%, cotado a R$ 4,178.
“Há uma certa cautela. A falta de novidade em
relação a guerra comercial provoca essa parcimônia no mercado. Há muita
indefinição sobre o assunto, mesmo que na semana passada a situação tenha sido
um pouco mais atenuada”, comenta a economista da Capital Markets, Camila
Abdelmalack.
Investidores seguem cautelosos também atentos à economia
da Europa após dados de atividade industrial mais fracos. Mais cedo, o
presidente do Banco Central Europeu (BCE), Mario Draghi, declarou que, diante
dos dados recentes sem mostrar sinais de recuperação, a autoridade monetária vê
espaço para realizar novos cortes da taxa de juros.
No mercado doméstico, o Banco Central brasileiro realizou
uma operação de recompra de dólares, conhecida como leilão de linha, com a
oferta de US$ 1,8 bilhão. Apesar do valor total ser aceito, não foi o
suficiente para conter a alta da moeda. “O leilão de linha foi mais uma
rolagem dos contratos que vencem em outubro. O mercado segue pressionando o BC
esperando atuações mais pesadas”, diz a economista.
As taxas dos contratos futuros de juros (DIs) seguem com
leves oscilações, mas exibem um ligeiro viés positivo, principalmente nos
vértices mais longos, sob impacto da valorização do dólar para além de R$ 4,15.
Ainda assim, a movimentação da curva a termo é limitada pela expectativa pelos
eventos domésticos previstos para os próximos dias.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,105%,
repetindo o ajuste da última sexta-feira; o DI para janeiro de 2021 estava em
5,02%, de 4,97% ao final da semana passada, após ajuste; o DI para janeiro de
2023 projetava taxa de 6,13%, de 6,08%; e o DI para janeiro de 2025 tinha taxa
de 6,74%, de 6,70%, na mesma comparação.