Por Danielle Fonseca, Flavya Pereira e Eduardo Puccioni
São Paulo – Após abrir em leve alta, o Ibovespa anulou perdas e tem dificuldades de definir uma direção acompanhando as bolsas norte-americanas e influenciado pelas ações da Petrobras, que passaram a cair. Com a agenda fraca hoje, investidores aguardam novidades sobre as negociações comerciais entre China e Estados Unidos e observam falas de membros do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano).
Por volta das 13h30 (horário de Brasília), o Ibovespa
registrava alta de 0,38% aos 104.744,72 pontos. O volume financeiro do mercado
era de aproximadamente R$ 6,7 bilhões. No mercado futuro, o contrato de
Ibovespa com vencimento em outubro de 2019 apresentava avanço de 0,30% aos
105.075 pontos.
Segundo o presidente da DNAinvest, Alfredo Sequeira,
novamente o mercado deve acompanhar a guerra comercial. Depois de algumas
notícias desencontradas ontem, a presença das delegações comerciais dos países,
reunidas em Washington pela primeira vez em quase dois meses para preparar as
negociações previstas para o início de outubro, pode deixar os investidores
mais otimistas. Os Estados Unidos também isentaram mais de 400 produtos
importados da China.
No entanto, as bolsas norte-americanas operam apenas em
leve alta e o índice Nasdaq passou a cair. Há pouco, o presidente da unidade do
Fed de Boston, Eric Rosengren, ainda disse que economia dos Estados Unidos está
saudável e não exige cortes na taxa de juros.
Entre as ações, as Petrobras pesaram para o enfraquecimento
do Ibovespa, já que passaram a cair enquanto os preços do petróleo reduziram
alta. Investidores observam possíveis sanções dos Estados Unidos ao Irã, o que
pode influenciar o preço da commodity. Há pouco, o presidente norte-americano,
Donald Trump, disse que irá sancionar o Banco Nacional do Irã. Por outro lado,
os papéis da Vale e de bancos, como do Itaú Unibanco seguem em alta.
Entre as maiores quedas do Ibovespa estão as ações da
Eletrobras, que reflete a fala do presidente do Senado, Davi Alcolumbre
(DEM-AP), que disse ontem que a maioria dos senadores é contrária à autorização
do projeto de privatização da estatal.
Já as maiores altas são das ações de frigoríficos, como
JBS e da Marfrig, além da Qualicorp. “O setor todo de frigoríficos está
indo bem, há perspectiva de conquistem mais mercado”, disse Sequeira.
Recentemente, a demanda por proteínas pela China aumentou, depois que o rebanho
do país foi atingido pela gripe suína.
O dólar comercial passou a oscilar frente ao real,
próximo à estabilidade, em reação ao anúncio do Fed de que fará novas operações
de compromissadas para garantir liquidez no mercado. O alívio pontual generalizado
entre as moedas globais levou o dólar a renovar mínimas a R$ 4,1490 (-0,36%) no
mercado à vista.
Por volta das 13h30, o dólar comercial registrava ligeira
alta de 0,02%, sendo negociado a R$ 4,1650 para venda. No mercado futuro, o
contrato da moeda norte-americana com vencimento em outubro de 2019 apresentava
queda de 0,13%, cotado a R$ 4,165.
Segundo o Fed, as operações são feitas no
“overnight” diariamente até 10 de outubro com a oferta de pelo menos
US$ 75 bilhões. Outra operação será de 14 dias em 24, 26 e 27 de setembro e
promete colocar no mercado pelo menos de US$ 30 bilhões.
“Os riscos externos seguem, principalmente, em
relação a guerra comercial. Ao que tudo indica, essa notícia a respeito do Fed
melhorou um pouco o humor lá fora e respingou aqui, mas ainda oscila com esse
fôlego adicional”, comenta o analista da Guide Investimentos, Rafael
Passos.
Segundo o banco central norte-americano, as operações são
para garantir a oferta de liquidez no sistema financeiro dos Estados Unidos e
permite que as instituições financeiras possam vender títulos ao Fed em troca
de um empréstimo de curto prazo. “O volume pode ser menor do que o
demandado, a depender da quantidade total de propostas elegíveis enviadas. Os
títulos que podem ser usados como colateral incluem os do Tesouro, de agências,
e atrelados a hipotecas”, disse o Fed de Nova York no comunicado em que
divulgou o calendário das operações.
Depois de 10 de outubro, com o fim do calendário, a
instituição vai conduzir operações compromissadas “conforme o
necessário” para manter a taxa de juros dentro do limite especificado, que
hoje está na faixa entre 1,75% e 2,00% ao ano.
As taxas dos contratos futuros de Depósito
Interfinanceiro (DI) seguem mais uma sessão de queda ainda refletindo o corte
de 0,50 ponto percentual (pp) na Selic (taxa básica de juros), anunciada na
quarta-feira pelo Comitê de Política Monetária (Copom). A sinalização de mais
corte na taxa brasileira empolga o mercado para esse recuo nas taxas.
Às 13h30, o DI para janeiro de 2020 tinha taxa de 5,10%,
de 5,115% no ajuste de ontem; o DI para janeiro de 2021 estava em 4,97%, de
5,03%; o DI para janeiro de 2023 projetava taxa de 6,09%, de 6,19%; e o DI para
janeiro de 2025 tinha taxa de 6,72%, de 6,81%, na mesma comparação.