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BCE corta taxa de depósitos para -0,5% ao ano

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Por Cristiana Euclydes

São Paulo – O Banco Central Europeu (BCE) cortou a taxa de depósitos em 0,1 ponto percentual (pp), para -0,5% ao ano, uma mínima histórica e a primeira redução em três anos. Além disso, o banco lançou um novo programa de compra de ativos e reforçou suas orientações futuras, relacionando-as diretamente à meta de inflação.

As compras de ativos serão reiniciadas em um ritmo mensal de 20 bilhões de euros a partir de 1 de novembro. “O Conselho do BCE espera que funcionem pelo tempo necessário para reforçar o impacto acomodatício de suas taxas de política e terminem pouco antes de começar a aumentar as principais taxas de juros do BCE”.

O BCE repetiu que continuará reinvestindo o valor principal dos títulos sob o programa de compra de ativos que atingirem o vencimento por um extenso período de tempo após a primeira alta nos juros.

O BCE manteve a taxa básica de juros em zero a taxa da linha mantida com bancos comerciais para concessão de liquidez de curto prazo em 0,25% ao ano. O Conselho do BCE espera que as taxas “permaneçam nos níveis atuais ou abaixo até que veja as perspectivas de inflação convergindo de forma robusta para um nível suficientemente próximo, mas abaixo de 2%”.  

Além disso, “para apoiar a transmissão bancária da política monetária, será introduzido um sistema de duas camadas para a remuneração de reservas, no qual parte das reservas bancárias com excesso de liquidez estará isenta da taxa negativa de depósitos”.

Com relação à nova série de operações de refinanciamento do longo prazo (TLTROs, na sigla em inglês), segundo o BCE, as modalidades serão aletradas para apoiar as condições favoráveis de empréstimo, garantir a transmissão suave da política monetária e apoiar ainda mais a postura acomodatícia.

Assim, a taxa de juros de cada operação será a taxa básica, mas para os bancos que fizerem mais empréstimos, a taxa será menor, e pode ser tão baixa quanto a taxa de depósitos, hoje negativa, durante o período do empréstimo. O BCE também prorrogou o vencimento das operações de dois para três anos.    

RADAR DO DIA: Atenção às ações da Estácio, Oi e Banco do Brasil

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São Paulo – Os principais índices acionários do mundo operam em direções distintas nesta manhã, com investidores à espera do anúncio do Banco Central Europeu (BCE), que pode lançar um novo pacote de estímulos monetários.

Outro fator importante para o mercado foi o anúncio de Donald Trump, na noite de ontem, de adiar para 15 de outubro o aumento de tarifas sobre US$ 250 bilhões em produtos chineses, como um “gesto de boa vontade” por parte do governo americano.

Na política, chuvas e trovoadas apesar do sol. Ontem o presidente Jair Bolsonaro demitiu o diretor da Receita Federal, Marcos Cintra. De acordo com a postagem de Bolsonaro, a demissão ocorreu por discordância na criação de uma nova CPMF.

Mas o desgaste entre o presidente e Cintra é antigo. No início do mandato o economista já havia falado que a criação da CPMF atingiria até o dízimo das igrejas evangélicas, tema sensível aos interesses do presidente. Fora isso, Bolsonaro já havia reclamado publicamente das investigações da Receita contra alguns de seus aliados e parentes.

A revista Epoca apontou que 17 parentes de Ana Cristina Valle, segunda mulher de Bolsonaro, foram empregados em gabinetes parlamentares de Jair, Flávio e Carlos. Descoberta a rede de nepotismo, o Ministério Público agora se concentra em descobrir se havia esquema de rachadinha de salário e se houve contratos fantasmas.

EMPRESAS

O Senado aprovou ontem a Lei que altera o regime de concessões de telecomunicações, mudando de concessão para autorização, o que vai facilitar os investimentos de empresas na expansão da banda larga.

Diferente do contrato de concessão, que exige licitação e não pode ser rompido unilateralmente, a autorização dispensa a concorrência pública, mas pode ser revogada a qualquer tempo pelo poder público. O projeto pode ser favorável para a Oi, que se encontra em processo de recuperação judicial, e poderá negociar mais facilmente seus ativos e contratos de prestação de serviços.

O Banco do Brasil vai pagar juros sobre o capital próprio (JCP), no valor de R$ 0,23295577479 por ação, referente ao terceiro trimestre de 2019.

A Câmara Superior de Recursos Fiscais do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais (CARF) proferiu decisão desfavorável à B3, atendendo ao recurso apresentado pela Procuradoria Geral da Fazenda Nacional, referente a incorporação de ações da Bovespa em maio de 2008.

A Estácio Participações (YDUQS) anunciou a compra da totalidade das cotas da Sociedade de Ensino Superior Toledo (UniToledo) por R$ 102 milhões.

Setor de serviços sobe 0,8% em julho e tem melhor resultado do ano

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Por Flávya Pereira

São Paulo – A receita real de serviços, que se refere à evolução do volume da atividade no setor em termos reais, descontada a inflação (deflacionado), subiu 0,8% em julho em relação ao mês anterior, eliminando, assim, a perda registrada entre maio e junho (-0,7%). É o melhor resultado desde dezembro do ano passado.

Em relação a julho de 2018, o volume de serviços avançou 1,8%, segundo dados divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Ainda assim, o setor de serviços acumula alta de 0,8% nos sete primeiros meses deste ano, enquanto nos últimos 12 meses, a alta acumulada é de 0,9%, até julho, ainda sem mostrar uma trajetória clara de recuperação.

Em base mensal, o resultado positivo foi registrado em três das cinco atividades pesquisadas com destaque para o segmento de serviços de informação e comunicação, que subiu 1,8%, ante forte queda de 2,2% em junho ante maio. Os demais avanços vieram dos setores de outros serviços (+4,6%) e de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (+0,7%).

Apesar do resultado positivo no mês, o indicador está 1,2% abaixo do resultado observado em dezembro de 2018. O gerente da pesquisa, Rodrigo Lobo, avalia que a queda em relação ao período pode ser explicada pelo setor de transportes, que está 2,8% menor que no fim do ano passado.

“O transporte de carga, em especial o terrestre, tem uma grande aderência ao setor industrial. Esse resultado é influenciado pela magnitude da queda [da indústria], além do peso do setor de transportes, que representa 31,25% nos serviços”, comenta.

Já na comparação anual, quatro das cinco atividades pesquisadas cresceram, com destaque para atividades, serviços de informação e comunicação (3,8%), enquanto os demais avanços vieram de outros serviços (10,2%), de serviços prestados às famílias (2,6%) e de serviços profissionais, administrativos e complementares (0,9%).

Na outra ponta ficou o ramo de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (-1,5%). O IBGE destacou que julho deste ano teve um dia útil a mais do que julho de 2018, o que acabou levando à efetivação de um maior número de contratos de prestação de serviços.

EUA adiam alta de tarifas à China previsto para outubro

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Por Cristiana Euclydes

São Paulo – O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, adiou em duas semanas, para o dia 15 de outubro, a alta planejada de 25% para 30% na alíquota das tarifas aplicadas a US$ 250 bilhões em produtos importados da China.

“A pedido do vice-primeiro-ministro da China, Liu He, e devido ao fato de a República Popular da China celebrar seu 70 aniversário em 1 de outubro, concordamos, como um gesto de boa vontade, mover a alta das tarifas a US$ 250 bilhões (de 25% a 30%), de 1 a 15 de outubro”, disse Trump, no Twitter.

As delegações comerciais dos dois países vão se reunir no início de outubro, em Washington, para retornar as negociações e tentar chegar a um acordo para encerrara a disputa sobre comércio.

Trump havia anunciado a alta na alíquota das taxas a US$ 250 bilhões de bens chineses no dia 23 de agosto, após a China anunciar que adotaria taxas de entre 5% e de 10% sobre US$ 75 bilhões em produtos importados dos Estados Unidos em duas parte, uma a partir de 1 de setembro e outra em 15 de outubro.

A medida da China veio em retaliação à decisão de Trump de colocar em vigor, no dia 1 de setembro, taxas de 10% a cerca de US$ 300 bilhões em produtos chineses. Trump aumentou a alíquota da taxa para 15% e a aplicou a US$ 112 bilhões em itens chineses. Outros US$ 188 bilhões em bens serão taxados em 15 de dezembro.

Ontem, a China divulgou duas listas com 16 produtos dos Estados Unidos que ficarão isentos de tarifas de 17 de setembro deste ano a 16 de setembro de 2020, e disse que as empresas poderão solicitar reembolso para parte dos bens já tarifados.

Inflação anual da Alemanha desacelera em agosto a 1,4%

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Por Cristiana Euclydes

São Paulo – O índice de preços ao consumidor da Alemanha subiu 1,4% em agosto na comparação com o mesmo mês do ano anterior, após apresentar alta de 1,7% em julho, de acordo com dados revisados divulgados pelo Escritório Federal de Estatísticas (Destatis).

Na comparação entre agosto e julho, o índice caiu 0,2%. Na leitura preliminar, o índice apresentou números idênticos.

Os preços de energia (que incluem eletricidade e combustíveis) subiram 0,6% em agosto em base anual (sem revisão), após a alta de 2,4% em julho. Os preços de alimentos subiram 2,7% (revisão de +0,6 ponto percentual), depois de avançarem 2,1% no mês anterior.

Os preços dos bens subiram 1,3% em agosto (sem revisão), em base anual, após a alta de 1,8% em julho. Enquanto isso, os preços dos serviços subiram 1,6% (sem revisão), depois de avançarem 1,5% no mês anterior.

O índice de preços ao consumidor harmonizado (HICP, na sigla em inglês), calculado em padrões internacionais da União Europeia (UE) para efeito de comparação com os índices de outros países do bloco, subiu 1,0% em agosto na comparação anual e teve queda de 0,1% em relação ao mês anterior. A leitura preliminar mostrou números idênticos.

Senado aprova mudanças na Lei das Telecomunicações

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Por Agência Senado

Brasília – O Plenário do Senado aprovou ontem o projeto de lei que altera o regime de concessão de telecomunicações. O PLC 79/2016 permite a migração das atuais concessões para o regime de autorização, em troca de investimentos das empresas na expansão da banda larga. O projeto vai à sanção presidencial.

O projeto foi aprovado ontem pela manhã na Comissão de Ciência, Tecnologia, Inovação, Comunicação e Informática (CCT) e chegou ao Plenário com urgência. Sua aprovação foi fruto de um acordo firmado depois que o líder do governo, Fernando Bezerra Coelho (MDB-PE), antecipou a elaboração de políticas públicas para orientar a aplicação dos recursos com prioridade nas regiões Norte e Nordeste.

Diferente do contrato de concessão, que exige licitação e não pode ser rompido unilateralmente, a autorização dispensa a concorrência pública, mas pode ser revogada a qualquer tempo pelo poder público. Com o novo texto, as empresas concessionárias poderão solicitar à Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) a mudança de regime. Os prazos remanescentes para uso das faixas do espectro de radiofrequências ficam mantidos.

De acordo com o projeto aprovado, todos os contratos de concessão entre a Anatel a as empresas de telecomunicações deverão fixar a possibilidade da adaptação para autorização. O valor econômico associado a essa adaptação deverá ser revertido em compromissos de investimento para a implantação de infraestrutura de alta capacidade de transmissão de dados, a partir de diretrizes estipuladas pelo Poder Executivo.

Os compromissos de investimento deverão priorizar a cobertura de áreas sem competição adequada e a redução das desigualdades regionais. Eles integrarão os termos de autorização celebrados com as concessionárias que optarem por mudar de regime, e vão incorporar a oferta de tecnologias inclusivas para portadores de deficiência tanto no acesso às redes quanto nos planos de consumo.

O projeto foi aprovado em 2016 pela antigaComissão Especial do Desenvolvimento Nacional (CEDN), então responsável pela chamada “Agenda Brasil”,e não precisaria ir a Plenário, mas o então presidente do Senado, Eunício Oliveira (CE), preferiu despachá-lo em seguida para a CCT.

O senador Otto Alencar (PSD-BA), que presidiu aquela comissão, disse que o despacho para a CCT atrasou o andamento da nova lei. Ele defendeu a aprovação nesta quarta-feira para que ela não corra o risco de ficar defasada, e mencionou uma auditoria do Tribunal de Contas da União (TCU) que, no seu entender, assegura que o texto é responsável com o patrimônio público.

Já o senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP) chamou o projeto de “temerário”. Ele criticou a rejeição, no relatório de Daniella Ribeiro, de todas as emendas apresentadas, e afirmou que o Senado estaria cometendo um “crime de lesa-pátria” ao aprovar a mudança de regime para as teles. Ele e o senador Fabiano Contarato (Rede-ES) terminaram por se abster na votação.

A senadora Eliziane Gama (Cidadania-MA) também apontou restrições. Ela disse que os senadores não têm uma medida cara dos impactos regulatório e financeiro da nova lei. Para ela, o texto deveria ter passado por mais comissões e o Senado deveria ter discutido o plano de aplicação dos investimentos antes de decidir sobre o projeto de lei.

A votação que aprovou o PLC 79/2016 foi conduzida pelo presidente da CCT, senador Vanderlan Cardoso (PP-GO), por cortesia de Davi Alcolumbre. Vanderlan cumprimentou a relatora pela disposição de atender a todos os senadores nos sete meses em que ficou responsável pelo projeto. Vanderlan também defendeu a aprovação pela necessidade de atualização tecnológica e afirmou que o Senado precisa oferecer uma pauta positiva para o país.

BENS REVERSÍVEIS

O texto define o escopo de bens reversíveis como aqueles ativos essenciais e efetivamente empregados na prestação do serviço concedido. Também estabelece que o valor de bens reversíveis utilizados para a prestação de outros serviços de telecomunicações, explorados em regime privado, será calculado na proporção de seu uso para o serviço prestado em regime público.

O projeto possibilita ainda que os serviços de interesse coletivo considerados essenciais sejam explorados exclusivamente em regime privado, desde que não estejam sujeitos a deveres de universalização.

Também permite que o prazo da concessão seja prorrogado por períodos de até 20 anos, em vez de uma única prorrogação pelo mesmo período.

O texto ainda torna mais simples e célere o processo de outorga das autorizações dos serviços de telecomunicações, deixando de exigir a apresentação de projeto tecnicamente viável e compatível com as normas aplicáveis.

Ainda, no que se refere à adaptação das concessões em autorizações, revoga exigência legal de o serviço de telefonia fixa ser prestado em regime público, o que viabilizaria a migração de todas as concessionárias para o regime privado.

RADIOFREQUÊNCIAS

O segundo conjunto de alterações promovido pelo projeto dispõe sobre a gestão e a outorga do direito de uso de radiofrequências, ao prever a transferência da autorização de uso de radiofrequências entre prestadores de serviços de telecomunicações.

Essa transferência dependerá de anuência da Anatel, que poderá estabelecer condicionamentos de caráter concorrencial como limitações à quantidade de espectro que poderia ser transferida. Assim, uma empresa que adquiriu, numa licitação, o direito de uso de determinada faixa de frequência, poderá transferi-la, com a aprovação da agência, diretamente a outra operadora interessada.

Essa mudança leva à criação de um mercado privado de revenda dessas autorizações, o chamado mercado secundário de espectro. O projeto permite que o direito de uso de radiofrequência vinculado às autorizações de serviços de telecomunicações seja prorrogado, sucessivas vezes, por períodos de até 20 anos. Prevê ainda que, nas prorrogações das autorizações de uso do espectro, deverão ser estabelecidos compromissos de investimento, a serem definidos de acordo com diretrizes do Poder Executivo, alternativamente ao pagamento de todo ou de parte do valor do preço público devido por essas renovações.

O projeto também flexibiliza a gestão do espectro, possibilitando a transferência da autorização do direito de uso da faixa sem a correspondente transferência da concessão, permissão ou autorização de prestação do serviço a ela vinculadas.

SATÉLITES

O terceiro bloco de mudanças previsto pelo projeto busca alterar a atual disciplina de outorga do direito de exploração de satélite brasileiro. O projeto permite que o atual prazo de exploração, de 15 anos, seja renovado por vezes sucessivas. O dispositivo elimina ainda a necessidade de licitação para a obtenção o direito de exploração de satélite, que passará a ser conferido mediante processo administrativo organizado pela Anatel, e estabelece que o pagamento por esse direito de exploração poderá ser convertido em compromissos de investimento, de acordo com diretrizes impostas pelo Poder Executivo.

FUST

O projeto também exclui da contribuição do Fundo de Universalização dos Serviços de Telecomunicações (Fust), de forma expressa, as emissoras que executam os serviços de radiodifusão sonora (rádio) e de sons e imagens (televisão).

Também atribui à Anatel a obrigação de reavaliar periodicamente a regulamentação com vistas à promoção da competição e à adequação em face da evolução tecnológica e de mercado.

Por fim, obriga a verificação, pela agência, da situação de regularidade fiscal das empresas relativas a entidades da administração pública federal, facultando a requisição de comprovação de regularidade fiscal perante as esferas municipal e estadual do poder público.

Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)

Mourão prevê desbloqueio de R$ 20 bi do orçamento

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Por Gustavo Nicoletta

São Paulo – O bloqueio do orçamento federal, que até o momento está em R$ 31,2 bilhões, deve diminuir em aproximadamente R$ 20 bilhões até o final deste ano, afirmou o vice-presidente Hamilton Mourão, segundo informações da Radioagência Nacional. “O ministério da Economia é o dono do dinheiro. Acredito que até o fim do ano uns R$ 20 bilhões devem ser liberados”, disse ele.

Bolsa sobe e dólar cai na espera por corte de juros pelo BCE e incentivos econômicos da China

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Por Danielle Fonseca e Flavya Pereira

São Paulo – O Ibovespa fechou em alta de 0,40%, aos 103.445,60 pontos, refletindo a alta dos principais mercados acionários no exterior, que subiram à espera de cortes de juros na reunião do Banco Central Europeu (BCE) amanhã, e a valorização de ações de varejistas, após dados mais fortes de vendas no varejo. Porém, alguns papéis de peso para o índice impediram que ele acelerasse ganhos, como os da Petrobras, de bancos e de siderúrgicas. O volume total negociado foi de R$ 17,6 bilhões.

Segundo o analista da Terra Investimentos, Régis Chinchila, a reunião do BCE amanhã, com expectativa de que possam ser anunciados pacotes de compras de ativos ou cortes de juros, além de possíveis novos estímulos econômicos na China, seguiram no radar de investidores, já que podem ajudar a afastar temores de uma desaceleração.

No entanto, o analista de investimentos do banco Daycoval, Enrico Cozzolino, acredita que algumas ações, como as de bancos e da Petrobras, “seguraram o viés de bom humor do Ibovespa hoje”. Para ele, o patamar dos 103 mil pontos também uma “resistência de curto prazo” importante, que tem se mostrado difícil de ser rompida por enquanto.

As ações da Petrobras (PETR3 -1,76%; PETR4 -0,44%), que subiam mais cedo, fecharam em queda com um aprofundamento das perdas dos preços do petróleo, que refletiram a notícia de que o Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, discutiu amenizar as sanções sobre o Irã, além de dados que mostram perspectivas de baixa demanda.

Já as ações de bancos operaram sem uma tendência definida hoje, mas mostrando maior fraqueza. As maiores quedas do setor foram dos papéis do Banco do Brasil (BBAS3 -2,37%), que também ficou entre as maiores baixas do Ibovespa, e do Santander (SANB11 -1,44%). Investidores também observam a demissão do secretário especial da Receita Federal, Marcos Cintra, depois de apresentação da proposta da nova CPMF ontem, o que foi mal recebido pelo Congresso e poderia trazer algum impacto para o setor financeiro.

Os papéis da Vale (VALE3 -0,60%) foram outros que mostraram pouca força e fecharam em baixa, assim como as siderúrgicas, com CSN (CSNA3 -3,08%) e Gerdau (GGBR4 -2,14%) entre as maiores perdas do índice, refletindo relatório do Bradesco BBI, que cortou preços-alvo de ações do setor. Ainda entre as maiores baixas ficou a Ultrapar (UGPA3 -2,61%).

Já as maiores altas do Ibovespa foram da MRV (MRVE3 9,02%), que refletiu mudanças no programa Minha Casa, Minha Vida, e de varejistas como Pão de Açúcar (PCAR4 6,06%) e Magazine Luiza (MGLU3 6,06%), que se recuperaram depois de fortes perdas ontem diante de vendas do varejo mais fortes que o esperado pelo mercado.

Amanhã, a decisão do BCE e depois a última coletiva do presidente da autoridade monetária, Mario Draghi, devem dar o tom dos mercados no curto prazo, que depois deverá aguardar a reunião do Federal Reserve (Fed, o banco central norte-americano) na semana que vem. “O cenário base é de redução de juros, não devemos ter novidades”, acredita o analista do Daycoval.

O dólar comercial fechou em queda de 0,78% no mercado à vista, cotado a R 4,0650 para venda – no menor valor em quatro semanas – influenciado pelo mercado doméstico em meio números mais positivos da economia local e fluxo. Enquanto no exterior, investidores seguiram à espera da decisão do Banco Central Europeu (BCE) amanhã.

“O movimento foi uma resposta ao otimismo dos investidores frente a bons sinais sobre a economia brasileira, principalmente, pelo resultado positivo das vendas no varejo nacional. Além disso, no exterior, potenciais concessões da China na guerra comercial com os Estados Unidos ajudaram a manter esse bom humor por aqui local”, comenta o analista de câmbio da Correparti, Ricardo Gomes Filho.

Para o analista da Quantitas, Matheus Gallina, os números do varejo nacional, “bem” acima do esperado, com alta de 1,00% em julho ante projeção de -0,30%, dão um “novo gás” para uma releitura da economia local. “Mostra um pouco mais de confiança. E os dados de atividade começam a traz uma nova dinâmica para o mercado”, diz.

Amanhã, as atenções se voltam ao BCE que divulgará a decisão de política monetária na zona do euro. “O mercado está monitorando os bancos centrais globais para avaliar as conduções de política monetárias e os reflexos nas economias”, comenta Gallina. A expectativa do mercado é de que seja anunciado um pacote de estímulos para a economia na Europa.

Perdas a credores da Argentina são questão de tempo

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Por Julio Viana

São Paulo – A reestruturação da dívida da Argentina – que por enquanto é parcial e baseada no adiamento de pagamentos tem grandes chances de evoluir nos próximos meses para algo semelhante ao calote anterior do país, quando o governo decidiu pagar apenas parte do que devia na forma de novos títulos de dívida.

“O crescimento baixo deixará a consolidação fiscal mais desafiadora, aumentando as chances de um desconto substancial na dívida do setor público”, disse o Itaú BBA em um relatório publicado ontem. “Além disso, o nível baixo de reservas estreita a janela para um acordo com credores antes do descumprimento do serviço da dívida”, acrescentou.

A situação da Argentina, que já vinha enfrentando dificuldades para recuperar o crescimento econômico e controlar a inflação, piorou em 11 de agosto, quando ocorreram as eleições primárias no país, conhecidas como Primárias Abertas, Simultâneas e Obrigatórias (Paso).

O resultado mostrou que a chapa da oposição, formada por Alberto Fernández e a ex-presidente Cristina Kirchner, derrotou a do atual presidente, Mauricio Macri, por 15 pontos percentuais de diferença. Embora o resultado da Paso sirva apenas para afunilar os candidatos que concorrerão de fato na eleição de outubro, analistas apontaram que seria muito difícil para Macri reduzir esta diferença nas urnas.

O resultado foi que, no dia seguinte à eleição, uma segunda-feira, o mercado entrou em pânico, com a bolsa caindo cerca de 30% e o dólar disparando, atingindo 61 pesos argentinos em dados momentos. Os investidores temiam as potenciais consequências econômicas de um governo bem menos liberal que o de Macri, assim como o efeito disso sobre a capacidade da Argentina para pagar as próprias dívidas.

A piora das condições financeiras da Argentina deixou a situação com ares de profecia autorrealizável. Dias depois do resultado das Paso, o governo argentino anunciou que adiaria o pagamento de 85% das dívidas públicas de curto prazo com investidores institucionais.

No total, essa dívida é de US$ 15 bilhões – uma fração dos mais de US$ 101 bilhões que o país está devendo, sendo parte disso referente ao programa de empréstimos de US$ 56 bilhões que o país possui com o Fundo Monetário Internacional (FMI). Para os analistas, a mudança na data de pagamento aos credores institucionais apenas adia a tomada de uma decisão mais drástica.

“O default na Argentina irá seguir dois caminhos: ou o da reestruturação da dívida por completo com apoio do FMI ou um default completamente caótico sem o apoio do FMI”, disse Edward Glossop, economista da Capital Economics para mercados emergentes e especializado na Argentina.

Para ele, é provável que tanto Macri quanto Fernández aceitem quaisquer condições que o Fundo Monetário Internacional (FMI) propuser para a reestruturação da dívida – e o histórico do órgão é exigir que os detentores de dívida aceitem reduções no valor nominal dos títulos – os chamados “haircuts”.

“Fernández é mais moderado que [Cristina] Kirchner, embora ela já tenha criticado o órgão algumas vezes”, afirma ele. “Além disso, caso Fernández ganhe e realize a reestruturação, por mais difícil que ela seja, ele sempre poderá culpar Macri pela complicada situação herdada por ele”.

Caso o apoio do FMi seja descartado, quem quer que seja o presidente da Argentina precisará “queimar toda reserva de câmbio não só para conter a desvalorização do peso como também para pagar os investidores estrangeiros”, afirma Glossop. Isso arruinaria em pouco tempo a economia do país, tornando a situação “uma moratória instável”.

As agências de classificação de risco também consideram que há risco crescente de perdas aos credores. A Moody’s, por exemplo, considera que as perdas devem chegar a 20%, levando em consideração a atual nota de crédito do país (Caa2). Um prejuízo maior do que esse com a renegociação das dívidas levaria a um novo rebaixamento da Argentina.

“É provável que as negociações [sobre a dívida] se estendam para o próximo governo, cujos objetivos ainda não estão claros, disse a Moody’s no final de agosto. “Há um forte viés de perdas esperadas nas negociações futuras e elas dificilmente serão menores do que os níveis consistentes com o rating ‘Caa2’, e podem ser maiores”, afirmou.

RESTRIÇÕES

Além das últimas decisões feitas por Macri de leiloar reservas para conter a desvalorização do peso, o presidente também adotou o controle de câmbio no país. Dentro da medida, pessoas físicas podem comprar até US$ 10 mil por mês e empresas precisam pedir permissão ao Banco Central para vender pesos, adquirir moeda estrangeira e fazer transações.

A medida foi criticada pela população e pelo mercado, pois a prática era comum durante o governo de Cristina Kirchner e representa uma das maiores medidas intervencionistas feitas no país. “Ele precisou fazer isso para conter o máximo possível da moeda dentro da Argentina, impedir que ela escape”, afirmaram os analistas da consultoria Synopsis.

“O controle de capital pode prejudicar fortemente a economia argentina em longo prazo”, afirma Glossop. “Embora ele contenha de alguma forma o dólar até as eleições de outubro, ele afasta os investidores estrangeiros e abre portas para a prática caso o governo de Fernández tenha interesse em aplicá-la”, afirmou ele. Fernández vem de uma ala da política favorável ao uso desse tipo de intervenção, por isso a probabilidade de que a prática continue é alta.

“Empresas teriam dificuldade de arrecadar investimentos e o mercado paralelo de dólares surgiria, o que acabaria com as chances do governo de instituir uma política monetária estável dentro do país”, conclui Glossop.

Edição: Gustavo Nicoletta (g.nicoletta@cma.com.br)

Marcos Cintra é exonerado do cargo de secretário da Receita

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Por Priscilla Oliveira

Brasília – O ministro Paulo Guedes exonerou o secretário especial da Receita Federal Marcos Cintra. A demissão ocorreu após o secretário adjunto da Receita Federal, Marcelo de Sousa Silva, divulgar dados de um estudo que está sendo feito pelo ministério da Economia de um possível projeto de recriação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF). José de Assis Ferraz Neto assume o cargo interinamente.

Segundo nota do ministério, “ainda não há um projeto de reforma tributária finalizado. A equipe econômica trabalha na formulação de um novo regime tributário para corrigir distorções, simplificar normas, reduzir custos, aliviar a carga tributária sobre as famílias e desonerar a folha de pagamento”.

Na proposta divulgada ontem pelo secretário adjunto, a Receita Federal prevê que a Contribuição sobre Pagamentos (CP) terá alíquota mínima de 0,2% sobre os pagamentos feitos por meio de débito e crédito e de 0,4% sobre os saques e depósitos em dinheiro.

O novo imposto substituiria a contribuição patronal sobre a folha de pagamentos e seria compensado pela extinção da Contribuição Social sobre o Lucro Líquido (CSLL), pago pelas empresas, e da parcela arrecadatória do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) – ou seja, ainda haveria este imposto, mas em menor proporção, para fins regulatórios.

Durante a apresentação da proposta em um evento do Sindicato Nacional dos Auditores Fiscais da Receita Federal (Sindifisco), o secretário adjunto, argumentou que a mudança é necessária para aumentar a competitividade das empresas brasileiras. Ele afirmou que o Brasil é um dos países onde mais se tributa a folha de salários no mundo, e que isto tem efeito sobre toda a cadeia de produção.

NOVA CPMF

Desde o início deste ano o secretário da Receita Federal, Marcos Cintra, vinha defendendo a adoção de um “imposto sobre pagamentos”, que seria mais amplo do que a antiga Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF) porque não ficaria restrito às movimentações bancárias. Se adotasse este imposto, segundo Cintra, o governo teria espaço para desonerar a folha salarial.

O presidente Jair Bolsonaro se posicionou contra a reintrodução deste tipo, de cobrança. “Queremos simplificar os tributos federais e não criando nenhum novo imposto. Você pode fundir vários impostos e eu acho que é isso que vai acontecer. CPMF de volta, não”, disse ele em julho.

Outros integrantes do governo, porém, passaram a demonstrar apoio à reinstituição do imposto, inclusive o ministro da Economia, Paulo Guedes, que no final de agosto falou a favor da medida publicamente pela primeira vez. “Desde que a alíquota seja baixa, se for pequenininho, não machuca”, afirmou o ministro.

O Congresso, porém, ainda demonstra indisposição em discutir a proposta. Tanto o presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), quanto o do Senado, Davi Alcolumbre (DEM-AP), já se manifestaram contrariamente à nova cobrança.

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